ARLA/CLUSTER: Carros eléctricos põem fim ao logo reinado dos rádios com AM nas viaturas

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 11 de Dezembro de 2018 - 12:43:30 WET


Os carros e a rádio AM estão juntos há muito tempo, mas a estrada que
aguarda esses velhos companheiros de viagem se bifurcou. Os mesmos motores
elétricos que propiciam velocidade superior a 240 km/h (quilômetros por
hora) ao Tesla e permitem que o Chevy Bolt rode 380 quilômetros com apenas
uma carga matam completamente a recepção de rádio AM. Em lugar de esportes,
notícias, ou canções nostálgicas, os carros elétricos recebem apenas
estática.

As montadoras de automóveis estão em uma corrida desabalada rumo a um
futuro eletrificado, e rádios AM estão ficando pelo caminho, se unindo aos
tape-decks, aos sistemas eight-track e aos ultrapassados cinzeiros.

Daniel Rich, 58, é fã tanto da rádio NBR AM 680, de San Francisco,
Califórnia, quanto do Chevy Bolt. Isso significa que seu caminho de casa
para o trabalho já não é mais tão aprazível.

“Todos os meus outros carros, ao longo dos anos, eram capazes de captar a
estação muito bem, apesar da distânciaâ€, disse o oftalmologista. “Mas não o
Bolt.â€

Uma porta-voz da General Motors disse que a GM estava ciente da questão
quanto ao Bolt, e que havia “tomado providênciasâ€, mas se recusou a dizer
exatamente quais.

O problema, dizem especialistas, é que os os motores dos veículos elétricos
geram frequências eletromagnéticas do mesmo comprimento de onda que os
sinais das rádios AM. Isso cria ruídos e perda de sinal, por conta da
interferência eletromagnética.

“Você tem dois sinais que literalmente colidem um com o outro e se
cancelam, antes mesmo que a antena receba o sinalâ€, disse Brian McKay,
diretor de inovação de motores e tecnologia na unidade americana da
fabricante de autopeças alemã Continental.

À medida que os motores dos veículos elétricos ganham potência, cresce a
estática que geram para as rádios AM. “O problema está se agravandoâ€, disse
McKay.

Em lugar de resolver as queixas quanto à baixa qualidade de recepção,
algumas montadoras, entre as quais a BMW, removeram os rádios AM de seus
veículos elétricos. A Honda já não os oferece no seu híbrido elétrico Acura
NSX.

A Tesla removeu os rádios AM de todos os modelos que está produzindo
atualmente, entre os quais o Model S, que oferecia essa opção.

Em lugar disso, ela oferece um serviço de rádio via internet e também rádio
FM, e como opcional oferece rádio de alta definição e conexão Bluetooth
para transmitir rádio diretamente aos fones de ouvido.

Travis Hollman, 49, dono de uma empresa na região de Dallas, no Texas,
disse ter encomendado um Tesla com todos os opcionais quando o modelo ainda
vinha equipado com o rádio AM.

Seu Model S 2018 chegou em abril sem o rádio. “Fiquei tão furioso que quis
devolver o carroâ€, conta.

Ele acabou ficando com o Model S, mas sente falta de ouvir os programas
esportivos locais e as estações de rádio com programação política
conservadora. “Eles não querem que eu ouça Rush Limbaughâ€, brincou Hollman.

Os rádios AM eram tão comuns nos carros quanto os limpadores de
para-brisas, desde a década de 1940. Nas viagens rodoviárias de verão, o
rádio AM servia como estrela polar para os motoristas que atravessavam os
Estados Unidos, oferecendo uma amostragem idiossincrática de culturas
locais e uma distração para reduzir a fadiga causada por horas ao volante.

Na década de 1960, os rádios transistorizados recebiam esportes, notícias e
música transmitidos por estações AM, em casa e nas ruas, e os rádios
portáteis se tornaram tão onipresentes quanto os smartphones são hoje.

