ARLA/CLUSTER: Nove relógios do sistema de navegação Galileo falharam, 30 satélites previstos em operação até 2020 podem agora estar comprometidos.

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 18 de Janeiro de 2017 - 19:04:17 WET


Nove dos relógios a bordo dos 18 satélites do sistema de navegação
europeu Galileo falharam, informou a Agência Espacial Europeia (ESA),
que assegurou que a operacionalidade do projeto, a versão europeia do
GPS, não foi afetada.

Autores: Agência Lusa e Marta Leite Ferreira in Observador

Nove dos relógios a bordo dos 18 satélites do sistema de navegação
europeu Galileo falharam, informou esta quarta-feira a Agência
Espacial Europeia (ESA), que assegurou que a operacionalidade do
projeto, a versão europeia do GPS, não foi afetada. O diretor-geral da
ESA, Jan Woerner, precisou que se avariaram seis relógios ‘maser’
passivos de hidrogénio e outros três ‘standard’ de frequência atómica
de rubídio, cujos erros estão a ser investigados.

Cada satélite está equipado com dois relógios ‘maser’ de hidrogénio
passivos – um que serve de referência principal para gerar sinais de
navegação e outro que é utilizado como reserva – e com outros dois de
frequência atómica de rubídio, que servem de apoio aos primeiros em
caso de falhas, para que exista sempre um operacional. “É um tema
sensível”, admitiu Woerner, que destacou a importância desses relógios
para o bom funcionamento do sistema, adiantando que não saber ainda se
será possível recupera-los.

O diretor-geral da ESA salientou que, apesar de a operacionalidade do
sistema Galileo não ter sido posta em causa, “se estas falhas começam
a ser sistemáticas é preciso ter cuidado”. A ESA, disse o responsável,
está a estudar se cancela a colocação em órbita de novos satélites até
ter uma explicação para o problema ou se mantém os lançamentos, o que
supõe a colocação nos satélites de um maior número de relógios tanto
ativos como de reserva.

A ESA explica na sua página da internet que “conceptualmente” os
utilizadores do Galileo determinam a sua posição mediante a medição do
tempo que demoram a chegar a eles as ondas de rádio transmitidas pelos
satélites, pelo que a precisão dessa medição é importante. Woerner
admitiu que não se sabem as causas da falha mas insistiu que o sistema
de substitutos permitiu que todos os satélites estejam em
funcionamento.

Atualmente com 18 satélites, todos já em órbita, o Galileo deverá
contar até 2020 com uma “constelação” de 30 satélites, estando
previsto o lançamento dos restantes 12 ao longo dos próximos anos, e
só então o sistema de navegação europeu – pensado em 2001 para pôr fim
à dependência do sistema norte-americano GPS (de origem militar) —
deverá atingir a sua plena capacidade operacional.

Além do Galileo e do GPS, a navegação global por satélite conta também
com o sistema russo Glonass e com o chinês Beidou. Mas quando surgiu,
em 2011, a Galileo gabava-se de ser a mais precisa e mais segura do
mercado. Contava ter um enxame de 30 satélites em operação até 2020,
mas esses planos podem agora estar comprometidos.



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