ARLA/CLUSTER: Esta madrugada às 03:00, de Terça-feira, é o pico de atividade da chuva de meteoros das Perseidas

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 12 de Agosto de 2019 - 17:33:18 WEST


Perseidas: a chuva de estrelas que conta uma história de amor e outra
de martírio

O pico de atividade da chuva de meteoros das Perseidas acontece esta
madrugada. Enquanto espera fique a conhecer duas lendas em torno deste
fenómeno astronómico.

Perseu usava um capacete da invisibilidade e umas sandálias aladas quando
enfrentou a Medusa e lhe cortou a cabeça

Universal Images Group via Getty
Autor

   - Vera Novais <https://observador.pt/perfil/vnovais/>
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Uma manta impermeável, agasalhos e mantimentos é tudo o que precisa para
passar uma noite ao relento a ver uma “chuva de estrelas†— neste caso, uma
chuva de meteoros das Perseidas. De preferência escolha um local afastado
dos centros urbanos, para as luzes das localidades não ofuscarem as
estrelas. E, depois, é só esperar até às 22h quando elas começarem a cair
apesar de a hora ideal para observar o fenómeno, ser mesmo de madrugada, às
3h, segundo <http://oal.ul.pt/> o Observatório Astronómico de Lisboa.

A melhor altura para ver a chuva de meteoros das Perseidas, que vão caindo
amiúde de 17 de julho a 24 de agosto, é precisamente na madrugada de 12
para 13 de agosto. A atividade máxima será entre as 3h e as 16h, mas
naturalmente que durante a noite cerrada será mais fácil ver as riscas
brilhantes que atravessam o céu.

O problema é a Lua, que está quase cheia e só vai desaparecer do céu
noturno às 4h39. Se tiver o azar de apanhar um céu nublado, será ainda mais
difícil observar esta “chuva de estrelasâ€, que pode chegar aos 110 meteoros
por hora.

Os meteoros que dão origem a este fenómeno são os restos de poeiras e
pedaços de cometa da cauda do cometa Swift–Tuttle que passou junto ao Sol
em 1992. Quanto a Terra atravessa a órbita do cometa, estes pedaços entram
na atmosfera e ficam incandescentes. O resultado são as linhas brilhantes
traçadas no céu pelas “estrelas cadentesâ€.

O cometa tem uma órbita de 133 anos e só se espera que volte a passar perto
do Sol em 2125, até lá, todos os meses de agosto, podemos ver uma chuva de
meteoros que parece sair da constelação de Perseu — daí o nome.

As constelações de Perseu, Andrómeda e Cassiopeia são centrais nesta
história de amor contada pelas estrelas — Observatório Astronómico de Lisboa
Perseu, o herói que salvou Andrómeda

Perseus, Andrómeda e Cassiopeia são três constelações próximas no céu de
verão. Mas são também três personagens da mitologia grega
<http://oal.ul.pt/oobservatorio/vol9/n6/pagina5.html>, cujas histórias se
cruzam: Perseu casou com Andrómeda, filha de Cassiopeia.

De Perseu, um semideus filho de Zeus, diz-se que, a pedido de um rei,
cortou a cabeça à górgona Medusa — o monstro que tinha serpentes em vez de
cabelos e transformava em pedra quem a olhasse nos olhos.

Quando voltava para casa com a cabeça da Medusa na mão, ouviu uma bela
donzela em apuros, Andrómeda. Para a salvar petrificou o monstro Ceto, que
a mantinha prisioneira, apresentando-lhe a cabeça decepada. Andrómeda era
filha de Cassiopeia e tinha sido feita prisioneira por Posídon — o deus
supremo dos mares. Um castigo porque Cassiopeia ousou dizer que a filha era
mais bela que as nereidas, as ninfas do mar.

Perseu segura a cabeça da Medusa enquanto ajuda Andrómeda a descer da
rocha, no meio do oceano, onde estava presa — Icas94 / De Agostini via
Getty Images
As lágrimas de São Lourenço

A chuva de meteoros das Perseidas também são chamadas de lágrimas de São
Lourenço, desta vez numa alusão à tradição cristã, mas com uma história bem
mais trágica que a do herói Perseus. O pico desta “chuva de estrelasâ€
acontece sempre depois da festividade que assinala a morte de São Lourenço,
a 10 de agosto.

Lourenço de Huesca era um diácono que tomava conta dos bens da Igreja.
Quando o imperador romano lhe exigiu que entregasse os bens da Igreja, o
padre apresentou perante o imperador os fiéis cristãos. Foi condenado à
morte pelo imperador furioso. Reza a lenda que enquanto era queimado vivo
terá dito: “Podem virar-me agora, deste lado já está bem assadoâ€.

A chuva de meteoros de Perseidas é observada há cerca de dois mil anos. São
Lourenço morreu, aos 33 anos, no ano 258. Os dois acontecimentos próximos
numa Europa que abria portas ao cristianismo foi a combinação perfeita para
se afirmar que o que se via no céu eram as lágrimas do mártir queimado.

Mas até os católicos sabem que tudo isto não passa de uma lenda. “A
tradição cristã chama-lhes [às Perseidas] precisamente ‘lágrimas de S.
Lourenço’, mas para nós, astrónomos, são meteoros e poeira cósmicaâ€, disse
o frei Guy Joseph Consolmagno, diretor do Observatório do Vaticano, citado
<https://www.snpcultura.org/lagrimas_de_sao_lourenco.html> pelo
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura.

Fonte: Observador
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