ARLA/CLUSTER: Icebergue com o equivalente à área do distrito de Portalegre soltou-se da Antártida
João Costa > CT1FBF
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Quinta-Feira, 13 de Julho de 2017 - 13:19:28 WEST
Icebergue estava prestes a desprender-se há 6 meses, mas foi esta
semana que finalmente se soltou. É 300 vezes maior que o que afundou o
Titanic, o equivalente à área do distrito de Portalegre.
Um icebergue com quase seis mil quilómetros quadrados — o equivalente
à area do distrito de Portalegre ou mil quilómetros quadrados maior do
que o Algarve — desprendeu-se esta quarta-feira da plataforma
continental da Antártida, ficando à deriva no Oceano Antártico. Estes
dados foram disponibilizados depois de os investigadores terem
analisado imagens captadas por satélites durante esta manhã. É uma
plataforma com 350 metros de espessura que já estava prestes a
desprender-se há vários meses. No mês passado, quando a plataforma já
estava presa ao continente por apenas 20 quilómetros de gelo, os
cientistas já adivinhavam para breve o desprendimento do maior
icebergue de sempre. No dia seguinte, já só faltavam 13 quilómetros.
Em maio, já se faziam as contas ao tamanho deste icebergue monstruoso,
que agora se vai chamar A68: é 300 vezes maior do que aquele que
provocou o naufrágio do Titanic. Apesar de ter apenas metade do
tamanho do icebergue B-15, que se separou da plataforma de gelo Ross
em 2000, este é um dos dez maiores icebergues do planeta Terra.
Os cientistas não têm provas de que a fissura tenha aparecido devido
às alterações climáticas, apesar de as outras duas plataformas —
Larsen A (1995) e Larsen B (2002) — se tenham desprendido por causa
dos efeitos do aquecimento global. A abertura de uma fenda entre
aquele bloco e o continente, que se alastrou a uma velocidade
impressionante nos últimos seis meses, levou agora à inevitável
separação entre os blocos. Só entre entre 25 e 31 de maio, menos de
uma semana, a fenda aumentou 17 quilómetros: foi a maior abertura
documentada desde janeiro deste ano. Mais tarde, entre 24 e 27 de
junho, a fenda começou a aumentar, em média, 10 metros por dia.
Esta separação era esperada pelos cientistas, que há mais de dez anos
seguiam uma grande fenda, cuja propagação se acelerou a partir de
2014. A massa de gelo, com 200 metros de espessura, não deverá
mover-se para longe nem muito depressa, mas deverá continuar a ser
monitorizada. Correntes e ventos podem eventualmente empurrar o
icebergue para norte do Antártico, o que causaria dificuldades à
navegação. Também é provável que o novo icebergue se separe em breve
em blocos de gelo mais pequenos.
Segundo a Agência Espacial Europeia (AEE) e o cientista Noel
Gourmelen, da Universidade de Edimburgo, o icebergue tem 1.155
quilómetros cúbicos de gelo, equivalente à água necessária para encher
462 milhões de piscinas olímpicas. No entanto, o desprendimento do
icebergue não vai ter um efeito significativo no aumento do nível da
água do mar: conforme as explicações de Anna Hogg, especialista em
observações de glaciares através de satélite, o facto de este
icebergue estar agora à deriva é semelhante a colocar um cubo de gelo
dentro de um gin. Apesar de significativo, este evento não tira o sono
dos cientistas: não há indícios de que isto signifique que a
plataforma Larsen se esteja a desintegrar, muito menos de que esta
fenda em si tenha sido provocada pelos efeitos das alterações
climáticas. Significa, isso sim, que a plataforma está mais instável.
Fonte: Observador
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