ARLA/CLUSTER: Vamos desfazer mitos sobre as baterias dos carros e smartphones ( e temos umas dicas)

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Domingo, 10 de Abril de 2016 - 14:56:03 WEST


*Algumas técnicas simples permitem aumentar significativamente a vida das
baterias, estejam elas num smartphone ou num veículo eléctrico**.*

SÉRGIO MAGNO <http://expresso.sapo.pt/autores/2015-05-14-Sergio-Magno> in
Jornal Expresso

Miliamperes, watts, carga rápida, lítio… Estão são algumas das expressões
que são cada vez mais comuns quando se fala de dispositivos com baterias,
quer se trate de um pequeno telemóvel, quer de um veículo elétrico. E não
são só as características técnicas que lançam a confusão entre os
consumidores e utilizadores.

Há ideias pré-concebidas erradas, algumas das quais resultam da falta de
acompanhamento da evolução da tecnologia – o que era verdade há uns anos
não é necessariamente verdade agora – e outras da interpretação errada ou
incompleta da informação. Um exemplo típico, que se ouve com alguma
regularidade: “devemos deixar as baterias descarregarem por completo antes
de voltarmos a carregá-las.†Um erro comum.

*QUANDO CARREGAR?*

A ideia de que devemos deixar as baterias descarregarem completamente para
aumentar a longevidade das células é errada. Pelo menos quando aplicada às
baterias atuais, que são, na sua esmagadora maioria, baseadas em células de
lítio. Trata-se de uma ideia que vem dos tempos das baterias de níquel
onde, de facto, é conveniente aplicar ciclos de carga/descarga completos.

Na verdade, a técnica a usar para aumentar ao máximo a longevidade das
baterias mais utilizadas na atualidade é a inversa: evitar cargas e
descargas completas. Cada vez mais os sistemas de gestão da carga
integrados nos aparelhos fazem isso mesmo automaticamente. Há fabricantes
que optam por criar circuitos mais conservadores (usar uma parte menor da
capacidade total da bateria), que permitem uma maior durabilidade das
baterias. Outros preferem apostar em usar uma maior percentagem da
capacidade da bateria à custa da longevidade, o que permite poupar no custo
de produção (usam baterias de menor capacidade).

Nestes casos, a capacidade da bateria pode diminuir rapidamente após alguns
meses de utilização. Nos portáteis e telemóveis, por exemplo, é comum as
marcas optarem pela primeira estratégia em aparelhos de menor custo e pela
segunda opção em aparelhos mais caros.

Ou seja, quando, por exemplo, o nível de carga indicado por um iPhone novo
é de 10%, na verdade a carga deverá estar mais próxima dos 30%. E quanto o
nível indicado é de 100%, é provável que a carga real ande próxima dos 80 a
90 por cento. Deste modo os fabricantes conseguem que as baterias durem
mais anos.

Se utiliza um dispositivo móvel de qualidade, então não tem de se preocupar
com quando deve ou não deve carregar a bateria, já que a gestão integrada
deverá ser suficiente para manter a bateria saudável durante alguns anos.

No entanto, pode sempre ajudar nesta gestão, evitando que a carga não
ultrapasse os 80 a 90% e, ainda mais importante, evitando que o nível desça
abaixo de 20%. Muitos aparelhos incluem a opção de limitar a capacidade
máxima da carga para “castigar†menos a bateria. Uma técnica comum em
carros elétricos e também utilizada em alguns portáteis. Procure por esta
opção e ative-a quando prevê que não vai precisar de toda a capacidade da
bateria.

Como é normal, quanto mais a bateria for utilizada, menos vai durar. Aliás
é isso que significa o número de ciclos de carga normalmente anunciados
pelos fabricantes. No entanto, uma bateria não utilizada por muito tempo
também acaba por perder capacidade, sobretudo se for mal acondicionada. Em
aparelhos com bateria amovível e que ficam ligados durante muito tempo à
corrente elétrica, o melhor é remover a bateria e guardá-la num sítio seco
e longe de luz solar intensa.

No entanto, a bateria nunca deve ser guardada durante longos períodos de
tempo com uma carga muito elevada ou sem carga. Se planeia não utilizar a
bateria durante vários dias, o melhor será guardá-la com cerca de 40% de
capacidade. Mas mesmo assim recomendamos que não deixe a bateria sem uso
durante muitos dias. O melhor é utilizar a bateria pelo menos uma vez por
semana, deixando-a descarregar até 20% e voltar a carregar até 80%. Depois
deixe gastar até 40% para voltar a retirá-la.

Claro que em muitas situações precisamos de usar toda a bateria, desde os
100 aos 0 por cento. O que também é bom que aconteça, pelo menos
ocasionalmente, de modo a que o sistema de gestão de energia seja calibrado
– só assim as percentagens de carga indicadas são fiáveis.

*CARGA RÃPIDA: SIM OU NÃO?*

Há adaptadores de corrente que prometem carregar mais rapidamente os
dispositivos. Para o efeito, utilizam uma maior intensidade de corrente. No
entanto, a utilização deste tipo de adaptadores tem algumas limitações e
pode afetar a longevidade da bateria. A primeira limitação prende-se com os
gestores de carga integrados, que podem limitar nos aparelhos a intensidade
de corrente que pode ser usada. Por exemplo, muitos smartphones têm a
entrada de energia limitada a 1 ampere (1 A), o que significa que a
utilização de um carregador com mais capacidade não fará qualquer diferença.

