ARLA/CLUSTER: COSMOS: Será que estamos sós?
João Costa > CT1FBF
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Sexta-Feira, 20 de Outubro de 2017 - 22:44:35 WEST
---------- Mensagem encaminhada ----------
De: Domingos Soares
Data: 20 de outubro de 2017 Ã s 22:01
ANTERIOR <http://www.fisica.ufmg.br/dsoares/cosmos/17/cosmos16.htm>
20 de outubro de 2017
Caros Amigos da Cosmologia,
Estamos sós no cosmos?
A pergunta é o objeto da pesquisa astronômica de Frank Drake há mais de 50
anos. Ontem assisti a uma palestra proferida por ele, promovida pelo
Departamento de Astronomia da Universidade Cornell, em Ithaca, estado de
Nova York, onde me encontro no momento. Esta palestra é parte da celebração
dos 40 anos das missões Voyager 1 e 2
<https://voyager.jpl.nasa.gov/mission/> para exploração de Júpiter e
Saturno.
Frank Drake, 87 anos, é pesquisador do Instituto SETI (*Search for
Extraterresrial Intelligence*) e é conhecido por, entre outras coisas,
a *“equação
de Drakeâ€*, que é uma formulação probabilÃstica para a estimativa do número
de civilizações inteligentes e tecnológicas em nossa galáxia (leiam uma
descrição detalhada da equação de Drake no interessante artigo do Prof.
Renato Las Casas e da jornalista Divina Mourão em Vida Extraterrestre
<http://www.observatorio.ufmg.br/pas05.htm>, que será referido daqui para a
frente como VET).
Enumerarei a seguir alguns pontos que achei interessante na palestra, não
exatamente na ordem em que foram apresentados, mas de acordo com as minhas
lembranças.
1) O interesse cientÃfico pela busca de inteligência extraterrestre
remonta ao século XIX com o fÃsico, matemático e astrônomo alemão Carl
Gauss e com o fÃsico e inventor italiano Marconi. Marconi tentou enviar
sinais de rádio para o espaço, mas não teria tido sucesso pelo fato de que
a frequência que usou não sai (nem entra) na Terra, pois é bloqueada pela
atmosfera.
2) A pesquisa SETI hoje em dia utiliza radiotelescópios espalhados pelo
mundo, tais como, Parkes, 65 m de diâmetro, na Austrália, Green Bank, 100
m, Estados Unidos, Arecibo, 305 m, Porto Rico (Estados Unidos; foi
danificado pelos recentes furacões, mas em breve voltará a operar),
FAST (*Five-hundred-metre
Aperture Spherical Radio Telescope*), 500 m (400 m efetivos), China, o
maior radiotelescópio do mundo.
3) SETI começa a adotar a luz visÃvel em suas buscas, uma ideia antiga
mas que só agora começa a ser utilizada. Feixes de raio laser são
direcionados para todas as regiões de nossa galáxia e detectores tentam
observar lasers pulsantes enviados por civilizações extraterrestres para a
transmissão de mensagens.
4) Pano-SETI ou *Panoramic SETI* é um novo projeto SETI que busca
observar todo o céu continuamente. Existe em média 1 estrela por 24
anos-luz cúbicos na Via Láctea e de acordo com os resultados da sonda
Kepler todas as estrelas possuem sistemas planetários e 1 em cada 5
estrelas possuem planetas na chamada “zona habitável†(região em torno de
uma estrela que proporciona condições semelhantes às prevalentes na Terra
para o desenvolvimento da vida).
5) Em 1974 houve um grande investimento para a reforma do
radiotelescópio Arecibo que fora inaugurado em 1963. Para comemorar a
reinauguração do telescópio, Drake e colegas tiveram a ideia de usar o
telescópio para enviar uma mensagem para os nossos prováveis companheiros
da Via Láctea. A mensagem não podia ser longa para não incomodar as
autoridades — era um monótono sinal de rádio codificado de forma a
corresponder a um sinal sonoro audÃvel. A mensagem deveria conter imagens e
informação na forma de algoritmos matemáticos (números binários), para ser
entendida por uma civilização que possua as caracterÃsticas lógicas de uma
mente inteligente — esta foi a ideia de Drake e colegas. E assim fizeram. A
mensagem pode ser vista em VET na seção “Enviamos nossos sinais?â€. Com a
tecnologia da época, a mensagem foi enviada a uma taxa de 10 bits/s durante
3 minutos, ou seja, 10×3×60 = 1800 bits = 1800/8 = singelos 225 bytes (1
byte = 8 bits). (ExercÃcio: vejam a imagem em VET e contem os cerca de 1800
quadradinhos brancos e pretos, 1 bit para cada um).
6) A grande dificuldade de SETI é a profusão de sinais espúrios, sinais
de rádio locais e especialmente sinais de satélites artificiais terrestres.
Existem cerca de 200 satélites em órbita da Terra emitindo sinais
(comunicação, meteorologia, militar, etc.). Todos estes sinais têm que ser
identificados e excluÃdos da base de dados.
7) O SETI conta principalmente com financiamentos particulares para as
suas pesquisas, pois as entidades governamentais têm dificuldade em aceitar
projetos de pesquisa que não têm perspectivas de terminar. O sucesso, ou
fracasso, da busca por inteligência extraterrestre não pode ser previsto.
Drake citou o exemplo de um imigrante e investidor russo que se comprometeu
a garantir ao Instituto SETI, a fundo perdido, o total de 100 milhões de
dólares em 10 anos. O seu nome é Yuri Milner.
Um abraço a todos.
Saudações Cosmológicas,
Domingos
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Domingos Sávio de Lima Soares
*FLORESTA COSMOS* <http://www.fisica.ufmg.br/dsoares/fc.htm>
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