ARLA/CLUSTER: O 5G baseia-se em três pilares: baixa latência, grande volume de dados e grande número de conexões simultâneas

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 9 de Abril de 2018 - 12:01:59 WEST


O que é 5G e por que ele deve mudar o modo como usamos a internet

Um dos  temas mais debatidos pela indústria de dispositivos móveis
atualmente é a chegada do 5G, a nova banda de dados que promete
revolucionar o mercado e, segundo analistas, iniciar a quarta
revolução industrial.

Isso porque a tecnologia deve oferecer internet móvel a altíssimas
velocidades, com um tempo de resposta muito baixo entre um dispositivo
e outro –a chamada latência– que possibilitaria um novo salto
tecnológico na indústria de dispositivos, robôs, cidades inteligentes
e carros autônomos.

Hoje, conectado ao 4G, uma carro inteligente demora cerca de 20 ms
para receber o comando de que há perigo pela frente e executar uma
resposta. Apesar de parecer muito rápido, não é o suficiente para
evitar um acidente. O 5G deve diminuir a ação para até um
milissegundo.

"O 5G se baseia em três pilares: baixa latência, grande volume de
dados e grande número de conexões simultâneas", explica Amadeu Castro,
diretor da GSMA no Brasil.

Suportar um grande número de conexões significa uma rede sem
sobrecarga pelo excesso de usuários. Um volume maior de dados vai
permitir, por exemplo, rodar vídeos em resoluções altíssimas em redes
móveis, abrindo um novo mercado para os criadores de conteúdo e
entretenimento.

Outra fronteira a ser expandida é a da automação industrial. Com uma
rede de altíssima velocidade e capacidade, conectar robôs numa linha
de produção à internet e analisar seus dados do outro lado do mundo
não vai mais depender de longos cabos, servidores e hubs.
"Provavelmente o ambiente industrial será o primeiro lugar em que
veremos as aplicações práticas do 5G", estima Wilson Cardoso, diretor
de tecnologia para a América Latina da Nokia.

O ESPECTRO

Para fazer o 5G virar realidade, a indústria da tecnologia precisa
resolver um problema: como levar esses dados pelo ar até os usuários.
O espectro, as faixas de rádio-frequência pelo qual as ondas
padronizadas devem circular, está bastante ocupado e os países
precisam entrar em um acordo para padronizar as usadas pelo 5G.

Em discussão estão as ondas de alta frequência, de 24 a até 60 GHz, e
ondas menores, de 600 a 700 MHz.

"É uma questão de física. Com um cano largo, você pode levar mais
água, mas mais perto. Com um cano fino, vai mais longe, mas leva pouca
água", compara Castro.

O mais provável é que duas faixas sejam operantes em 2019, quando a
padronização do 5G deve ser aprovada pela União Internacional das
Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês). A de ondas de maior
amplitude,com alcance de poucos metros, deve operar nas pequenas
células para transmissão "indoor" e pontos de acesso nas fábricas e
nos postes de cidades inteligentes.

As ondas mais baixas e com grande alcance podem operar em soluções no
campo ou levar sinal a lugares com poucas antenas.

Essa é uma das preocupações do Brasil. O Plano Nacional de Internet
das Coisas, que deve ser apresentado ainda em setembro, define como
uma de suas verticais a digitalização do agronegócio. Com ondas de
baixo alcance seria inviável operar máquinas e coletar dados da
lavoura.

"O Brasil vai navegar no mar dos outros, sem criações próprias, então
precisamos de soluções específicas para um país como o nosso, para
levar internet rápida para o interior e modernizar o campo", diz
Sérgio Kern, diretor da Telebrasil, que organiza o fórum 5G Brasil,
com entidades do setor.

PIONEIROS

Alguns países disputam o lançamento do 5G no mundo. As melhores
apostas são Japão e Coreia do Sul. Ambos deverão receber os jogos
Olímpicos nos próximos anos –Tóquio em 2020 e os jogos de inverno de
PyeongChang, em 2018– e querem usar a nova tecnologia para
impressionar o público.

"Cada lugar tem um plano de evolução. Hoje, vejo estes dois bem
adiantados, mas nada padronizado. Os Estado Unidos também quer lançar
em 2018", comenta Fabiano Chagas, gerente da ZTE.

Mas estas experiências podem não passar de testes. O chefe para a
América Latina da GSMA, Sebastian Cabello, é taxativo: "Tudo o que
vocês virem de 5G antes de 2019 é teste. Não existe nada antes do
final de 2018, quando a ITU se reúne e lança o padrão oficial".

Segundo ele, uma das grandes disputas do mercado é pela propriedade
intelectual. "O que todos querem nessa corrida é claro, colocar um
pouco da sua propriedade intelectual na nova tecnologia, daí vem
muitas divisas", comenta



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