ARLA/CLUSTER: UAI PASSA A USAR NOVO REFERENCIAL BASEADO EM RADIO FONTES PARA DIREÇÕES NO ESPAÇO

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 4 de Setembro de 2018 - 10:57:18 WEST


<https://www.tuwien.ac.at/fileadmin/_processed_/csm_ICRS_Tele_add2701509.jpg>
Radiotelescópio em Hobart, Austrália.
Crédito: Universidade de Tecnologia de Viena
(clique na imagem para ver versão maior)


No futuro, quando as naves espaciais forem enviadas para outros planetas ou
quando for estudada a rotação do planeta Terra, será usado um novo
referencial. No dia 30 de agosto, na Assembleia Geral da União Astronómica
Internacional (UAI) em Viena (Ãustria), foi adotado o novo referencial
celeste internacional ICRF3 (International Celestial Reference Frame), que
permite especificações direcionais mais precisas no espaço. Baseia-se na
medição precisa de mais de 4000 fontes de rádio extragaláticas.

*Um sistema de coordenadas para o Universo*

Da mesma forma que é necessário um sistema de referência para medir picos
de montanhas (medindo a longitude e latitude da Terra e a altura acima do
nível do mar, por exemplo), é essencial concordar num sistema de referência
confiável para especificar direções no espaço. "Não é boa ideia usar as
estrelas fixas que vemos no céu noturno," explica o professor Johannes Böhm
do Departamento de Geodesia e Geoinformação da Universidade de Tecnologia
de Viena. "Com o tempo, mudam um pouco relativamente umas às outras. Isto
significa que seria necessário definir um novo sistema de referência a cada
poucos anos para manter o nível de precisão exigido."

As fontes de rádio extragaláticas, por outro lado, são outra questão. "Hoje
em dia, conhecemos centenas de milhares de objetos no espaço que emitem
radiação extremamente intensa e de ondas longas," comenta Böhm. "Estes são
buracos negros supermassivos no centro de galáxias longínquas, também
conhecidos como quasares, por vezes localizados a milhares de milhões de
anos-luz." Estas fontes de radiação parecem-se praticamente com pontos a
partir da Terra e a sua enorme distância torna-as ideais para estabelecer
um sistema de referência mundial. As mudanças relativamente pequenas entre
os quasares não desempenham aqui um papel.

*Comparando diferentes radiotelescópios uns contra os outros*

No entanto, para alcançar o mais alto nível de precisão necessitamos algum
esforço: não basta simplesmente tirar uma foto com um radiotelescópio e ler
a direção da fonte de rádio a partir dela. Em vez disso, são comparados
dados de diferentes radiotelescópios. "Cada fonte de rádio fornece um sinal
com um certo ruído," explica David Mayer, assistente da equipa de Johannes
Böhm. "Quando medimos este ruído em dois radiotelescópios diferentes ao
mesmo tempo - idealmente separados por milhares de quilómetros - podemos
determinar com muita precisão a diferença de tempo entre a chegada do sinal
no primeiro e no segundo radiotelescópio. A partir daqui, podemos calcular
a direção do sinal que recebemos com uma precisão extrema." Estes cálculos
requerem computadores muito poderosos, como o VSC-3 (Vienna Scientific
Cluster). Além da Universidade de Tecnologia de Viena, grupos de
investigação de todo o mundo forneceram soluções para o referencial ICRF3,
bem como o Centro de Voo Espacial Goddard da NASA e o Observatório de Paris.

Com este método, podemos estabelecer a posição das fontes de rádio no céu
estrelado com uma precisão de aproximadamente 30 microssegundos de arco.
Isto corresponde aproximadamente ao diâmetro de uma bola de ténis na Lua,
vista da Terra.

Na Assembleia Geral da UAI, em Viena, foi tomada a decisão de usar este
altamente preciso mapa de fontes de rádio como a referência internacional.

Será usado, por exemplo, para especificar a posição de objetos astronómicos
ou naves espaciais. Além disso, o sistema de referência é essencial para
monitorizar o nosso próprio planeta, como na precessão do eixo de rotação
da Terra ou no movimento dos polos.

*Links:*

*Notícias relacionadas:*
Universidade de Tecnologia de Viena (comunicado de imprensa)
<https://www.tuwien.ac.at/en/news/news_detail/article/126157/>

*União Astronómica Internacional:*
Página oficial <http://www.iau.org/>


Fonte: 2018 - Núcleo de Astronomia do Centro Ciência Viva do Algarve
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