ARLA/CLUSTER: Açores vai ter Porto Espacial (e os russos estão na corrida)

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 6 de Novembro de 2018 - 17:51:03 WET


Por Lusa - 6 Novembro, 2018

Catorze consórcios internacionais, quatro deles liderados pelas
empresas aeroespaciais Ariane, AVIO e Virgin e pela agência espacial
russa Roscosmos, manifestaram interesse na construção de uma base para
lançamento de microssatélites nos Açores, a partir de 2021.

O anúncio foi feito pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior seis dias depois de ter terminado o prazo para empresas e
entidades submeterem propostas no âmbito de um concurso público
internacional aberto em setembro.

Segundo o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel
Heitor, tratou-se de um concurso de ideias que visou aferir o
interesse do mercado aeroespacial pela construção e operacionalização
de um porto espacial na ilha de Santa Maria, antes de Portugal avançar
com um “concurso realista” para a concretização do projeto.

Manuel Heitor assinalou à Lusa que a instalação e o funcionamento do
porto espacial, destinado ao lançamento de pequenos satélites para
observação da Terra, implicará, acima de tudo, um investimento
privado, sendo que o investimento público, estimado em seis milhões de
euros, será para a melhoria de infraestruturas locais.

As propostas submetidas pelos 14 consórcios que, de acordo com um
comunicado do ministério, incluem “soluções inovadoras de acesso ao
espaço com microlançadores”, vão agora ser avaliadas por uma comissão
internacional de peritos, presidida pelo ex-diretor da agência
espacial europeia ESA Jean Jacques Dordain.

Cabe à comissão de peritos, depois de analisar as propostas iniciais,
recomendar os candidatos que devem ‘entrar na corrida’ para a
construção e operacionalização do porto espacial, e cujos projetos
serão avaliados entre fevereiro e maio de 2019.

Na ‘corrida espacial’ terão de estar envolvidos consórcios com
participação de empresas ou centros de investigação portugueses.

Primeiros lançamentos esperados em 2021

Espera-se que, de acordo com o calendário fixado, os primeiros
lançamentos de pequenos satélites se iniciem na primavera ou no verão
de 2021, depois de o contrato para a instalação e funcionamento do
porto espacial ser assinado, em junho de 2019, com os concorrentes
‘vencedores’.

Da lista de 14 consórcios internacionais que apresentaram ideias fazem
parte empresas aeroespaciais portuguesas como a Edisoft, a Tekever e a
Omnidea, precisou o ministro.

Quatro dos consórcios são liderados pelas companhias aeroespaciais
Ariane (França), AVIO (Itália), Virgin Orbit (EUA) e Elecnor DEIMOS
(Espanha) e pela agência espacial russa Roscosmos. Mas há também
empresas alemãs envolvidas.

A comissão internacional de peritos integra o ex-diretor de lançadores
da ESA Gaele Winters, a antiga vice-administradora da agência espacial
norte-americana NASA Dava Newman, o presidente da Agência para o
Investimento e Comércio Externo de Portugal, Luís Castro Henriques, o
ex-reitor da Universidade do Minho António Cunha e o professor emérito
da universidade norte-americana do Texas Byron Tapley.

Um dos estudos que levaram o Governo a promover a abertura do concurso
público internacional de ideias para a construção de um porto espacial
nos Açores, para lançamento de microssatélites, foi desenvolvido pela
Universidade do Texas, com a qual Portugal tem parcerias.

O estudo, datado de janeiro, sugere a construção de uma base de
lançamento de pequenos satélites preferencialmente na zona de
Malbusca, na ilha de Santa Maria, devido “à amplitude e à orientação
do seu corredor de lançamento e aos seus atributos de segurança de
alcance superior”.

Segundo o estudo, a operacionalização do porto espacial deve ser
acompanhada pela fixação nos Açores de empresas dedicadas ao fabrico
de satélites.

A Universidade do Texas recomenda que uma eventual decisão sobre a
base espacial deve ser suportada por um plano de negócios, uma análise
de mercado e uma avaliação dos riscos ambientais e de segurança,
aconselhando ainda a que Portugal identifique pelo menos um possível
lançador de pequenos satélites que possa operar na base espacial de
forma a garantir a sua viabilidade.

// LusA



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