ARLA/CLUSTER: Off Topic: Temos mais anéis do que aqueles que supúnhamos.

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 17 de Março de 2015 - 13:46:45 WET


*UM SEGUNDO PLANETA MENOR PODE POSSUIR ANÉIS COMO SATURNO*

Existem apenas cinco corpos no nosso Sistema Solar que se sabe terem anéis.
O mais óbvio é o planeta Saturno; em menor escala, também existem anéis de
gás e poeira em redor de Júpiter, Úrano e Neptuno. O quinto membro deste
grupo é Chariklo, da classe de planetas menores conhecidos como centauros:
corpos rochosos e pequenos que possuem qualidades tanto de asteroides como
de cometas.

Os cientistas só recentemente detetaram o sistema de anéis de Chariklo -
uma descoberta surpreendente, pois pensava-se que os centauros eram
relativamente dormentes. Agora, cientistas detetaram um possível sistema de
anéis em torno de um segundo centauro, Quíron.

Em novembro de 2011, o grupo observou uma ocultação estelar na qual Quíron
passou em frente de uma estrela brilhante, bloqueando momentaneamente a sua
luz. Os investigadores analisaram as emissões de luz da estrela, a sombra
momentânea criada por Quíron e identificaram características óticas que
sugerem que o centauro pode possuir um disco de detritos em órbita. A
equipa acredita que as características podem significar um sistema de
anéis, uma concha circular de gás e poeira ou jatos simétricos de material
expelido desde a superfície do centauro.

"É interessante, porque Quíron é um centauro - parte daquela secção média
do Sistema Solar, entre Júpiter e Plutão, onde originalmente pensávamos que
as coisas não eram muito ativas, mas ao que parece as coisas são muito
ativas," afirma Amanda Bosh, professora do Departamento de Ciências
Atmosféricas, Planetárias e da Terra do MIT (Massachusetts Institute of
Technology), EUA.

Bosh e colegas do MIT - Jessica Ruprecht, Michael Person e Amanda Gulbis -
publicaram os seus resultados na revista Icarus.
<http://newsoffice.mit.edu/sites/mit.edu.newsoffice/files/images/2015/eso1410a.jpg>Impressão
de artista de um sistema de anéis em redor de um centauro.
Crédito: ESO
(clique na imagem para ver versão maior)

*Apanhando uma sombra*

Quíron, descoberto em 1977, foi o primeiro corpo planetário categorizado
como centauro, em honra à criatura da mitologia grega - um híbrido de homem
e animal. Tal como na mitologia, os centauros são híbridos, incorporando
características de asteroides e de cometas. Hoje, os cientistas estimam que
existem mais de 44.000 centauros no Sistema Solar, concentrados sobretudo
numa banda entre as órbitas de Júpiter e Plutão.

Apesar de se pensar que a maioria dos centauros esteja dormente, os
cientistas já viram sinais de atividade em Quíron. A partir do final da
década de 1980, os astrónomos observaram padrões de aumento de brilho no
centauro, bem como atividade parecida à de um cometa.

Em 1993 e 1994, James Elliot, na altura professor de astronomia planetária
e física no MIT, observou uma ocultação estelar de Quíron e fez as
primeiras estimativas do seu tamanho. Elliot também observou
características, nos dados óticos, parecidas com jatos de água e poeira
expelidos a partir da superfície do centauro.

Agora, cientistas do MIT - alguns deles ex-membros do grupo de Elliot -
obtiveram observações mais precisas de Quíron, usando dois grandes
telescópios no Hawaii - o IRTF (Infrared Telescope Facility) da NASA, em
Mauna Kea, e o LCOGT.net (Las Cumbres Observatory Global Telescope Network)
em Haleakala.

Em 2010, a equipa começou a traçar as órbitas de Quíron e de estrelas
próximas a fim de identificar exatamente quando o centauro podia passar à
frente de uma estrela suficientemente brilhante. Os cientistas determinaram
que uma tal ocultação estelar teria lugar no dia 29 de novembro de 2011, e
reservaram tempo de observação nos dois telescópios na esperança de avistar
a sombra de Quíron.

"Existe uma espécie de serendipidade nestas observações," comenta Bosh.
"Precisamos de uma certa dose de sorte, à espera que Quíron passe em frente
de uma estrela suficientemente brilhante. Quíron propriamente dito é
pequeno o suficiente para que o evento seja muito curto; basta piscar o
olho para o perder."

A equipa observou a ocultação estelar remotamente a partir do MIT. O evento
durou apenas alguns minutos e os telescópios registaram a diminuição de luz
à medida que Quíron passava em frente da estrela.
<http://newsoffice.mit.edu/sites/mit.edu.newsoffice/files/images/2015/eso1410c.jpg>Impressão
de artista de um sistema de anéis em redor de um centauro.
Crédito: ESO
(clique na imagem para ver versão maior)

*Anéis em redor de uma teoria*

O grupo analisou os dados recolhidos e detetou algo inesperado. Um corpo
simples, sem material circundante, criaria um padrão simples, bloqueando
inteiramente a luz da estrela. Mas os investigadores observaram
características nítidas e simétricas perto do início e do fim da ocultação
estelar - um sinal que material, como por exemplo poeira, podia estar a
bloquear uma fração da luz estelar.

