ARLA/CLUSTER: Portugal pode vir a dar novos universos ao Universo

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Sexta-Feira, 10 de Janeiro de 2014 - 11:56:12 WET


Universidade do Porto participa na construção do maior radiotelescópio do
mundo

Pré-construção do radiotelescópio inclui a instalação de antenas na Ãfrica
do Sul, Moçambique, Austrália e Nova Zelândia. (Imagem: DR/SKA)

A Universidade do Porto, através do *Centro de Investigação em Ciências
Geo-Espaciais (CICGE) da Faculdade de Ciências (FCUP)*, integra o consórcio
de investigação português que vai participar no desenvolvimento do *Square
Kilometer Array (SKA)*, um radiotelescópio gigante que terá como
missão descobrir
pistas sobre o início do universo e da vida.

Com capacidade para produzir um exabyte de informação por segundo (mais do
que toda a internet), o SKA <http://www.skatelescope.org/> terá a
capacidade de “varrer†o céu 10 mil vezes mais rápido e com sensibilidade
50 vezes maior que a de qualquer outro telescópio. Também por isso,  os
desafios do ponto de vista da engenharia computacional, de materiais, da
energia e da monitorização são verdadeiramente enormesâ€, explica Domingos
Barbosa,  investigador da Universidade de Aveiro e coordenador do consórcio
nacional.

Entre os desafios que se colocam à equipa portuguesa destaca-se, por
exemplo, a descoberta de uma solução inovadora que permita para executar o
transporte da grande quantidade de dados recolhidos da forma mais eficiente
possível. Aos investigadores nacionais caberá ainda saber alimentar o SKA
com tecnologias de energia solar e redes inteligentes de energia, bem como
descobrir como é que sistemas de computação em nuvem podem reter toda a
informação recolhida.

O SKA terá a capacidade de "varrer" o céu 10 mil vezes mais rápido do que
qualquer outro telescópio. (Imagem: DR/SKA)

Na U.Porto, a equipa de investigação – composta por *Sonia Antón e Dalmiro
Maia*, ambos rádio-astrónomos e investigadores do CICGE / FCUP – está
focada no “desenvolvimento de um test-site para instrumentação do SKAâ€. O
principal objetivo passa pelo desenvolvimento de “tecnologia que possa
fornecer energia 24h/7dias às antenas, algo que pode ser critico em lugares
sem rede elétricaâ€,  descreve Sonia Antón, cientista especializada na área
de Astronomia Extragalática, em particular na formação e evolução de
galáxias, e em  galáxias com buracos
negros<http://www.skatelescope.org/the-science/>
.

A primeira fase de pré-construção do Square Kilometer Array arrancou a 1 de
novembro (2013) e inclui a instalação de milhões de antenas na Ãfrica do
Sul, Moçambique, Austrália e Nova Zelândia, às quais caberá a recolha de
dados que serão processados por aquele que será dos mais potentes
supercomputadores do mundo (o centro de processamento principal ficará
sediado em Manchester). O projeto deve estar concluído em 2020 e custará
perto de dois mil milhões de euros.

Para além da U.Porto e do polo do Instituto de Telecomunicações na UA, o
consórcio nacional integra também o Instituto Politécnico de Beja e terá
como parceiros industriais a Martifer Solar, a Critical Software, a Ative
Space Technologies, a LC Technologies, a Logica EM, a PT Comunicações SA e
a Coriant.

*Dar novos universos ao Universo*

O SKA é o maior projeto global de ciência e com o programa de inovação mais
ambicioso do mundo para esta década. O projeto prevê a construção de 3000
antenas divididas entre a Ãfrica-do-Sul, Moçambique, Austrália e Nova
Zelândia, estruturas essas que vão estar unidas numa antena gigante virtual
com uma área de um quilómetro quadrado. O radiotelescópio vai varrer o céu
10 mil vezes mais rápido e com sensibilidade 50 vezes maior que a de
qualquer outro telescópio. O objetivo do projeto internacional, que estará
pronto em 2020 e que tem um orçamento próximo dos 2000 milhões de euros, é
estudar as origens do Universo e detetar sinais que possam indicar a
presença de vida extraterrestre.

Capaz de detetar um radar num planeta situado a 50 anos-luz da Terra, as
antenas parabólicas e agregados de pequenas antenas, ligadas por fibra
ótica cujo comprimento total será duas vezes o diâmetro da Terra, o SKA vai
gerar um tráfego de dados cerca de 100 vezes maior que a Internet de hoje e
será capaz de encher 15 milhões de IPODs de 64Gb em cada dia. O seu
supercomputador terá uma capacidade de processamento de 1 Exaflop, um
número equivalente ao número de estrelas que existem em três milhões de Via
Lácteas.

A informação recebida pelo super radiotelescópio permitirá aos cientistas
observar as primeiras galáxias que se formaram no Universo, fazer testes da
gravitação através da deteção de pulsares (estrelas de neutrões), mapear
fenómenos violentos do Cosmos como buracos negros e supernovas (explosões
de estrelas moribundas), detetar moléculas orgânicas precursoras de vida em
sistemas planetários distantes e, quem sabe, descobrir vida inteligente no
Universo.

Fontes: Universidades do Porto e Aveiro
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