ARLA/CLUSTER: ASTRÓNOMOS RUSSOS DETECTARAM (IMPROVÁVEL) SINAL DE INTELIGÊNCIA EXTRA-TERRESTRE

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 30 de Agosto de 2016 - 17:19:53 WEST


Astrofísicos do Observatório da Academia das Ciências da Rússia, em
Nizhny Arhiz, registraram um sinal muito estranho, proveniente do
sistema estelar HD 164595, na constelação de Hércules, que pode ser um
indício de actividade alienígena inteligente, revela o astrónomo Paul
Gilster.

O astrónomo Paul Gilster, escritor e editor do site de divulgação
científica Centauri Dreams, revelou este sábado que o radiotelescópio
russo RATAN-600 registou, há cerca de um ano, a 15 de maio de 2015, um
sinal proveniente de fora da Terra num comprimento de onda de 2,7
centímetros.

O sinal foi captado uma única vez, e tinha um brilho 8 a 10 vezes mais
intenso do que a Lua ou um pulsar típico. Desde então, o sinal não se
repetiu. No fim da semana passada, cientistas do Observatório de
Astrofísica da Academia das Ciências da Rússia, SAO, decidiram
partilhar a descoberta com o mundo científico, enviando cartas a
astrónomos de todo o mundo.

Segundo a agência russa Sputnik News, uma destas cartas chegou a Paul
Gilster, que decidiu dar a conhecer a descoberta ao mundo.

A estrela de onde o sinal detectado é proveniente, HD 164595, é
semelhante ao Sol, mas fica a uma distância de 95 anos-luz da Terra.
Os astrónomos do SAO identificaram também um planeta próximo da HD
164595, com uma massa 16 vezes maior do que a da Terra – um “Neptuno
quente” – e cuja órbita em torno da sua estrela é de 40 dias.

A descoberta foi recebida com alguma cautela por parte do SETI, o
famoso Instituto de Pesquisa de Inteligência Extraterrestre que há 40
anos vigia as estrelas à procura de sinais de vida extra-terrestre.

Segundo Seth Shostak, astrónomo sénior do SETI, a dúvida principal é a
potência do sinal recebido.

Por um lado, o sinal é fraco, mas para ser detectado a 95 anos luz de
distância necessitaria de uma fonte de energia incomensurável –
excepto se fosse um sinal direccionado especificamente para a Terra,
que precisaria de menos energia.

"Com base nas características do sinal recebido, a hipotética
civilização extraterrestre teve que gerar cerca de 100 bilhões de
bilhões de watts de energia para lançá-lo em todas as direções. Por
outro lado, se a intenção seria de enviar o sinal na direção da Terra
(por alguma razão), eles teriam que produzir mais de 1 trilhão de
watts", disse Seth. "O primeiro número é centenas de vezes mais
intenso do que toda luz solar que incide sobre a Terra. Essa é uma
conta de energia muito grande."

Por exemplo, é possível que seja uma interferência causada por um
satélite em órbita da Terra, ou por um objeto mais próximo. Segundo
Seth, sua aposta no momento seria alguma interferência que tenha
causado o estranho sinal.

Só uma civilização alienígena avançada poderia ter produzido tal
sinal, acreditam os cientistas, mas tal seria estranho “eles” entrarem
em contacto, porque não devem ter recebido nenhuma transmissão de
rádio ou sinal de radar da Terra.

Outra possibilidade, muito possível, é que nós nunca saberemos. A
equipe responsável pelo rádio telescópio russo já observava o sistema
HD 164595 há algum tempo antes de detectar esse estranho sinal. Mais
precisamente, eles fizeram 39 observações, e o sinal foi detectado
apenas uma única vez. "Se ninguém conseguir detectar esse sinal
novamente, é provável que ele se torne mais um grande mistério ao
estilo do famoso Sinal Wow, de 1977", disse Seth.

O professor Eric Korpela, cientista do projecto Seti  Home, realça que
sinais como o anunciado pelos astrónomos russos são bastante comuns e
que, na largura de banda captada pelo RATAN-600, não há forma de
distinguir com clareza a fonte do sinal.

Os próprios autores da descoberta acham que é bastante improvável que
este seja um sinal de vida inteligente, mas que mesmo assim se trata
de um sinal interessante.

O que não explica por que fizeram segredo do sinal durante tanto
tempo, numa clara quebra do protocolo da comunidade científica.

Apesar de a vida neste planeta ser pouco provável, duas equipas de
astrónomos do SETI iniciaram esta segunda-feira a observação constante
da estrela HD 164595.

A descoberta deste sinal vai ser o tema principal da agenda da reunião
do Conselho permanente do SETI, que tem lugar no dia 27 de setembro no
México, e durante a qual astrónomos e cientistas de todo o mundo vão
tentar perceber se o ET telefonou para a Terra.



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