ARLA/CLUSTER: UE escondeu estudo que revela que downloads ilegais não afectam as vendas

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 25 de Setembro de 2017 - 18:48:12 WEST


<http://abertoatedemadrugada.com/2017/09/ue-escondeu-estudo-que-revela-que.html>

Os nossos supostos governantes na UE vão ter que explicar porque motivo
suprimiram um estudo que eles próprios encomendaram, e que concluiu que os
downloads ilegais não têm impacto negativo nas vendas - e que até as
promovem, no caso de certos conteúdos.

O estudo, que custou 370 mil euros(!) foi encomendado em 2014 e as
conclusões do mesmo foram entregues em Maio de 2015 à Comissão Europeia.
Mas estranhamente, em vez do estudo (pago com dinheiros públicos) ser
publicado, foi mantido em segredo. Só mais recente, Julia Reda do Partido
Pirata, teve curiosidade em saber porque motivo os resultados do estudo não
tinham sido revelados, e fez um pedido para os obter. Um pedido que se veio
a tornar numa experiência surreal
<https://www.asktheeu.org/en/request/estimating_displacement_rates_of>, e
que veio culminar com a publicação "voluntária" do estudo - com a CE a
dizer que era o que já planeava fazer e que nada teve a ver com o pedido
feito (errr.... pois... é isso mesmo...)

O estudo, que analisa 30000 pessoas na Alemanha, França, Polónia, Espanha,
Suécia e Reino Unido, refere que, em 2014, cerca de 51% dos adultos e 72%
dos jovens fazia downloads ou streaming ilegais. Mas, mais interessante, é
que o estudo não conseguiu demonstrar que estes downloads e streams
tivessem qualquer impacto negativo nas vendas
<https://www.techdirt.com/articles/20170920/08463638245/eu-buried-own-400000-study-showing-unauthorized-downloads-have-almost-no-effect-sales.shtml>
de
uma forma global. O único caso em que foi detectada uma correlação foi no
caso de filmes recentes, em que o recurso à pirataria era acompanhado por
uma redução nas vendas (se calhar também influenciado pelo facto dos filmes
recentes muitas vezes nem sequer estarem disponíveis para serem comprados);
mas por outro lado, também se tem o caso dos jogos de computador, em que o
estudo concluiu que a pirataria promovia a compra de mais jogos legais.

Outra conclusão curiosa, que não será novidade para qualquer pessoas
"normal" (mas que certas entidades continuam a não querer ver) é a velha
questão do preço. Nos filmes e séries a grande maioria das pessoas que faz
downloads ou streaming considera que esses conteúdos têm preços exagerados,
que as leva a recorrer às fontes alternativas; mas no caso de jogos, música
e livros, os preços eram considerados "justos", pelo que haveria mais
pessoas dispostas a comprá-los pela via legal.

<https://1.bp.blogspot.com/-QU1GWYpI2NM/WcR3VlwfXsI/AAAAAAAEkT4/K1-5lxJIguM7pRZlrR40KBdaJgd2KvGWwCLcBGAs/s1600/ec.jpg>

É triste ver que as mais altas instâncias europeias tenham escondido os
resultados deste estudo que contraria completamente os argumentos que eles
utilizam para tentarem justificar leis abusivas - e o facto de o fazerem de
forma consciente e não por desconhecimento torna o caso bastante mais
grave. Aliás, há até a questão de uma publicação académica de alguns
membros da Comissão Europeia terem citado os resultados destes estudo
referente à "excepção" dos filmes recentes, mas convenientemente
esquecendo-se de referir a conclusão global de que os downloads não têm
impacto mensurável nas vendas de conteúdos legais, ou que até as promovem,
no caso de alguns conteúdos. Ou seja... o estudo era de facto conhecido...
mas estava a ser utilizado apenas com os excertos que "interessavam".

Nem tenho palavras para descrever o quão vergonhoso tudo isto é... E que só
se fica a saber por causa de umas poucas vozes solitárias, que não têm
descansado para trazer estes (e outros) assuntos a público.

... Algo a ter em conta da próxima vez que houver eleições e todos puderem
fazer valer a sua pequena contribuição para escolher quem lá se coloca..

Fonte: Aberto Até de Madrugada.
-------------- próxima parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
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