ARLA/CLUSTER: Reflexão: Sísmo e Tsunami em Lisboa
João Paulo Saraiva A.E. CT1EBZ
joaosaraiva112 gmail.com
Segunda-Feira, 30 de Abril de 2018 - 18:20:23 WEST
TEMA I (cenário hipotético)
Sismo atingindo a Ãrea Metropolitana de Lisboa
São 09.40 horas de uma bela manhã de 1 de Novembro, talvez demasiado quente
para a época. Os termómetros marcam 14°graus e a terra começa a tremer, sob
um impulso vertical que vem do interior para o exterior e a faz balançar do
norte para o sul; os edifÃcios oscilam e desmoronam-se ao segundo momento
de duração. O abalo prolonga-se por sete minutos, tendo dois pequenos
intervalos de remissão.
Nas ruas o asfalto parte-se, abrem-se fendas por onde se libertam gases
sulfúricos, rebentam condutas de água, os esgotos brotam para o exterior os
seus conteúdos, enquanto noutros locais abrem-se enormes crateras por
afundamento das abóbadas do Metropolitano que engolem transeuntes e
veÃculos.
Alguns viadutos colapsam, esmagando algumas viaturas e os seus ocupantes,
que sob eles passavam e interrompendo, nesses e noutros locais, a
circulação ferroviária, por descarrilamento das composições. O sol tolda-se
com as nuvens de poeira provenientes das ruinas fumegantes que parecem
sufocar todos os sobreviventes.
Nas praias e zonas ribeirinhas, o mar recolhe, deixando o fundo a
descoberto numa enorme extensão, mas logo a seguir encapela-se em ondas
alterosas de mais de vinte metros de altura, que avançam com fúria sobre as
povoações costeiras e entrando pelo estuário do Tejo, inundam violentamente
a zona ribeirinha de Lisboa, Cacilhas, Oeiras e Cascais.
O terror expresso pela população é indescritÃvel. Logo nos primeiros
instantes milhares de pessoas ficam sepultadas nos escombros dos edifÃcios
que ruÃram ou são arrastados pela fúria das águas para o rio Tejo.
Ao ruido ensurdecedor da Terra em movimento, junta-se os gritos de dor e
aflição das pessoas e à queda dos edifÃcios e ao horror do terramoto,
sucede-se o pavor dos incêndios que, tendo tido inicio no centro da cidade,
motivados pelos curto-circuitos, pelas rupturas das canalizações de gás,
pelo rebentamento de garrafas de gás butano ou propano, vai-se propagando,
especialmente pelos bairros velhos da cidade. Ao cair da noite, Lisboa está
envolvida em chamas.
As pessoas correm desvairadas, ao acaso, de bairro para bairro, de rua para
rua, outras procuram entes queridos entre os escombros.
Às 11.24 horas regista-se o segundo abalo, o pânico é horrÃvel, a cidades
despovoa-se, tentando os sobreviventes fugirem para os espaços livres.
O Tejo rola em catadupa, os barcos voltam-se, outros são arremessados por
um tsunami para a terra, estilhaçando-se contra edifÃcios ou colocando-se
em posições irrealistas e inacreditáveis, nas avenidas ribeirinhas, os mais
fracos e desprotegidos são pura e simplesmente engolidos sem aviso prévio,
muitos, os que trabalham de noite e iniciavam o seu descanso, acordam
debaixo de escombros ou submersos pela água salgada fétida suja e escura,
que transportava destroços e corpos de pessoas e animais.
Num primeiro balanço, 10.000 casas ruÃram completamente e inúmeras ficaram
gravemente danificadas, segundo o SMPC de Lisboa. O palácio da
Independência, no Rossio, o Teatro Nacional D. Maria, o Palácio de S.
Bento, o edifÃcio da Camara Municipal de Lisboa, o quartel do Carmo,
Comando-Geral da GNR, o Tribunal da Boa-Hora, o Museu da Arte Antiga, o
Palácio dos Condes de Óbidos, sede da CVP, o Governo Civil de Lisboa, o
Teatro Nacional de Dom Carlos, o Hospital do Desterro, o Hospital da CUF, o
Palácio das Necessidades, a Igreja de São Domingos, a Igreja de Santo
António, a Sé Patriarcal, o Teatro Municipal de S. LuÃs, entre outros.
No quartel da avenida Dom Carlos I do Regimento de Sapadores Bombeiros de
Lisboa o pessoal lutava por libertar algum material e companheiros
encarcerados e emparedados nas ruinas do que tinha sido um dos principais
aquartelamentos de socorro de Lisboa.
No Monsanto o abalo provocou um incêndio na cantina municipal que
rapidamente se propagou ao quartel do Regimento de Sapadores de Bombeiros e
ao Serviço Municipal de Protecção Civil através do mato contiguo aos
edifÃcios e que não era limpo há vários anos, os Bombeiros tentavam salvar
o que podiam ficando assim incapacitados de responder às necessidades da
população.
Todos os viadutos na 2ª Circular se abateram ou sofreram danos que provocam
acidentes e impossibilitam os meios de emergência de transitar por aquela
artéria, e embora alguns meios de comunicação do principal aquartelamento
de Bombeiros da Cidade estejam operativos, o número de operadores e
terminais de comunicação disponÃveis são irrisórios face ao número de
pedidos de socorro da população.
O Centro Operacional 112 Sul (Central de Emergência de Lisboa) não sofre
felizmente praticamente nenhuma afectação estrutural, contudo muitas linhas
telefónicas foram cortadas pelo abalo, e os cerca de 40 operadores não dão
vazão ao número de pedidos de socorro que lhes chegam. O tempo de espera
naquela central é superior a uma hora.
