ARLA/CLUSTER: Rememorando o Radioamadorismo português

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 6 de Abril de 2016 - 17:04:46 WEST


Publicado em 19/03/2009
<http://www.amrad.pt/rememorando-o-radioamadorismo-portugues/>

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O Radioamadorismo português ocupou um papel de excelência social e
educativa, cultural, tecnológica e científica, que se tem vindo a esfumar
na letargia (estado de apatia moral ou intelectual) e no facilitismo que
lhe foi estruturalmente imposto nos últimos 25 anos, designadamente por
alguns grupos radicais, dominadores do movimento associativo e dos incautos.

Diferentes factores estão na origem desta sucessiva desacreditação, por um
lado, a progressiva facilidade com que cada leigo (estranho ao tema, e sem
motivação para aprender …), compra e coloca em funcionamento uma estação
radioeléctrica capaz de receber e também de emitir sinais de rádio, em
qualquer segmento de banda ou frequência, e a banalização que lhe
atribuíram, denominando-se de «radioamador», termo que nem sequer é
reconhecido nos termos das definições legais, atribuídas pelas autoridades
internacionais e administrações das radiocomunicações.

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O ridículo de tudo, é que qualquer coisa capaz de transmitir, seja ela nas
faixas do serviço rádio pessoal, que não carece nem de licença nem de
qualificação para operação, conhecido por CB (Citizen Band), ou nos novos
segmentos atribuídos aos PMR (Personal Mobile Radio) são logo sabiamente
convertidos, não em serviços de radiocomunicações pessoais e privados, mas
em mais bandas de concursos de desporto dos auto-denominados por
rádios-amadores ou radioamadores.

Em consequência, a generalidade daqueles que dedicaram toda uma vida ao
estudo, à auto-aprendizagem das ciências e tecnologias radioeléctricas, sem
fins lucrativos, tem-se vindo a demarcar dos termos populistas (daquilo que
se orienta pela via da obtenção da simpatia popular, através de medidas que
agradem sobretudo às classes com menor cultura e menos vontade de estudar e
aprender …), evitam ser reconhecidos e mesmo chamados por radioamadores (um
neologismo de origem anglo saxónica), embora aceitem e reconheçam que fazem
Radioamadorismo, mas consideram-se apenas amadores de Rádio.

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Esta introdução é uma triste constatação, se a cruzarmos transversalmente
com o presente panorama ligado ao movimento associativo e federativo
(ausente) em torno do verdadeiro termo e da actividade do Serviço de Amador
e Amador por Satélite, ou do radioamadorismo da auto-aprendizagem, do
serviço cívico e público, da educação e cultura tecnológica, da ocupação de
tempos livres, até do desporto e da competição, que a recente evolução da
indústria electrónica e radioeléctrica veio proporcionar aos mais
comunicativos, aos menos conhecedores, montadores e construtores da coisa
eléctrica.

O triste é, verificar que com o surgimento de pequenas medidas
legislativas, criadas pelas administrações europeias, a CEPT (European
Conference of Postal and Telecommunications Administrations) com que se
pretendem moralizar e regular essa actividade, a dos postos emissores de
amador, no sentido de conferir adequados graus de qualificação aos
operadores amadores de rádio, suscitou logo, nessa massa populista, uma
reacção adversa, na medida em que, muitos pretendiam crescer no meio, sem
serem sequer qualificados, nem comportarem nenhumas competência adequadas.
Numa incompreensível luta pela ascensão a classes. Sabendo-se que, para
tantos, entre esses, lhes bastariam dispor de meios financeiros (capacidade
para comprar rádios e mandar instalar estações e antenas …) para assim se
lançarem nessa exploração desmedida de todo o espectro e meios
radioeléctricos, sem possuírem a menor capacidade e conhecimento para o
fazerem. Outros ganhando dinheiro e prestígio populista, na troca de
diplomas, postais e troféus, que resultam de competições e temáticas
desportivas, algumas mergulhadas em profundo egocentrismo e individualismo,
quando liminarmente esses mesmos, recusam e contestam, os imperativos
nacionais, de participar e colaborar em tudo o que se relaciona com
prestação cívica e desempenho de manifesto interesse público e comunitário,
imposto pelo individualismo (sistema de isolamento dos indivíduos na
sociedade, que faz prevalecer os direitos do indivíduo sobre os da
sociedade), lugar onde o egoísmo não deverá ser premiado.

Discutem-se hoje, as formas de acesso, a actividades e disciplinas, sem se
pretender saber exercer essas mesmas práticas. Algo caricato, tal como
querer mergulhar sem saber nadar, ou pilotar aviões, sem se estar
qualificado, não se saber física nem meteorologia, nem mesmo pilotar esse
modelo de aeronave, entre outras aberrações populistas, despidas de sentido
cívico, ético e mais grave, consciência e noção rudimentar da coisa.

