ARLA/CLUSTER: As bandas, a pirataria e o exemplo Tailandês

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 18 de Janeiro de 2017 - 13:33:47 WET


Comentava, há dias no IARUMS, o radioamador Lou – VK5EEE, sobre a
impraticabilidade das bandas, devido ao QRM e as consequências daí
advindas, nomeadamente, o abandono da prática do radioamadorismo e a
desertificação das bandas.

A título de “um bom exemplo”, Lou-VK5EEE cita o caso tailandês onde há
ZERO piratas.

Na Tailândia há 3 classes de amador (as regras gerais da ITU são as
mesmas): Básica, Intermediária e Avançada:
- Básica permite operar em 10 metros (28 MHz) até 100W, bem como dois
metros (144 MHz) até 60W. Nos estações dos clubes a potência emitida
pode ir até 100 W. Aqueles que não possuem uma licença de rádio amador
podem operar numa estação de clube, sob supervisão. O exame para a
licença Básica(Novice) é mais fácil que o da Fundation em UK (pouco
mais que legislação).

A classe não caduca, por isso, dos 246.959 licenciados, 97,1% são
Básica. Apenas 717 (2,9%) decidiram prestar provas para as classes
Intermediária e Avançada.
- Os indicativos (de estação) expiram ao fim de dois anos, se não
forem renovados e são reatribuídos a outros.
- O teste de código Morse é um componente do exame de radioamador de
classe intermediária e avançada.

Na legislação tailandesa há algumas regras nacionais que, segundo o
Lou, podem condicionar comportamentos menos recomendáveis, tais como:
1. ninguém pode adquirir um equipamento sem exibir uma licença;
2. ninguém pode utilizar um equipamento importado sem inspeção;
3. ninguém pode operar "algures" em móvel/portátil, tem de ter uma
localização identificada.
E, afirma,  apesar da lentidão na obtenção de uma licença (chegam a
esperar 6 meses pelo exame) este sistema funciona!

Sendo a Tailândia um país com 247.000 radioamadores (1 em cada 275
habitantes é radioamador / em Portugalk é 1 para cada 1596 hab), tendo
uma densidade populacional idêntica à de Portugal, 132h/km2
(habitantes por kilómetro quadrado) PT 115h/km2, sendo mais pobres
($14.442 vs $26.306 rpc) mas mais instruidos (96,43% vs 94,48%), numa
população de 68 Milhões de pessoas (6,5 vezes superior à de Portugal)
como se consegue ter “radioamadores satisfeitos” e sem piratarias?

E se em Portugal, a Anacom decidisse:
1- abrir os 10m e os 2m à categoria 3 (algo parecido com a antiga
classe C) como forma de se prevenir a pirataria, ou supervisões de
coisa nenhuma, (algumas pagas!)?;
2- condicionar a venda de equipamentos de amador à apresentação e
registo do CAN, poupando na fiscalização que é muito dispendiosa (e
por isso...) e que a taxa cobrada aos amadores não paga?

Exigir que sejam os amadores a indicar a origem da interferência, não
funciona...(não somos delatores e, pelo contrário, pagamos para ter
proteção!);

A Anacom, junto de quem as propostas dos amadores parecem não vingar
(há uma proposta há 6 anos, sem resultados...) terá de pensar melhor a
sua estratégia ao invés de ouvir (alguns) amadores e a ficar no que
lhe parece...
Senão isto pode tornar-se impraticável.

José Machado-CT1BAT

Fonte: Blog da TRGM-Tertúlia Radioamadorística Guglielmo Marconi



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