ARLA/CLUSTER: Uma réplica do Sismo de 1755 atingindo a Área Metropolitana de Lisboa na atualidade...

João Paulo Saraiva A.E. CT1EBZ joaosaraiva112 gmail.com
Domingo, 24 de Fevereiro de 2019 - 01:15:25 WET


São 09.40 horas de uma bela manhã de 1 de novembro, talvez demasiado quente
para a época. Os termómetros marcam 14°graus e a terra começa a tremer, sob
um impulso vertical que vem do interior para o exterior e a faz balançar do
Norte para o Sul; os edifícios oscilam e desmoronam-se ao segundo momento
de duração. O abalo prolonga-se por sete minutos, tendo dois pequenos
intervalos de remissão.
Nas ruas o asfalto parte-se, abrem-se fendas por onde se libertam gases
sulfúricos, rebentam condutas de água, os esgotos brotam para o exterior os
seus conteúdos, enquanto noutros locais abrem-se enormes crateras por
afundamento das abóbadas do Metropolitano que engolem transeuntes e
veículos.
Alguns viadutos colapsam, esmagando algumas viaturas, composições
ferroviárias e os seus ocupantes, que sob eles passavam e interrompendo,
nesses e noutros locais, a circulação ferroviária, por descarrilamento das
composições. O sol tolda-se com as nuvens de poeira provenientes das ruínas
fumegantes que parecem sufocar todos os sobreviventes.
Nas praias e zonas ribeirinhas, o mar recolhe, deixando o fundo a
descoberto numa enorme extensão, mas logo a seguir encapela-se em ondas
alterosas de mais de vinte metros de altura, que avançam com fúria sobre as
povoações costeiras e entrando pelo estuário do Tejo, inundam violentamente
a zona ribeirinha de Lisboa, Cacilhas, Oeiras e Cascais.
O terror expresso pela população é indescritível. Logo nos primeiros
instantes milhares de pessoas ficam sepultadas nos escombros dos edifícios
que ruíram ou são arrastados pela fúria das águas para o rio Tejo.
Ao ruido ensurdecedor da Terra em movimento, junta-se os gritos de dor e
aflição das pessoas e à queda dos edifícios e ao horror do terramoto,
sucede-se o pavor dos incêndios que, tendo tido início no centro da cidade,
motivados por causas elétricas, pelas ruturas das canalizações de gás, pelo
rebentamento de garrafas de gás butano ou propano, vai-se propagando,
especialmente pelos bairros velhos da cidade. Ao cair da noite, Lisboa está
envolvida em chamas.
As pessoas correm desvairadas, ao acaso, de bairro para bairro, de rua para
rua, outras procuram entes queridos entre os escombros.
Às 11.24 horas regista-se o segundo abalo, o pânico é horrível, a cidades
despovoa-se, tentando os sobreviventes fugirem para os espaços livres.
O Tejo rola em catadupa, os barcos voltam-se, outros são arremessados por
um tsunami para terra, estilhaçando-se contra edifícios ou colocando-se em
posições irrealistas e inacreditáveis, nas avenidas ribeirinhas, os mais
fracos e desprotegidos são pura e simplesmente engolidos sem aviso prévio,
muitos, os que trabalham de noite e iniciavam o seu descanso, acordam
debaixo de escombros ou submersos pela água salgada fétida suja e escura,
que transportava destroços e corpos de pessoas e animais.
Em 1755 o tsunami demorou apenas quinze minutos até ao Cabo de São Vicente,
aí com uma altura de onda de dez metros. "Numa praia entre Vila do Bispo e
Lagos encontraram-se destroços [arrastados pelo tsunami] a um quilómetro da
costa. Era um vale sem qualquer edificado", reza a história. A duna da ilha
de Faro, com dez metros de altura, foi galgada.
E vinte cinco minutos após o sismo já atingia a zona de Oeiras, com uma
altura de onda de seis metros, e em seguida avança pelo estuário do Tejo.
Num primeiro balanço, 10.000 casas ruíram completamente e inúmeras ficaram
gravemente danificadas, segundo o SMPC de Lisboa. O palácio da
Independência, no Rossio, o Teatro Nacional D. Maria, o Palácio de S.
Bento, o edifício da Camara Municipal de Lisboa, o quartel do Carmo,
Comando-Geral da GNR, o Tribunal da Boa-Hora, o Museu da Arte Antiga, o
Palácio dos Condes de Óbidos, sede da CVP, os Edifícios da Praça do
Comércio que albergam os Ministérios da Justiça, Administração Interna e o
Ministério das Finanças, o Palácio de Belém, o Teatro Nacional de São
Carlos, o Hospital do Desterro, o Hospital da CUF, o Palácio das
Necessidades, a Igreja de São Domingos, a Igreja de Santo António, a Sé
Patriarcal, o Teatro Municipal de S. Luís, entre outros.
No quartel da avenida Dom Carlos I do Regimento de Sapadores Bombeiros de
Lisboa o pessoal lutava por libertar algum material e companheiros
encarcerados e emparedados nas ruínas do que tinha sido um dos principais
aquartelamentos de socorro de Lisboa.
