ARLA/CLUSTER: O radioamador e a protecção civil

[João Paulo Saraiva A.E. CT1EBZ]

Ainda não há muito tempo um colega ou vários aqui questionavam o que tem o
radioamadorismo a ver com protecção civil, e lamentei não ter
disponibilidade para responder com a merecida atenção, pedindo desculpas
por só agora dar resposta ás questões levantadas.

O radioamador não tem diferentes deveres em protecção civil para além dos
de qualquer cidadão, têm, contudo, pelo conhecimento técnico e equipamentos
de que dispõe o dever moral de se colocar à disposição dos serviços de
protecção civil, e essencialmente das comunidades em que se insere,
facilitando as comunicações em caso de acidente grave ou catástrofe quando
os comuns cidadãos ficam privados de telecomunicações.

No Verão passado alguns radioamadores intervieram e fizeram a diferença,
quer no reporte de situações aos serviços de protecção civil, quer na ponte
entre radioamadores, CB´s, e PMR´s com os seus familiares muitas vezes em
sofrimento por não saber se estavam bem. Mas também para pedir meios de
socorro para locais onde não havia telecomunicações fixas ou móveis.

O radioamadorismo em protecção civil não é mais do que uma de muitas formas
de cidadania activa, e é certo que os serviços de protecção civil não
valorizam este papel, mas também que os radioamadores na sua maioria pouco
faz e luta pela integração efectiva, harmoniosa e profícua.

Do merceeiro, passando pelo padeiro, o electricista, o pedreiro, o médico,
o manobrador de máquinas, todos sem excepção da esmagadora maioria das
profissões e actividades concorrem para fins de protecção civil, até o
actor ou o palhaço, se por exemplo na sequência de uma catástrofe tivermos
um campo de crianças órfãs a necessitar de alívio da sua perda.

Por isso, quando me questionam o que tem o radioamadorismo a ver com
protecção civil, eu questiono-me de que planeta vêm essas questões, se se
tratam de pessoas sem internet, sem acesso à TV, porque desde que o
radioamadorismo é conhecido os radioamadores intervieram em cenários de
protecção civil, existindo em muitos países equipas de radioamadores
dedicadas a esta vertente do radioamadorismo. Lamentavelmente muitos não
sabem que nesta vertente é necessário estar preparado para sair na hora, e
idealmente ao minuto, quando lhe é possível participar. Situações tive em
que a fazer o acompanhamento de notícias ou alertado por outros colegas me
dirigi a um canal nacional interno de uma organização de que faço parte e
assim se mobilizou uma equipa, que poucos minutos passados estavam a
caminho do teatro de operações. Várias foram as vezes em que encontrei
populações sem telecomunicações com as suas casas a arder ou com as chamas
a chegar à aldeia, ou isoladas pela água em cheias e inundações, por vezes
tudo o que precisavam era que alguém informasse os serviços de protecção
civil que ali estavam e precisavam de ajuda, pelo que, esclarecendo os mais
cépticos, não é preciso ser bombeiro para se poder ser útil nestas
situações, mas também não basta ter CAN, é necessário no mínimo ter noções
de actuação em segurança, e quanto mais formação tiver melhor.
Há quem prefira os DX, coleccionar QSL´s, e quem use o rádio para auxiliar
outros, até mesmo os amantes do DX e colecção de QSL´s que por vezes se vêm
envolvidos nestes cenários, vergonhosamente sem o seu rádio. Sim, o rádio
para quem pratica a intervenção cívica radio amadorística em protecção
civil não é algo que se vai buscar quando dá jeito, é um órgão do corpo do
radioamador tal como o coração, o cérebro, os rins,…, ou no meu caso como o
processador coclear sem o qual não tenho audição.

Fico por vezes com a sensação que somos uma sociedade de radioamadores
secretos, onde raramente se vêm rádios ou antenas.

É certo e sabido que andar de rádio atrás é visto como invulgar, mas só há
uma razão para isso, o facto de não o tornar-mos todos mais vulgar, pois se
cada radioamador se fizer sempre acompanhar do seu rádio, somos mais que
muitos para alterar-mos a forma como a sociedade civil em geral nos olha e
podem sempre aproveitar para explicar aos mais curiosos o que é o
radioamadorismo, como podem ser radioamadores, e quem sabe cativar assim
novos membros para as vossas associações. Mas se lhes falarem na vertente
das comunicações de emergência o interesse é crescente.


Quero aproveitar para partilhar com os caros colegas radioamadores dois
link´s, um dos quais de um grupo Facebook de uma organização a que presido
e onde podem cultivar mais uma cultura de protecção civil e socorro:
https://www.facebook.com/groups/emergenciaextrahospitalar/

O outro, é de uma organização que não usa sequer rádios de amador para as
comunicações de catástrofe, mas que, pode e vai certamente inspirar alguns
colegas sobre outra vertente possível no radioamadorismo nacional, porque
se muito crítico sou, também ei reconhecer que de facto a nossa comunidade
radio amadorística tem muitos e bons técnicos capazes de fazer mais neste
campo. A título de exemplo semelhante, com um telemóvel com conexão coaxial
várias vezes com recurso a uma antena direccional coloquei vítimas privadas
de comunicações em contacto com seus familiares, e neste campo estou certo
que alguns dos colegas são capazes de para este fim se dotar de melhor
equipamento do que aquele que eu utilizo. Depois é dar uso ao equipamento.
http://www.tsfi.org

Melhores 73´s






-- 
Melhores Cumprimentos,

*João Paulo Saraiva* Amaral da  Encarnação (CT1EBZ)

Telefone Móvel: 910 910 112 *(número de serviço, caso não atenda eu pedir
para transferir para mim) *
Largo �lvaro Pinheiro Rodrigues, nº 7 R/C B - 2790-471 Carnaxide - Oeiras -
Portugal

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