ARLA/CLUSTER: 3D6/3DA0 - Entidade DXCC deixa de ser o Reino da Suazilândia para ser o Reino dos Suazis

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 2 de Maio de 2018 - 14:30:26 WEST


3D6/3DA0, Kingdom of eSwatini (new country name)

King Mswati III of Swaziland announced on Wednesday, April 18th, that
he was renaming the country 'the Kingdom of eSwatini'.

The monarch announced the change in a stadium during a celebrations
for the country's 50th anniversary of Swazi independence and the
king's 50th birthday.

The new name, eSwatini, means "land of the Swazis". The new name does
not change the DXCC status of this entity.

For more details, see the following URLs:
http://www.bbc.com/news/world-africa-43821512
https://www.theglobeandmail.com/world/video-swaziland-renamed-eswatini-by-africas-last-absolute-monarch

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A assinalar os 50 anos do rei e da independência, país passa a
chamar-se eSwatini, enfrentando o legado do colonialismo. Uma mudança
que já ocorreu noutras partes do mundo.

O rei Mswati III, líder autocrático da Suazilândia desde 1986,
anunciou na data do seu 50.º aniversário, no dia 19 de Abril, que o
país passa a ter como nome oficial Reino dos Suazis (eSwatini, no
dialeto local). A decisão foi apresentada como um regresso às origens
- a designação adotada era a do território antes da chegada dos
britânicos - e por que, segundo o monarca, a Suazilândia é
frequentemente confundida com a Suíça, quando referida em inglês:
"Swaziland", no primeiro caso, "Switzerland", no segundo!

O anúncio sucede no ano em que este país da África oriental e antiga
colónia britânica, rodeado pela África do Sul e fronteiriço com
Moçambique, irá assinalar o 50.º aniversário da independência, a 6 de
setembro.

A decisão de Mswati III - muito criticado pelas organizações de
direitos humanos e por um estilo de vida faustoso a contrastar com a
pobreza generalizada de um país cuja economia cresce abaixo da média
regional - não é, propriamente, uma novidade. No passado, o rei
utilizou a fórmula Reino dos Suazis, em especial, quando interveio em
conferências no estrangeiro e também o fez em discursos como o
proferido na Assembleia Geral da ONU, em 2017, e em diferentes
reuniões da União Africana, recordou a Reuters na altura do anúncio.
Então, Mswati III sublinhou que os "países africanos, após a
independência, voltaram aos nomes de origem, antes do colonialismo".
Para Mswati III, a "Suazilândia foi o único a manter o nome da época
colonial. Mas a partir de agora, isso vai mudar. Passa a chamar-se
Reino dos Suazis", disse o rei, que falava numa cerimónia na segunda
cidade do país, Manzini, perante um estádio de futebol repleto de
compatriotas envergando, como ele, os trajes tradicionais deste grupo
da etnia bantu.

Uma das heranças da era colonial - europeia mas também árabe, em
certas regiões de África - foi a adulteração dos nomes indígenas dos
locais ou a criação de novos topónimos. Um caso clássico é o das
Cataratas de Vitória, assim batizadas pelo britânico David Livingstone
(1813-1873), mesmo sabendo, como regista no diário da viagem, que as
quedas de água eram designadas pelos locais como "mosi-oa-tunya",
expressão que traduz por "neblina trovejante". Prática estendida a
todo o continente africano. Alguns exemplos: Rodésia, hoje Zimbabwe,
Costa do Ouro, hoje Gana, Leopoldville, hoje Kinshasa, República
Malgache, atual Madagáscar, Alto Volta, atual Burkina Faso, Nova
Lisboa, atual Huambo. Ou ainda Guiné Equatorial por Guiné Espanhola,
Benim por Daomé ou, noutro plano, em que questões internas e regionais
se somam ao passado colonialista, o Congo Belga, sucessivamente Estado
Livre do Congo, Congo-Kinshasa, República do Congo, República
Democrática do Congo (RDC), Zaire e de novo, desde 1977, RDC.

A herança da era colonial ultrapassa África e estende-se à Ásia e à
Austrália, aqui com múltiplos exemplos de corrupção da pronúncia
aborígene ou ao batismo de localidades e sítios com óbvia conotação
racista e pejorativa para as populações autóctones.

Novos ciclos e o fim da URSS

Os ventos da descolonização não são único fator de mudança na
designação dos países. A desagregação da União Soviética, mudanças de
regime e projetos ideológicos produziram também alterações neste
domínio. Desde logo, na América do Sul, a República Bolivariana da
Venezuela, que ganha este nome com Hugo Chávez em 1999 e, na Ásia, a
Pérsia que se torna República Islâmica do Irão, com a queda de Reza
Pahlavi em 1979. Exemplos evidentes de como a ideologia determina as
designações oficiais.

Ainda nas Américas, no registo da herança colonial, as possessões das
Honduras Britânicas e da Guiana Holandesa, tornam-se, respetivamente,
o Belize e o Suriname.

Outro fruto do peso ideológico, o Reino do Camboja passa a designar-se
Campuchea Democrático, sob os khmers vermelhos entre 1975 e 1979,
República Popular do Campuchea e, de novo, Reino do Camboja, desde
1993. Também na Ásia, em rutura com o passado colonial, o Ceilão
torna-se Sri Lanka e a Birmânia (a Burma do império britânico) assume
a designação de República da União de Myanmar. Fruto de tensões
geoestratégicas, o Paquistão Oriental rompe com o Paquistão e, na hora
da independência, torna-se Bangladesh.

E que dizer da separação (amigável) da Checoslováquia, que deu origem
à Chéquia e à Eslováquia e da separação (violenta) da Jugoslávia, com
o surgimento de novos países, como a Bósnia ou a Eslovénia, ou o
regresso da Sérvia ou da Croácia?

A reconfiguração de fronteiras e de designações oficiais marcaram a
desagregação da URSS e o fim da Guerra Fria, com a Bielorrússia a
tornar-se Belarus, a Moldávia a chamar-se Moldova e na Federação Russa
a Chechénia-Ingúchia a ser separada em entidades distintas. O que não
resolveu todos os problemas do Cáucaso nem mudou a sua identidade.
Como o novo nome da Suazilândia não irá resolver os problemas do reino
de Mswati III.



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