Nunca nos apercebemos de um radioamador (empregando o termo corrente) que
estivesse agora, mais do que nunca, empenhado e ou preocupado, em saber
qual a associação portuguesa de radioamadorismo, estruturada e capaz de lhe
permitir frequentar cursos de qualificação, de aprendizagem tecnológica e
operacional, seja qual for a disciplina a tecnologia, ou o modo de serviço
ou transmissão que pretende aprender para se qualificar e progredir nos
graus de competência necessária à sua actividade como amador de rádio, seja
qual for as disciplinas e temáticas, em termos da sua opção e gosto pessoal.

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Com tudo isto, temos visto que nos últimos 30 anos, a excelência dos
Amadores de Rádio, que não se revêem há muitos anos no actual
radioamadorismo, abandonam as associações a que sempre se devotaram, uns
porque foram ostracizados, humilhados e até expulsos por grupos extremistas
do DX e radicais do desporto, outros, porque nada daquilo significa mais o
outro radioamadorismo visto à luz da cultura e do sentido cívico, algo de
motivador e prestigiante, enquanto cidadãos empenhados no verdadeiro e
incessante processo cívico e cultural da auto-aprendizagem que o
Radioamadorismo universal lhes potencia e suscita.

Em consequência:

Dos mais de 5.500 cidadãos nacionais e estrangeiros titulares do CAN
(Certificado de Amador Nacional) verificamos que menos de 10% estão ligado
à IARU, e menos de 20% estão associados, nenhum está federado, porque não
temos nenhuma federação nacional, embora se tivessem visto crescer a
intervenção de um novo movimento associativo, descentralizado e demarcado
de Lisboa, cada dia mais capaz e mais empenhado em ser lugar de alternativa
estrutural e de serviço público, capaz de fazer jus ao nome e à
representatividade que de facto assume e exerce.

Também neste particular, é hora das associações prestarem as suas provas de
vida, das mais de 50 ou 60 associações dos radioamadores, deverão restar
aquelas que possuem capacidades de afirmação e já começam a ser muitas.

Rememorar o Radioamadorismo português, significa recordar aqueles que se
afirmam, pelo seu sentido de congregar, pela sua obra, como tecnólogos
amadores.

Muitos de nós, fomos outrora, empenhados e activos membros daquilo que foi
em tempos idos, o espaço de junção do Radioamadorismo tecnológico, a antiga
Rede dos Emissores Portugueses, em nome desses tempos de 1930 a 1970, e
dessa elevação cultural, queremos recordar duas figuras marcantes, Roberto
Charters de Azevedo, CT1NB, e Carlos Bettencourt Faria CR6CH (ex. CT1UX).

Na imagem em cima, um cartão de Boas Festas remetido por CR6CH ao CT1NB,
nos anos de 1960, uma entre outras relíquias, oferecidas pelo Eng. Roberto
Manuel Charters d’Azevedo ao Museu do Radioamadorismo, em criação no
concelho de Oeiras, na freguesia de Barcarena, o berço das emissões
radioeléctricas e da radiodifusão em Portugal.

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CT1NB foi mestre, amador dedicado, dotado de uma forte capacidade de
comunicação, revelada ainda hoje, e que durante a infância de muitas
dezenas de jovens amadores emergentes nos anos de 1960 e 1970, ao seu lado,
aprendiam a explorar e a operar nas faixas de frequência acima dos 30 MHz,
onde apenas operavam em todo o país, cerca de 35 amadores nas bandas de VHF
e UHF.

Na imagem de baixo uma justa alusão ao Eng. Ricardo Manuel Monteiro
Charters d’Azevedo, CT1KH filho de CT1NB. Foi condecorado em 2004, pelo
Presidente da República, Dr Jorge Sampaio, com a comenda de Grão-oficial da
Ordem do Infante D. Henrique.

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<http://www.amrad.pt/amrad-wp/wp-content/uploads/2013/07/ct1kh_condecoracao.png>



Ricardo Manuel Monteiro Charters d’Azevedo, CT1KH também ele outrora, foi
um dos muitos destacados dirigentes e associados da REP, de outros tempos
do Radioamadorismo nacional, que faz muitos anos deixaram de existir e que
nem a Liberdade e Democracia, fizeram renascer ou preservar.
‹ Doe Techniekdag – Dia da Técnica – Technics Day 2009
<http://www.amrad.pt/doe-techniekdag-dia-da-tecnica-technics-day-2009/>
Investigador visita a «technics day»
<http://www.amrad.pt/investigador-visita-a-technics-day/> ›
Publicado em História da Rádio
<http://www.amrad.pt/category/historia-da-radio/>, Radioamadorismo
<http://www.amrad.pt/category/radioamadorismo/>

Fonte: Associação Portuguesa de Amadores de Rádio para a Investigação
Educação e Desenvolvimento
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