Depois há que considerar o efeito negativo que a carga rápida pode ter nas
células da bateria. Uma vez mais, depende muito do sistema de gestão de
carga. Por exemplo, um bom sistema de gestão é dinâmico, sendo capaz de
alterar a intensidade de carga de acordo com diferentes condições das
células, com destaque para a temperatura e nível de carga. Em regra, estes
sistemas permitem aplicar uma maior intensidade de corrente no início,
quando o nível da bateria é menor, diminuindo no final, quando o nível de
carga da bateria se aproxima da capacidade máxima. Uma técnica que permite
aumentar a velocidade de carga sem afetar a vida da bateria – pelo menos
não de modo evidente. É o que acontece, por exemplo, no iPhone 6. Apesar de
este smartphone vir acompanhado de um carregador de 1 A, a utilização de um
carregador de 2 A – o que é fornecido com o iPad, por exemplo – acelera
significativamente a carga, sobretudo a parte inicial.

Resumindo: podemos usar adaptadores mais potentes, mas apenas em
dispositivos que estejam preparados para receber os eletrões extra. Nas
situações de carga direta das baterias (sem sistema de gestão), é
importante respeitar os valores dos fabricantes para não reduzir a
longevidade da bateria – nos casos extremos, potência de carga a mais pode
danificar por completo as células.

*CARREGADORES: VALE A PENA PAGAR MAIS?*

Muitas vezes precisamos de substituir ou comprar um segundo adaptador de
corrente (carregador) dos nossos aparelhos. No mercado há muitas opções,
com preços muito variáveis. Mas vale a pena pagar pela marca? Em geral, a
resposta é sim. A transformação de energia que ocorre num
adaptador/transformador é um processo muito dependente da qualidade dos
componentes, o que tende a afetar bastante o preço do produto.

Um adaptador de baixo custo apresenta, regra geral, variações importantes
na saída de energia, tanto na tensão (volts) como na intensidade (amperes).
A má qualidade dos componentes pode também dar a origem a sobrecargas e até
mesmo incêndios provocados por curto-circuitos ou por sobreaquecimento
(transformadores de má qualidade têm um menor rendimento energético, o que
significa que uma maior parte da energia que vão buscar à rede é
transformada em calor, e não em energia de saída). Esta situação torna-se
mais evidente quando se trabalha com potências maiores (mais amperes e/ou
mais volts). Ou seja, num carregador USB de baixa intensidade (em regra,
não ultrapassam 1 ampere) pode não representar um perigo importante, mas
não convém arriscar nada em adaptadores de maior potência.

O melhor é mesmo comprar um adaptador suportado oficialmente pelo
fabricante. Até para evitar outros problemas: a utilização de um adaptador
não oficial pode ser o suficiente para que a garantia perca a validade, e
alguns portáteis não aceitam carga de adaptadores de outras marcas.

*COMO ESCOLHER UMA BATERIA OU UM POWERBANK*

Muitos dispositivos móveis permitem substituir a bateria, o que é uma
operação recomendada quando a autonomia já “não é o que eraâ€. Por vezes há
alternativas muito económicas no mercado, mas tenha muita atenção à
escolha. A bateria até pode ter os volts e os amperes certos, mas estes
valores não representam a capacidade (apenas a tensão elétrica e a
intensidade máxima da corrente).

A capacidade da bateria é indicada pelos watts hora (Wh) e os seus
múltiplos (mWh e kWh, por exemplo). No entanto, quando comparamos baterias
para o mesmo aparelho, então podemos usar os amperes-hora (e seus
múltiplos, como mAh), já que a tensão elétrica é a mesma e os watts hora
resultam da multiplicação dos amperes-hora pela tensão elétrica. Por
exemplo, uma bateria de 3000 mAh (3 Ah) vai ter mais autonomia do que uma
bateria de 2500 mAh (2,5 Ah). Pelo menos em teoria, porque as baterias de
baixo custo de marcas “esquisitas†muitas vezes têm capacidades inferiores
ao anunciado. Muito comum em powerbanks.

Se tem um tablet ou um smartphone com uma bateria de grande capacidade,
prefira os powerbanks com uma porta USB de 2 amperes – alguns modelos têm
duas portas USB, uma de 1 A e outra de 2 A.

*USB: LENTO, MAS ESTÃ A FICAR MAIS RÃPIDO*

Provavelmente já reparou que as baterias dos seus dispositivos carregam
lentamente ou não carregam de todo quando usa a porta USB de um computador.
Isto acontece porque as portas USB 1.0 e 2.0 apenas disponibilizam 500 mA
(0,5 amperes), o que não é suficiente para muitos dispositivos. No entanto,
há portas USB criadas para poderem alimentar dispositivos com maiores
exigências, com até 1500 mA. As novas portas USB 3.1 e USB Type C podem
chegar a 5 amperes e 20 volts (até 100 watts de potência).

*TÉCNICAS PARA AUMENTAR A VIDA DA BATERIA*

Válido para as baterias de iões de lítio, as mais utilizadas atualmente.

- Evite usar a bateria com pouca carga (tente manter a carga acima dos 20%)
- Se possível, limite a carga máxima a 80% ou mesmo menos (há portáteis com
opção de limitar a carga máxima)
- Não exponha a bateria a fontes de calor, sobretudo quando a carregar (nos
portáteis, pode usar uma base de refrigeração)
- Prefira cargas lentas (de menor potência)
- Não guarde as baterias durante muito tempo com pouca carga ou totalmente
carregadas
- Faça cargas completas ocasionalmente para estabilizar as células
-------------- próxima parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: http://radio-amador.net/pipermail/cluster/attachments/20160410/24a74fc6/attachment.htm


Mais informações acerca da lista CLUSTER