ARLA/CLUSTER: Uma das questões mais desafiantes da cosmologia actualmente.

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 29 de Abril de 2019 - 23:09:34 WEST


Uma das maiores questões da ciência atualmente ganha um novo round.

Se você não sabe do que estou falando, atualmente, uma das maiores questões
na cosmologia é, por que as medidas da taxa da expansão do universo feitas
com os dados do universo primordial, e com os dados do universo local, não
batem.

E mais ainda, por que a diferença entre elas é tão grande?

A história sobre isso começa na medida da chamada constante de Hubble.

Para calcular a constante de Hubble, os astrônomos precisam calcular com
precisão as distâncias no universo.

Porém, calcular distância no universo, não é uma tarefa muito fácil.

Os astrônomos precisam encontrar marcadores bem precisos que podem então
ser usados quando eles começam a medir distâncias muito grandes.

Existem diferentes maneiras de se medir distância no universo, um jeito é
através da paralaxe, temos as estrelas variáveis Cefeidas e podemos usar
também os mapas de radiação de fundo.

E podemos dizer que um dos objetivos do telescópio espacial Hubble foi
refinar essa medida, da constante que leva o seu nome e o de um dos
principais astrônomos do século 20.

Vários projetos e várias medidas foram feitas com o Hubble para refinar o
valor da constante.

E isso os pesquisadores conseguiram fazer bem, antes do Hubble havia uma
incerteza de quase 50% nas medidas feitas com o universo local, essa
incerteza caiu para 10% nos anos 1990, em 2016 a incerteza caiu para 2.4% e
esse estudo mais recente a incerteza caiu para 1.9%.

com essa redução na incerteza da determinação da constante de hubble usando
o universo local, a discrepância entre essa medida e a usando o universo
primordial acaba se confirmando.

Os astrônomos antes pensavam que existia uma chance de 1 em 3000 dessa
discrepância ser uma coincidência, agora isso foi para 1 em 100000.

Mas como o hubble fez essas medidas.

Os astrônomos apontaram o hubble para a Grande Nuvem de Magalhães e ali
estudaram 70 estrelas do tipo variável Cefeida.

Como essas estrelas brilham e apagam numa taxa conhecida e o período dessas
variações nos dão informações sobre a luminosidade, então é possível medir
a distância com precisão.

Medindo a distância é possível calcular o valor da constante de hubble que
nesse caso foi de 74.03 quil6ometros por segundo por megaparsec.

Se usarmos os dados do Planck, o observatório espacial que nos fornece a
melhor medida da radiação cósmica de fundo, chegamos a um valor para a
constante de hubble de 67.4 quilômetros por segundo por megaparsec.

Isso quer dizer que a diferença é de cerca de 9%.

Ou seja, o universo está expandindo mais rápido que pensávamos e não
sabemos porque.

Os astrônomos já propuseram vários cenários para explicar essa
discrepância, um deles é que a matéria escura poderia estar influenciando
nisso, ou seja, ela poderia interagir mais com a matéria ordinária, ou a
energia escura tem a sua contribuição nessa expansão acelerada do universo.

E o extremo, que era considerado algo fora de cogitação até então e que
começa a ser falado, é o desenvolvimento de uma nova física para explicar
essa discrepância.

Eu aposto no que vou chamar de joias do infinito.

Sei que tem pessoas que discordam totalmente de mim, mas eu acho que a
resposta está no dia em que juntarmos as joias dos neutrinos, das ondas
gravitacionais e do espectro eletromagnético.

Quando a astrofísica multimensageira estiver totalmente dominada eu
acredito que vai surgir o motivo dessas medidas tão discrepantes.

Até lá nos resta esperar e pensar sobre essa que é uma das maiores questòes
e um dos maiores desafios da cosmologia atualmente.


Fonte: Space Today
-------------- próxima parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: http://radio-amador.net/pipermail/cluster/attachments/20190429/8d0a415b/attachment.htm


Mais informações acerca da lista CLUSTER