Os investigadores observaram duas destas características, cada a cerca de
300 km do centro do centauro. Tendo em conta os dados óticos, as
características têm 3 e 7 km de largura, respetivamente. As características
são semelhantes às observadas por Elliot na década de 1990.

À luz destas novas observações, os cientistas dizem que Quíron pode ainda
possuir jatos simétricos de gás e poeira, como Elliot propôs. No entanto,
outras interpretações podem ser igualmente válidas, incluindo a
"possibilidade interessante", comenta Bosh, de uma concha ou anel de gás e
poeira.

Ruprecht, investigadora do Laboratório Lincoln do MIT, diz que é possível
imaginar um cenário no qual os centauros podem formar anéis: por exemplo,
quando um corpo é quebrado, os detritos resultantes podem ser capturados
gravitacionalmente em redor de outro corpo, como Quíron. Os anéis também
podem ser material residual resultante da própria formação de Quíron.

"Outra possibilidade envolve a história da distância de Quíron ao Sol,"
explica Ruprecht. "Os centauros podem ter começado mais distantes [no
Sistema Solar] e, através das interações gravitacionais com os planetas
gigantes, tiveram as suas órbitas perturbadas para mais perto do Sol. O
material gelado que teria sido mais estável para lá de Plutão torna-se
menos estável a distâncias menores, transforma-se em gás que empurra poeira
e material para fora da superfície de um corpo."

Desde então, um grupo independente combinou os dados da ocultação
recolhidos pelo grupo do MIT com outros dados óticos e concluiu que as
características em redor de Quíron provavelmente representam um sistema de
anéis. No entanto, Ruprecht comenta que os cientistas terão que observar
mais ocultações estelares para determinar realmente qual das interpretações
- anéis, concha ou jatos - é a correta.

"Se quisermos ter um argumento forte para anéis à volta de Quíron, vamos
precisar de mais observações por vários observadores, distribuídos por
algumas centenas de quilómetros, para que possamos mapear a geometria do
anel," explica Ruprecht. "Mas só isso não nos diz se os anéis são uma
característica temporária de Quíron, ou se são mais permanentes. Há muito
trabalho pela frente."

No entanto, Bosh diz que a possibilidade de um segundo centauro com anéis
no Sistema Solar é muito atraente.

"Até que os anéis de Chariklo foram encontrados, pensava-se que estes
corpos mais pequenos não podiam ter sistemas de anéis," afirma. "Se Quíron
tiver realmente um sistema de anéis, vai mostrar que é mais comum do que se
pensava anteriormente."

Matthew Knight, astrónomo do Observatório Lowell em Flagstaff, no estado
americano do Arizona, diz que a possibilidade de existência de anéis em
Quíron "torna o Sistema Solar um pouco mais íntimo."

"Nós temos uma boa noção da maioria do Sistema Solar interior graças às
missões espaciais, mas estes pequenos mundos gelados do Sistema Solar
exterior ainda são misteriosos," comenta Knight, que não esteve envolvido
na pesquisa. "Pelo menos para mim, ser capaz de imaginar um centauro com
anéis fá-lo parecer mais tangível."

*Links:*

*Notícias relacionadas:*
MIT News (comunicado de imprensa)
<http://newsoffice.mit.edu/2015/planet-chiron-saturn-like-rings-0317>
Icarus <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0019103515000305>
Artigo científico - Ortiz et al. (arXiv.org)
<http://arxiv.org/abs/1501.05911>
The Planetary Society
<http://www.planetary.org/blogs/emily-lakdawalla/2015/01271038-a-second-ringed-centaur.html>
Astronomy Now
<http://astronomynow.com/2015/03/17/chiron-may-be-second-minor-planet-to-possess-saturn-like-rings/>
redOrbit
<http://www.redorbit.com/news/space/1113352786/minor-planet-chiron-may-posses-saturn-like-rings-031615/>
PHYSORG <http://phys.org/news/2015-03-minor-planet-saturn-like.html>
science 2.0
<http://www.science20.com/news_articles/chiron_may_possess_saturnlike_rings-154031>
(e) Science News
<http://esciencenews.com/articles/2015/03/16/a.second.minor.planet.may.possess.saturn.rings>
EarthSky
<http://earthsky.org/space/possible-rings-around-minor-planet-chiron>
Discovery News
<http://news.discovery.com/space/alien-life-exoplanets/asteroid-comet-hybrid-found-with-surprise-ring-system-15031.htm>

*Quíron:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/2060_Chiron>
JPL/NASA <http://ssd.jpl.nasa.gov/sbdb.cgi?sstr=2060+Chiron#content>
Gary W. Kronk's Cometography <http://cometography.com/pcomets/095p.html>

*Chariklo:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/10199_Chariklo>
JPL/NASA <http://ssd.jpl.nasa.gov/sbdb.cgi?sstr=Chariklo;orb=1;view=Far>

*Centauro (planeta menor):*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Centaur_(minor_planet)>
Centro de Planetas Menores da UAI
<http://www.minorplanetcenter.org/iau/lists/Centaurs.html>
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