ARLA/CLUSTER: Falha do Galileo revela labirinto burocrático de problemas, um cenário de terror, dominado pela burocracia e falta de comunicação.

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 12 de Novembro de 2019 - 13:02:08 WET


Falha do Galileo revela labirinto burocrático de problemas
<https://abertoatedemadrugada.com/2019/11/falha-do-galileo-revela-labirinto.html>

<https://abertoatedemadrugada.com/2019/11/falha-do-galileo-revela-labirinto.html>

A falha do sistema Europeu de localização por satélites Galileo em Julho
<https://abertoatedemadrugada.com/2019/07/servico-de-gps-europeu-galileo-sem.html>
ainda
está por explicar devidamente, mas as coisas que se vão descobrindo revelam
um cenário de terror, dominado pela burocracia e falta de comunicação.

Contrariando a esperada política de transparência Europeia, os resultados
do inquérito feito à falha do sistema Galileo durante vários dias em Julho,
permanecem classificados como segredo. No entanto, através da monitorização
externa feita por pessoas interessadas
<https://berthub.eu/articles/posts/state-of-galileo-and-accident/>,
conversas não oficiais, e um "desabafo" de um dos responsáveis máximos do
projecto, vai-se ficando com uma boa ideia (ou má, dependendo da
perspectiva) daquilo que se passa com o Galileo.

Os responsáveis têm simplificado a explicação, sempre sem entrar em
detalhes, dizendo que a culpa foi de uma única pessoa
<https://www.theregister.co.uk/2019/11/08/galileo_satellites_outage/>, que
"fez um erro e não o conseguiu corrigiu".  Uma explicação que, desde logo
seria estranha, pois não tem qualquer cabimento que numa infraestrutura
desta magnitude e importância, se pudesse dar a uma única pessoa, em
qualquer tarefa que fosse, tal poder.

Só que o problema é bem mais abrangente, e consiste numa série de erros e
falhas, que culminaram no tal falhanço por vários dias. Aparentemente, a
falha terá sido causada durante um processo de actualização (as famigeradas
actualizações não apoquentam apenas o Windows, Android e iOS), sendo que o
sistema que deveria funcionar como backup não estava funcional. As
tentativas de recuperar o sistema acabaram por se revelar de tal forma
complexas, que a opção final por literalmente o velho "desligar e voltar a
ligar", com um reboot completo do sistema, que devido à sua complexidade,
demorou mais alguns dias.

Mas, se por agora os resultados do inquérito permanecem secretos, há factos
que são indisputáveis e que não têm desculpa: dos 26 satélites Galileo em
órbita apenas 21 estão funcionais. Isso faz desde logo com que o prometido
serviço de alta-qualidade com precisão superior ao GPS seja impossível,
pois seria necessário um mínimo de 24 satélites para o garantir. Com 21
satélites, haverá zonas que ficarão sem cobertura ou com precisão reduzida.

<https://1.bp.blogspot.com/-sfdnsIJLCiE/XcmPb68_XfI/AAAAAAAFnoA/qYMJSDeIsBMZT2kM9fdYAdQ95dpqApapACLcBGAsYHQ/s1600/organigram.png>

Mas, como se as complexidades técnicas de manter um sistema como o Galileo
a funcionar não fossem suficientes, temos ainda que lidar com uma teia
burocrática com diferentes entidades, departamentos, empresas e países, que
nesta fase parece promover a atitude de "atirar as culpas" de um lado para
o outro. Uma teia burocrática que tem ficado cada vez mais complicada
graças ao Brexit, havendo a possibilidade da ESA dar lugar a uma nova
entidade, a EUSA, com um grande reboliço e potencial "dança de cadeiras"
que estará a preocupar muitas pessoas nos postos mais elevados.

... E com tudo isto, e pelo menos durante mais um ano (ou mais!), o sistema
Galileo arrisca a tornar-se numa mera ilusão daquilo que poderia / deveria
ter sido. Os próximos dois satélites Galileo poderão ser lançados apenas
2021, e mesmo assim seriam insuficientes para atingir os 24 necessários - e
isto sem considerar a forte possibilidade de, até lá, mais algum satélite
poder ficar inoperacional.

Fonte: Aberto Até de Madrugada
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