ARLA/CLUSTER: A árdua tarefa de recuperar um meteorito mais velho do que a própria Terra

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quinta-Feira, 7 de Janeiro de 2016 - 13:18:59 WET


Recuperado meteorito mais velho do que a própria Terra

Uma equipa de investigadores australianos teve uma véspera de ano novo
diferente: andaram num lago cheio de lama à procura de um meteorito
com 4,5 mil milhões de anos.

O meteorito recuperado no lago Eyre, na Austrália

Universidade Curtin

Autor Vera Novais in Observador


A véspera de ano novo trouxe um presente para os cientistas
australianos: recuperaram um meteorito com 4,5 mil milhões de anos que
tinha caído uns dias antes, na zona de William Creek e Marree, no sul
da Austrália.

É mais velho do que a própria Terra. É a rocha mais antiga que alguma
vez terão na mão”, disse ao ABC Phil Bland, professor na Universidade
Curtin.

As cerca de 32 câmaras montadas em rede para o projeto Desert Fireball
Network, que estavam colocadas em William Creek, Mount Barry, Billa
Kalina e Wilpoorina, registaram a entrada de um meteoro na atmosfera –
um objeto rochoso proveniente do espaço, no dia 27 de dezembro. Essa
informação foi confirmada pela população das áreas de William Creek e
Marree, que também viram a bola de fogo a rasgar o céu – na altura
tinha 80 quilogramas e viajava a 14 quilómetros por segundo, refere o
jornal WAToday.

Assim que conseguiram confirmar a localização do meteorito (nome dado
ao meteoro quando atinge a superfície terrestre), no lago Eyre, os
cientistas acorreram ao local para recuperar a rocha, mas o processo
foi mais complexo do que esperavam – três dias de buscas, um drone, um
localizador aéreo, dois homens no lago e guias locais, revela o
comunicado de imprensa da Universidade Curtin.

“Termos conseguido recuperar o meteorito é um facto notável”, disse
Jonathan Paxman, um dos membros da equipa, falando do trabalho em
contrarrelógio para conseguir recuperar o meteorito. Caso contrário
ficaria perdido para sempre. Mas para isso tiveram de percorrer mais
de seis quilómetros numa zona remota das margens do lago e caminhar
sobre terreno mole devido às chuvas recentes.

Para dificultar ainda mais a tarefa, o meteorito de 1,7 quilogramas,
estava enterrado na lama a uma profundidade de 42 centímetros. Mas
valeu a pena. A rocha tem 4,5 mil milhões de anos e terá tido origem
na cintura de asteroides, entre Marte e Júpiter. Este e outros
meteoritos que os investigadores esperam encontrar com a ajuda das
câmaras do projeto Desert Fireball Network poderão trazer informações
sobre a origem do sistema solar.



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