No Monsanto o abalo provocou um incêndio na cantina municipal que
rapidamente se propagou ao quartel do Regimento de Sapadores de Bombeiros e
ao Serviço Municipal de Proteção Civil através do mato contiguo aos
edifícios e que não era limpo há vários anos, os Bombeiros tentavam salvar
o que podiam ficando assim incapacitados de responder às necessidades da
população.
Todos os viadutos na 2ª Circular se abateram ou sofreram danos que provocam
acidentes e impossibilitam os meios de emergência de transitar por aquela
artéria, e embora alguns meios de comunicação do principal aquartelamento
de Bombeiros da Cidade estejam operativos, o número de operadores e
terminais de comunicação disponível são irrisórios face ao número de
pedidos de socorro da população.
O Centro Operacional 112 Sul (Central de Emergência de Lisboa) não sofre
felizmente praticamente nenhuma afetação estrutural, contudo muitas linhas
telefónicas foram cortadas pelo abalo, e os cerca de 40 operadores não dão
vazão ao número de pedidos de socorro que lhes chegam. O tempo de espera
naquela central é superior a uma hora.
As estações retransmissoras de telemóvel e do SIRESP na A.M.L., na sua
grande maioria ruiu ou sofreu danos, e ficaram inoperacionais ou
sobrelotadas, a comunicação via telefone fixo, telemóvel e SIRESP estão
reduzidas a cerca de 10% da sua capacidade normal, contudo a enorme
tentativa de contato por esta via anula por quase completo qualquer
possibilidade de comunicação nas ruas e bairros de Lisboa.
Os rádio-operadores da banda do cidadão e PMR446 tentam a todo o custo
estabelecer contacto com serviços de emergência, mas estes não monitorizam
estes canais pelo que estes entusiastas somente conseguem contacto entre si.
Sem ativação por falta de telecomunicações para o efeito, os radioamadores
que não estão empenhados no auxílio aos seus familiares e vizinhos nada
podem fazer para auxiliar nas radiocomunicações, limitando-se a
retransmitir mensagens de outros colegas.
Nenhuma das viaturas do Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa tem rádio
de VHF Banda Alta, o mesmo se passa com o INEM, PSP, e GNR, pelo que não
têm como comunicar com os meios dos Bombeiros associativos e estes devidos
ao desinvestimento na rede de Banda Alta resultante do conforto do uso do
telemóvel e do SIRESP, não possuem equipamentos operacionais em número
suficiente para fazer face ás necessidades operacionais.
Sem comunicações alternativas os serviços e os agentes de proteção civil
não têm forma de coordenar eficazmente os meios que não foram afetados.
As chamas devoravam grande parte da cobertura do Hospital de S. José e toda
a área norte encontrava-se completamente destruída. Algum, pouco pessoal
hospitalar tentava, aproveitando os serviços de Neurocirurgia e de
Hematologia, organizar um pequeno centro de triagem, amontoando feridos e
grandes queimados numa desorganização indescritível, com bombeiros tentando
controlar os inúmeros focos de incêndio.
Em poucas horas desapareciam tesouros arquitetónicos impossíveis de refazer
e de estruturas imprevisíveis de reestruturar, tais como os principais
museus na baixa da cidade junto ao Tejo, os ministérios, e residência
oficial do Presidente da República ficaram reduzidos a um monte de pedras e
entulho de onde brotavam colunas de fumo.
Num primeiro balanço a ANPC estima que o número dos que morreram logo cerca
de 150.000, existem cerca de 2.000.000 de feridos, e um número
indeterminado de desalojados, com grandes reflexos nas áreas suburbanas da
capital, onde aproximadamente 80% do parque imobiliário foi atingido e com
mais de 50% de forma irrecuperável.
As solicitações provêm de todos os concelhos da Ãrea Metropolitana de
Lisboa.
As vias ferroviárias ficaram interrompidas e as vias rodoviárias
impraticáveis, quer por estragos dificilmente recuperáveis, que por
inúmeros engarrafamentos provocados dos que tentavam fugir e dos que tentam
vir em busca de amigos e familiares.
Os socorros vindos de fora da Grande Lisboa são solicitados pelas
populações limítrofes à capital e não conseguem chegar até a ela, pois a
ponte sobre o Tejo (Lisboa-Almada), a ponte da A8, e a ponte de Sacavém
ruíram, e a ponte vasco da gama não oferece garantias de segurança por ter
sofrido danos estruturais.
A noite chega e com ela, o aumento da desolação e da incapacidade de
resolução dos problemas e da impotência do salvamento de inúmeras vítimas.
O inferno tinha-se abatido sobre Portugal e em especial sobre Lisboa. A
cidade está às escuras de luz e comunicação, quando a noite cai, a única
luz visível resulta dos inúmeros incêndios…