As estações retransmissoras de telemóvel e do SIRESP na A.M.L., na sua
grande maioria ruÃram ou sofreram danos, e ficaram inoperacionais ou
sobrelotadas, a comunicação via telefone fixo, telemóvel e SIRESP estão
reduzidas a cerca de 10% da sua capacidade normal, contudo a enorme
tentativa de contato por esta via anula por quase completo qualquer
possibilidade de comunicação nas ruas e bairros de Lisboa.
Os rádio-operadores da banda do cidadão e PMR446 tentam a todo o custo
estabelecer contacto com serviços de emergência, mas estes não monitorizam
estes canais pelo que estes entusiastas somente conseguem contacto entre
si. Sem activação por falta de telecomunicações para o efeito, os
radioamadores que não estão empenhados no auxÃlio aos seus familiares e
vizinhos nada podem fazer para auxiliar nas radiocomunicações, limitando-se
a retransmitir mensagens de outros colegas.
Nenhuma das viaturas do Regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa tem rádio
de VHF Banda Alta, o mesmo se passa com o INEM, PSP, e GNR, pelo que não
têm como comunicar com os meios dos Bombeiros associativos e mesmo estes
devido ao desinvestimento na rede de Banda Alta resultante do conforto do
uso do telemóvel e do SIRESP, não possuem equipamentos operacionais em
número suficiente para fazer face ás necessidades operacionais.
Sem comunicações alternativas os serviços e os agentes de protecção civil
não têm forma de coordenar eficazmente os meios que não foram afectados.
As chamas devoravam grande parte da cobertura do Hospital de S. José e toda
a área norte encontrava-se completamente destruÃda. Algum, pouco pessoal
hospitalar tentava, aproveitando os serviços de Neurocirurgia e de
Hematologia, organizar um pequeno centro de triagem, amontoando feridos e
grandes queimados numa desorganização indescritÃvel, com bombeiros tentando
controlar os inúmeros focos de incêndio.
Em poucas horas desapareciam tesouros arquitectónicos impossÃveis de
refazer e de estruturas imprevisÃveis de reestruturar, tais como os
principais museus na baixa da cidade junto ao Tejo, os ministérios, e
residência oficial do Presidente da República ficaram reduzidos a um monte
de pedras e entulho de onde brotavam colunas de fumo.
Num primeiro balanço a ANPC estima que o número dos que morreram logo cerca
de 150.000, existem cerca de 2.000.000 de feridos, e um número
indeterminado de desalojados, com grandes reflexos nas áreas suburbanas da
capital, onde aproximadamente 80% do parque imobiliário foi atingido e com
mais de 50% de forma irrecuperável.
As solicitações provêm de todos os concelhos da Ãrea Metropolitana de
Lisboa.
As vias ferroviárias ficaram interrompidas e as vias rodoviárias
impraticáveis, quer por estragos dificilmente recuperáveis, que por
inúmeros engarrafamentos provocados dos que tentavam fugir e dos que tentam
vir em busca de amigos e familiares.
Os socorros vindos de fora da Grande Lisboa são solicitados pelas
populações limÃtrofes à capital e não conseguem chegar até a ela, pois a
ponte sobre o Tejo, a ponte da A8, e a ponte de Sacavém ruÃram, e a ponte
vasco da gama não oferece garantias de segurança por ter sofrido danos
estruturais.
A noite chega e com ela, o aumento da desolação e da incapacidade de
resolução dos problemas e da impotência do salvamento de inúmeras vÃtimas.
O inferno tinha-se abatido sobre Portugal e em especial sobre Lisboa. A
cidade está às escuras de luz e comunicação, quando a noite cai, a única
luz visÃvel resulta dos inúmeros incêndios…
Pois bem, aqui têm um cenário do que eventualmente sucederia em Lisboa, se
ela fosse abalada por um sismo semelhante ao que ocorreu em 1755.
Questões que se colocam:
1º Os serviços de emergência civis e militares perante um cenário destes,
com escassos meios operacionais priorizam o socorro e salvamento dos comuns
cidadãos ou das figuras de Estado?
2º Sem ajuda atempada dos serviços de emergência quem socorre a população?
3º Está a população consciente, educada, preparada, treinada e equipada
para um cenário destes?
4º Porque vias de comunicação pede a população ajuda aos serviços de
emergência e como encaminham os serviços de emergência esses pedidos para
os meios de socorros?
5º Que probabilidade de sobrevivência têm neste cenário as pessoas com
algum tipo de limitação fÃsica ou crianças?
6º Como activam e coordenam os serviços de protecção civil os agentes e
entidades cooperantes em protecção civil se não houver telecomunicações e
sendo que a esmagadora maioria das entidades com dever de cooperação não
têm rádio da Rede Estratégica de Protecção Civil, o mesmo se passando com
serviços públicos tais como segurança social e outros?
7º Os funcionários e os voluntários dos serviços de emergência vão
priorizar a ajuda e socorro aos desconhecido ou priorizar a busca, ajuda e
socorro aos seus familiares?
8º Sem plano familiar de emergência e sem telecomunicações como sabem as
pessoas onde procurar os seus familiares?
9º Que tipo de resposta será dada ás necessidades e assistência e socorro
dos animais domésticos?
10º Estando os mais importantes Ministérios na linha de entrada do tsunami,
quem e como se gere o paÃs após a sua passagem?
--
Melhores Cumprimentos,
*João Paulo Saraiva* Amaral da Encarnação (CT1EBZ)
Telefone Móvel: 910 910 112 *(número de serviço, caso não atenda eu pedir
para transferir para mim) *
Largo Ãlvaro Pinheiro Rodrigues, nº 7 R/C B - 2790-471 Carnaxide - Oeiras -
Portugal
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