ARLA/CLUSTER: NASA responsabiliza a Índia se fragmentos do míssil ou satélite atingirem a ISS, o risco de colisão aumentou 44% em dez dias

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 8 de Abril de 2019 - 14:07:05 WEST


Míssil da Índia lançou 400 fragmentos para o espaço. “É terrível”,
responde a NASA

Agência espacial norte-americana critica lançamento do míssil indiano
executado há poucos dias. “É terrível”, considera um responsável da
NASA avisando que o teste atirou destroços para o espaço que agora
ameaçam a Estação Espacial Internacional

O teste de um míssil indiano que destruiu um satélite colocado numa
órbita baixa lançou 400 fragmentos para o espaço que, segundo a
agência espacial norte-americana, podem causar sérios danos na Estação
Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). Jim Bridenstine,
administrador da NASA, criticou esta operação, avisando que dos 400
destroços foram detectados 60 pedaços suficientemente grandes para
acompanhar à distância e que estão a ser monitorizados. Entre os
fragmentos, avisa o responsável, há 24 que podem atingir e danificar a
Estação Espacial Internacional. “É inaceitável”, conclui.

“É terrível que se tenha provocado uma situação que envia detritos que
vão além do apogeu [o ponto da sua órbita mais afastado da terra] da
Estação Espacial Internacional”, declarou Jim Bridenstine na sua
comunicação sobre os estragos provocados por um teste de um míssil
indiano, lançado no passado dia 27 de Março. A operação, comemorada
pelo Governo da Índia como “um feito histórico”, envolveu a destruição
de um satélite (também indiano). A capacidade de lançar mísseis
“anti-satélites” apenas tinha sido demonstrada pelos EUA, Rússia e
China. No entanto, o acontecimento que parecia elevar a Índia ao grupo
de elite de potências espaciais pode, afinal, não ser motivo para
qualquer festejo.

A NASA alega que quando o satélite atingido pelo míssil se despedaçou
em centenas de fragmentos também espalhou o perigo. Alguns dos
destroços são demasiado pequenos para se conseguir rastrear mas, ainda
assim, podem causar danos. “O que estamos a rastrear agora são os
objectos grandes o suficiente – estamos falar de 10 centímetros ou
maiores – cerca de 60 peças foram detectadas”, adiantou Jim
Bridenstine.

O satélite indiano foi destruído a uma altitude de 300 quilómetros,
abaixo da ISS e da maioria dos satélites em órbita, o que alegadamente
deveria garantir o “regresso” à terra de possíveis fragmentos nos dias
seguintes sem que causassem qualquer dano. No entanto, segundo a NASA,
o risco de colisão com a Estação Espacial Internacional aumentou 44%
em dez dias. O risco vai diminuir com o tempo, à medida que os
destroços se queimem quando entram na atmosfera e, apesar de
considerar o acto imprudente, Jim Bridenstine admitiu que, em ultimo
caso, a estação pode ser manobrada e protegida.

Estima-se que existam cerca de 900 mil pedaços de pequenos destroços
em órbita ao redor da Terra, de acordo com modelos estatísticos da
Agência Espacial Europeia. Existem cerca de 34 mil destroços no espaço
com comprimentos superiores a dez centímetros. Segundo a CNN,
actualmente a NASA monitoriza 23 mil pedaços de lixo espacial com dez
centímetros ou maiores, sendo que “um terço de todos estes destroços
foi originado em 2007, quando a China realizou um teste anti-satélite,
e em 2009, quando dois satélites de comunicações, um americano e outro
russo, colidiram.”

Fonte: Jornal Publico



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