ARLA/CLUSTER: Imprimir circuitos electrónicos em papel; Simples, rápido, barato e feito em casa, processo revolucionário desenvolvido na Universidade de Aveiro

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Segunda-Feira, 12 de Janeiro de 2015 - 11:21:32 WET


Estudante da UA imprime circuitos electrónicos em papel


Circuitos impressos por Hugo Miranda

À primeira vista parece uma impressora normal com capacidade para
imprimir circuitos electrónicos em papel fotográfico. E é mesmo! O
segredo da impressão dos circuitos no papel não está na máquina mas
dentro dos tinteiros. Desenvolvidas por Hugo Miranda, estudante de
Mestrado engenharia electrónica e Telecomunicações da Universidade de
Aveiro, as tintas, constituídas por nano partículas de material
condutor de electricidade, permitem que qualquer pessoa possa criar
circuitos sem os problemas que levanta a construção industrial de
placas de circuito impresso: o processo de encomenda, o preço elevado
e o tempo de entrega. Acrescente-se o peso ínfimo e a adaptabilidade
do papel a qualquer superfície e a ideia do Hugo Miranda pode ser um
‘maná’ para a indústria da electrónica e telecomunicações.

De forma simples e barata, as tintas do Hugo Miranda garantem que em
poucos minutos se possa ter em mãos um circuito com a leveza de uma
folha de papel que, ao contrário das usuais, se molda a qualquer
formato. Para além dos tinteiros, o Hugo Miranda já colocou a tinta
numa normal caneta de feltro com iguais resultados de boa
condutividade eléctrica, seja em papel fotográfico, seja em películas
de vidro ou de resina. “Mas muitos outros materiais vão ainda ser
testados, podendo também mostrar-se aplicáveis”, antevê o estudante.

Drones, antenas, etiquetas inteligentes e sensores são apenas algumas
das aplicações onde Hugo Miranda antevê o uso dos circuitos impressos
em papel, tecnologias que exigem componentes com um peso cada vez
menor e altamente moldáveis.


Simples, rápido, barato e feito em casa

Exemplos de circuitos impressos

Com uma impressora jacto de tinta convencional e com uma tinta
especial constituída por nano partículas capazes de conduzir
electricidade, Hugo Miranda, com a colaboração de Hélder Machado,
também estudante do Departamento de Electrónica, Telecomunicações e
Informática, conseguiu pegar numa tecnologia de dezenas de milhares de
euros usada na construção de placas electrónicas e torná-la acessível
a qualquer pessoa. “As impressoras que permitem imprimir circuitos de
forma similar a esta são usadas principalmente na indústria e custam
dezenas de milhar de euros”, diz o estudante. Óptimas para o fabrico
em série, as impressoras industriais de circuitos são pouco ou nada
práticas para encomendas singulares.

“Os principais problemas relacionados com construção de placas de
circuito impresso são o preço, os obstáculos presentes no processo de
encomenda e o tempo de entrega”, aponta Hugo Miranda. “A grande
vantagem desta impressora é que podemos criar um protótipo de forma
rápida e barata, bastando para isso desenhar a placa no computador,
imprimi-la e adicionar os componentes à mesma”, adianta. Feito isto,
os circuitos estão prontos a ser testados. Caso seja necessária alguma
alteração no protótipo “basta voltar a imprimir os circuitos com as
alterações que pretendemos a qualquer momento, sem os complexos
processos de encomenda ou tempos de espera”.

Outra grande vantagem das tintas desenvolvidas por Hugo Miranda é que
tornam possível a qualquer pessoa a impressão de circuitos na própria
casa, podendo assim dar largas à sua imaginação na criação
electrónica.

A ideia da impressão caseira começou com ligeiras alterações
realizadas numa impressora normal, principalmente ao nível das cabeças
de impressão. Mais tarde o Hugo Miranda decidiu tentar o processo
contrário, o de alterar os tinteiros e a tinta. “As propriedades
físicas da tinta foram então alteradas, por forma a tornarem-se
similares às utilizadas em impressoras convencionais e, dessa maneira,
a funcionarem em qualquer impressora comercial, sem que estas sofram
qualquer alteração”, aponta o jovem cientista.

Actualmente o estudante já tem a tecnologia estabilizada, que é como
quem diz, “com uma impressora comercial normal basta colocar nos meus
tinteiros tinta condutora e fica pronta a funcionar”.

Fonte: Ciência Hoje



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