As rádios AM atuais, que já estão lutando com uma perda de receita
publicitária que dura uma década, se preocupam com a perda de ainda mais
audiência motorizada.

“É um verdadeiro desafio para o setor, e eles estão tentando convencer as
montadoras a incluir rádios AM†em todos os seus veículos, disse Mark
Fratrik, vice-presidente sênior e economista chefe da BIA Advisory
Services, uma empresa de pesquisa de mercado com foco na mídia eletrônica
de massa.

Para mostrar que os tempos mudaram, o time de hóquei no gelo L.A. Kings
anunciou em setembro que as transmissões de rádio de seus jogos deixariam
de ser feitas via rádio AM e passariam a estar disponíveis apenas nas
rádios via internet.

As maiores estações de rádio AM têm sua programação distribuída pelos
serviços de rádio via internet, o que oferece aos motoristas a oportunidade
de ouvir suas estações favoritas mesmo longe de casa. Mas estações AM
menores podem não ter a capacidade de bancar o equipamento necessário a
participar da era digital.

A BMW anunciou ter reconhecido cedo o problema de interferência, em seus
modelos Mini E e ActiveE. O carro i3, lançado em 2013, nunca foi equipado
com rádios AM.

A Associação Nacional de Rádios e TVs dos Estados Unidos criticou a decisão
da BMW em uma carta aberta divulgada em 2014.

“O rádio AM continua a ter um importante papel no panorama cultural dos
Estados Unidos, e os motoristas do i3 merecem acesso a essa programaçãoâ€,
escreveu Gordon Smith, o presidente da associação, ao presidente de
operações da BMW no país.

O rádio de alta definição (HD), cujo sinal é digital, é o equipamento
padrão nos carros da montadora vendidos nos Estados Unidos, disse um
porta-voz da BMW, e “muitas estações AM tradicionais nos mercados
importantes estão disponíveis via sinais de HD secundários e terciáriosâ€.

Não existe uma maneira fácil de eliminar a interferência eletromagnética
que abafa o sinal do rádio AM sem acrescentar peso demais ao carro, dizem
especialistas.

A Toyota Motor está trabalhando em uma solução, mas “é um problema bem
difícilâ€, afirmou Rich Sullivan, especialista em compatibilidade
eletromagnética e gerente sênior de engenharia no centro de pesquisa e
desenvolvimento da montadora nos Estados Unidos.

Sullivan apontou que a indústria automobilística enfrentou desafio
semelhante quando os carros movidos à gasolina começaram a oferecer rádios
AM e precisavam lidar com o forte barulho dos equipamentos de degelo e
ventoinhas do sistema de aquecimento.

Algumas empresas que fabricam sistemas de entretenimento para veículos
disseram que o momento do rádio AM talvez tenha passado definitivamente.

“Mesmo que resolvamos o problema, há uma gravitação em direção ao rádio via
internetâ€, e isso vai substituir os rádios tradicionais, disse Balaji Iyer,
vice-presidente de carros conectados na Harman, uma subsidiária do grupo
Samsung.

Um desenvolvedor de aplicativos oferece um app para smartphone que, usado
em companhia de um adaptador para portas de diagnóstico, é capaz de ativar
a recepção de rádio AM em um BMW i3.

A montadora alemã afirma que usar o app pode causar perda de garantia, mas
seu uso é fácil, disse Art Isabell, 74, dono de um BMW i3 2014. Ele se
aposentou da Apple, onde era engenheiro de apoio de software, e vive em
Honolulum, no Havaí.

Mesmo que a recepção em seu veículo elétrico seja precária, disse Isabell,
ele gosta de contar com essa opção: “Raramente ouço rádio AM, mas quero ter
essa opção de uma fonte adicional de informação, para situações de
emergência como clima severo, tsunamis ou ataques com mísseis pela Coreia
do Norteâ€.


*Chester DawsonFonte: The Wall Street Journal*
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