ARLA/CLUSTER: Açores podem vir a ter nova ilha. Crise sísmica é sinal para vulcanólogo
João Costa > CT1FBF
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Sexta-Feira, 13 de Dezembro de 2019 - 16:54:45 WET
Desde novembro foram registados centenas de sismos. Especialistas
suspeitam que haja movimentos ascendentes no fundo do mar.
Nos Açores já emergiram ilhas que depois voltaram a desaparecer©
Adelino Meireles / Global Imagens
Por Lusa . 13 Dezembro, 2019 • 14:00
O vulcanólogo Victor Hugo Forjaz disse que uma nova ilha poderá surgir
nos Açores entre as ilhas do Faial e São Jorge, na sequência de
"movimentos ascendentes" que se têm vindo a registar no mar.
"Pelo tipo de sismo, pela cadência, pela periodicidade, pela energia
Richter e repercussões nas ilhas vizinhas, que são Faial e São Jorge
e, por vezes, Pico, suspeita-se que há movimentos ascendentes no fundo
do mar, sendo a evolução natural o aparecimento de uma ilha", declara
o presidente do Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores.
O vulcanólogo refere que se têm vindo a registar "crises sucessivas",
ao longo dos anos, no arquipélago, com "intervalos de dois anos", e o
surgimento de uma nova ilha "não é nada de extraordinário porque as
ilhas são ativas e condensam movimentos tectónicos, seguidos de
vulcânicos".
Para o antigo docente da Universidade dos Açores, o fenómeno seria
"melhor seguido" com um levantamento batimétrico e com recurso a um
ROV, um veículo submarino operado de forma remota, visando apurar se
há fissuras, deslocamentos e alterações topográficas.
Segundo Victor Hugo Forjaz, a Marinha portuguesa "já deveria ter feito
um levantamento no sentido de se perceber melhor os movimentos do
fundo do mar naquela zona", sublinhando que "não há perigo de maior"
para a ilha do Faial, uma vez que a zona fica "bastante afastada,
cerca de 25 a 30 quilómetros".
O especialista recorda que nos Açores já emergiram ilhas que depois
voltaram a desaparecer, exemplificando com o banco D. João de Castro,
ao largo da ilha Terceira, que "esteve fora do mar durante um certo
tempo", tendo "falhas geológicas provocado o seu abatimento", sendo
previsível que volte a emergir.
O vulcanólogo defende a instalação nos Açores de OBS, que são
sismógrafos submarinos, que o Instituto Português do Mar e da
Atmosfera possui, ressalvando que houve uma equipa estrangeira que já
operou na região com este equipamento, tendo recolhido dados "muito
interessantes" a que a Governo Regional e a Universidade dos Açores
não têm acesso.
Para Victor Hugo Forjaz, a existência dos OBS seria o "tira-teimas
entre os que acreditam que há movimentos verticais importantes e os
que os negam".
A Rede Sísmica do Arquipélago dos Açores tem vindo a registar desde
novembro centenas de sismos, alguns dos quais sentidos pela população,
numa zona localizada aproximadamente entre os 25 e os 30 quilómetros a
oeste da freguesia de Capelo, na ilha do Faial.
Em declarações à TSF em novembro, Rui Marques, presidente do Centro de
Informação e Vigilância Sismo-Vulcânica dos Açores explicou que o
arquipélago se encontra "em plena crise sísmica".
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