Pois bem, aqui têm um cenário do que eventualmente sucederia em Lisboa, se
ela fosse abalada por um sismo semelhante ao que ocorreu em 1755.
Questões que se colocam:

1º Os serviços de emergência civis e militares perante um cenário destes,
com escassos meios operacionais priorizam o socorro e salvamento dos comuns
cidadãos ou das figuras de Estado?

2º Sem ajuda atempada dos serviços de emergência quem socorre a população?

3º Está a população consciente, educada, preparada, treinada e equipada
para um cenário destes?

4º Porque vias de comunicação pede a população ajuda aos serviços de
emergência (se estes não têm radiocomunicações cidadãs) e como encaminham
os serviços de emergência esses pedidos para os meios de socorros?

5º Que probabilidade de sobrevivência têm neste cenário as pessoas com
algum tipo de limitação física ou crianças?

6º Como ativam e coordenam os serviços de proteção civil os agentes e
entidades cooperantes em proteção civil se não houver telecomunicações e
sendo que a esmagadora maioria das entidades com dever de cooperação não
têm rádio da Rede Estratégica de Proteção Civil, o mesmo se passando com
serviços públicos tais como segurança social, câmaras municipais, juntas de
freguesia e outros?

7º Os funcionários e os voluntários dos serviços de emergência vão
priorizar a ajuda e socorro ao desconhecido ou priorizar a busca, ajuda e
socorro aos seus familiares?

8º Sem plano familiar de emergência e sem telecomunicações como sabem as
pessoas onde procurar os seus familiares?

9º Que tipo de resposta será dada ás necessidades e assistência e socorro
dos animais domésticos?

10º Estando os mais importantes Ministérios na linha de entrada do tsunami,
quem e como se gere o país após a sua passagem?

11º Como se articulam os serviços municipais de proteção civil das câmaras
municipais, com as unidades locais de proteção civil das juntas de
freguesia, e estas com os grupos de autoproteção das populações, se não
existe entre todos uma rede comum de radiocomunicação resistente?

12º Até onde chega um tsunami de causa sísmica em Oeiras? Que altura pode
atingir? Conhece a carta de risco?

13º Onde estão e como se contactam as unidades locais de proteção civil em
Oeiras? De que equipamentos e recursos humanos dispõem?

14º Imagine ficar retido no trânsito a alguns Km de casa, como contacta os
seus familiares se não tiver rede no telemóvel?

15º Imagine que além de retido sofreu um acidente e tem consigo no
automóvel um filho ferido com hemorragia grave, os meios de emergência não
conseguem chegar em tempo útil ao local, o que têm no automóvel para
socorrer o seu filho? Imagine o mesmo cenário em casa, o que tem para o
socorrer?

16º Imagine que o sismo acaba de ocorrer, tem consigo em casa um menor em
paragem cardiorrespiratória, um idoso com uma fratura e a sua companheira/o
com uma crise asmática, qual socorre primeiro?

17º O seu bairro já tem um grupo de “autoproteção�

18º A sua Junta de Freguesia já solicitou à comissão municipal de proteção
civil a constituição da unidade local de proteção civil (ULPC)?

19º Quem dos presentes já teve alguma iniciativa na assembleia de freguesia
ou municipal no sentido da constituição das unidades locais de proteção
civil?

20º Se, o valor que damos à vida humana é proporcional ao que sabemos,
temos e fazemos para a salvar, o que sabe (para a proteger e socorrer), o
que tem (para a socorrer), o que faz (ou está disposto a fazer) para
proteger e socorrer pelo menos os que lhe são mais próximos? (PCR

Sem si preparado, a sua família está mais vulnerável, a sociedade está mais
vulnerável. Cada cidadão tem responsabilidades em proteção civil, das quais
se exime ou assume. Sempre que um cidadão se exime das suas
responsabilidades em proteção civil, está a comprometer outras vidas, terá
o cidadão esse direito?

Que futuro estamos a construir, que legado queremos deixar ás gerações
futuras?


-- 
Melhores Cumprimentos,

*João Paulo Saraiva* Amaral da  Encarnação (CT1EBZ)

Telefone Móvel: 910 910 112 *(número de serviço, caso não atenda eu pedir
para transferir para mim) *
Largo Ãlvaro Pinheiro Rodrigues, nº 7 R/C B - 2790-471 Carnaxide - Oeiras -
Portugal

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