ARLA/CLUSTER: O experimento mental do adolescente Einstein que o levou à Teoria da Relatividade Especial

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Sexta-Feira, 15 de Março de 2019 - 13:55:34 WET


Por Alexandre Versignassi

Raios de luz são perseguidores. Fique parado e os raios passam por
você a 300 mil quilómetros por segundo, a maior velocidade possível no
Universo. Fuja desses raios a 1 bilhão de km/h, e eles continuarão
zunindo ao redor da sua cabeça – a 300 mil km/s, ou 1,079 bilhão de
km/h.

Não faz sentido. Mas isso tem um motivo: quanto mais rápido você se
move, mais devagar o tempo passa dentro do seu corpo – e mais rápido
fora dele. Tudo o que está do lado de fora do seu corpo passa em fast
forward. Esse efeito é imperceptível a velocidades quotidianas. Mas,
quando você acelera a mais de 99% da velocidade da luz, é justamente o
que acontece.

Se você estiver fugindo de um raio nesse pique, a 1 bilhão de km/h,
vai vê-lo entrar em fast forward também. Então verá o raio passar por
você a 300 mil km/s, como se você estivesse parado. Quem estiver do
lado de fora vai ver o raio passando a 300 mil km/s, como sempre.

Mais, do ponto de vista do raio de luz, que se move à maior velocidade
possível no Universo, o tempo não existe. Se para você o tempo não
pára, para um fóton o tempo não passa. Quanto mais rápido algo se move
pelo espaço, afinal, menos tempo sobra pra ele. Se essa rapidez for a
máxima possível, o tempo deixa de existir.

Se fótons tivessem consciência, então, eles achariam que nasceram e
morreram no mesmo instante, mesmo que tenham vivido bilhões de anos
entre o instante de sua emissão e o de sua absorção. Para o fóton, a
velocidade com que você corre não importa. Ele não “sabe” o que é
velocidade, já que não experimenta a passagem de tempo. E sem uma
métrica de tempo, o conceito de velocidade nem existe.

Quem descobriu tudo isso foi, claro, Albert Einstein, que fez
aniversário ontem. O alemão nasceu num dia 14 de março, em 1879. Aos
16 anos, ele fez um “experimento mental”. Enquanto andava de
bicicleta, imaginou como seria fugir de um raio de luz. O fato de os
raios “perseguirem” qualquer coisa que fuja deles já era conhecido
desde meados do século 19 – cortesia dos experimentos de James Clerk
Maxwell, um génio que morreu no ano em que Einstein nasceu.

Esse experimento mental adolescente foi o estopim para a Teoria da
Relatividade Especial, que Einstein publicaria apenas 10 anos depois,
quando ainda tinha 26 anos – pouco mais que o Justin Bieber.

O triste é ver que a essa altura, 140 anos depois depois do nascimento
do maior físico da história, sua teoria ainda seja tão pouco
conhecida. E pior: refutada por analfabetos funcionais que, justamente
pela ignorância que exalam, atraem enxames de seguidores. Professor
Albert, esperamos que em algum próximo aniversário do sr. estejamos um
pouco mais longe das trevas.

Fonte: Revista Superinteressante



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