ARLA/CLUSTER: Projeto de busca por ETs detecta 15 pulsos de rádio suspeitos

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 6 de Setembro de 2017 - 12:24:04 WEST


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EXAME Da Redação · 04/09/2017

Astrônomos do Breakthrough Listen, iniciativa que destinou 100 milhões
de dólares à busca por vida inteligente em outros planetas, detectaram
15 pulsos de rádio gerados em uma galáxia anã a 3 bilhões de anos-luz
de distância da Terra. Eles estão entre os mais intensos já
registrados pelo projeto, que foi criado em janeiro de 2016 pelo
astrofísico Stephen Hawking e o bilionário russo Yuri Milner para
colher indícios da atividade tecnológica de civilizações no mínimo tão
avançadas quanto a nossa.

Em princípio, pulsos rápidos de ondas de rádio podem ser emitidos por
fenômenos naturais – como estrelas de nêutrons com um forte campo
magnético. Mas essa é uma aposta conservadora para os padrões dos
“discípulos” do cientista inglês.

Eles têm outra teoria em mente: com a tecnologia disponível hoje, uma
nave espacial não conseguiria carregar o combustível necessário para
percorrer, em um tempo razoável, distâncias tão longas quanto as que
separam dois sistemas estelares. Mesmo Proxima Centauri, a estrela
mais próxima do Sol (que contém um planeta potencialmente habitável),
está a 4,37 anos-luz daqui. Uma sonda como a Voyager, que já passou
até de Plutão, levaria mais ou menos 90 mil anos para chegar lá.

Uma solução possível para esse impasse seria impulsionar veículos
espaciais em viagens mais longas usando pulsos de ondas
eletromagnéticas disparados aqui da Terra – o que permitiria, de
acordo com as contas, levá-los a algo entre 15% e 20% da velocidade da
luz sem nenhuma preocupação com o tanque de gasolina.

Essa ideia é boa. Tão boa que talvez os extraterrestres tenham pensado
exatamente a mesma coisa. Nada impede, afirmam Hawking, Milner e sua
turma, que as ondas de rádio periódicas e intensas que alcançam os
telescópios terráqueos sejam indícios de alienígenas impulsionando
suas próprias naves, exatamente como nós queremos fazer.

O problema é que daqui, a 3 bilhões de anos-luz da fonte das emissões,
fica difícil de provar que haja qualquer coisa ali – seja o campo
magnético de uma estrela de nêutrons, seja uma civilização mais
avançada que a nossa. Tudo o que se sabe é que FRB 121102 – nome
técnico dado ao ponto do céu de onde vêm os pulsos – é um cantinho
particularmente ativo do firmamento. Desde que as investigações
começaram, em 2012, 150 sinais já vieram dali; o último “lote”, com
15, é só a cereja do bolo.

Vale lembrar que, na época em que essas ondas de rádio foram emitidas,
o Sistema Solar ainda era jovem, e a Terra tinha apenas bactérias e
outras formas de vida unicelulares bastante simples. Ou seja: se essas
emissões forem mesmoindícios de outras civilizações, elas existiram
literalmente há muito tempo atrás, em uma galáxia muito, muito
distante – e é provável que não existam mais. Com um delay de 3
bilhões de anos-luz, nós nunca saberemos.

“Além de confirmar que a fonte está em um estado ativo, a alta
definição das informações obtidas pelos instrumentos de escuta
permitirão medir as propriedades desses pulsos misteriosos com a maior
precisão já alcançada”, afirmou em comunicado Vishal Gajjar,
responsável pela descoberta. Dados numéricos detalhados sobre essas
observações estão disponíveis neste boletim.

“Mesmo que esses pulsos rápidos de rádio acabem não sendo indícios de
tecnologia extraterrestre, o Breakthrough Listen está ajudando a
expandir as fronteiras de uma área promissora para a compreensão do
universo em nosso entorno”, afirmou Andrew Siemion, diretor do
instituto SETI – um centro de busca de vida inteligente fundado na
década de 1980, e cujos pesquisadores receberam uma parcela
considerável dos 100 milhões destinados ao Breakthrough Listen.



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