ARLA/CLUSTER: Off Topic: Halton C. Arp “o Galileu” do seculo XXI
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Quinta-Feira, 10 de Abril de 2014 - 14:42:57 WEST
Halton Arp é no século 21, para alguns, o que Galileu foi no Século
17. Ambos foram respeitados cientistas, líderes populares em seu
campo. Ambos fizeram observações que contradiziam as teorias aceites.
Acadêmicos do século XVII se sentiram ameaçado pelas observações de
Galileu e assim, apoiados pela autoridade eclesiástica, que ordenou
que ele parasse de procurar.
Alguns astrônomos do século XX se sentiram ameaçado pelas observações
de Arp e assim, apoiados pela autoridade institucional, eles ordenaram
que ele parasse de procurar.
Arp, o Vermelho
Com certa dificuldade, teorias alternativas ao modelo padrão tentam
ser pelo menos discutidas e, mesmo com o rigor científico que
apresentam (apesar de seus defeitos), são, na maioria das vezes,
descartadas pelo meio científico. Halton C. Arp pode ser considerado
um ícone da cosmologia de “contra-cultura”. Com acesso restrito a
alguns observatórios, sob chantagem para que mudasse sua linha de
pesquisa e artigos, às vezes meramente desdenhados pelos jornais, sua
luta consiste em no mínimo ter suas curiosas observações analisadas
com seriedade. Seu trabalho é baseado na observação de radiofontes e
“Galáxias Peculiares” (de seu catálogo) que apresentam regiões
associadas à diferentes desvios para o vermelho, e quasares observados
em sua vizinhança. Contradizendo o modelo padrão, tais desvios não
seriam resultantes de uma suposta expansão, e menos ainda levariam à
Lei de Hubble, alicerce do modelo padrão e suas medidas de distância.
Pode-se entender sua proposta analisando a galáxia NGC 7603: com
naturalidade alguém diria que os dois corpos maiores (galáxias) têm
uma clara ligação e, pela Lei de Hubble, seus valores esperados de
‘z’ seriam pelo menos muito próximos. No entanto, há uma boa diferença
entre estes valores e, no rastro luminoso que liga as duas galáxias,
há dois objetos que são quasares, cujos desvios (apesar de não tão
elevados como normalmente) aumentam no sentido da NGC 7603. Quasares
são corpos de brilho muito intenso e z elevado. Para o modelo padrão
são os objetos mais energéticos existentes, e atualmente mais
distantes. Pela Lei de Hubble a proximidade de um corpo celeste é
tanto menor quanto for o sue brilho. O detalhe irônico é que a análise
de brilho e desvio de quasares não é compatível com a lei.
Seria a visão projetada da região de NGC 7603 resultado de uma bela
configuração ao acaso que percebemos? – É o argumento de árbitros dos
jornais para a recusa de artigos. Diante de tal impasse, Arp calculou
a probabilidade da configuração ser casual. O resultado, de acordo com
ele é de 1 em 3 bilhões, e é obtido sem a necessidade de um modelo
cosmológico. Então há a possibilidade de que os corpos estejam
realmente relacionados e seus desvios para o vermelho, que são obtidos
a partir de medidas diretas, são ditos valores de confiança. Passa a
ser razoável que o desvio pode então não estar associado à distância
entre os corpos celestes como postula o Modelo Padrão. Apesar da clara
controvérsia entre teoria e observação, - e este é apenas um exemplo
de vários – o desmerecimento injusto de evidências é ainda mais
evidente, e Arp é taxado como uma inconveniência perante o “modelo
ideal”.
Diante de suas observações incompatíveis com a teoria cosmológica mais
ensinada, Arp torna-se defensor da teoria de Jayant Narlikar (a teoria
de Narlikar tem como base o princípio de Mach), e propõe explicar seu
trabalho a partir dela. O princípio de Mach, definido por Albert
Einstein nos diz que “Um corpo em um universo vazio não deve ter
inércia; ou, toda inércia de qualquer corpo tem que vir de sua
interação com outras massas no universo". A massa não seria então
propriedade intrínseca de um corpo, dependendo do alcance de interação
com outras entidades, que depende do tamanho de sua esfera de luz.
Deste modo, um elétron hipotético criado agora, com o passar do tempo
terá sua inércia aumentada de modo que suas transições se tornem cada
vez mais energéticas. Com este raciocínio entendemos a interpretação
que Arp dá para os desvios para o vermelho verificados - corpos mais
jovens emitem luz menos energética, desviada para o vermelho. As
equações da TRG de Einstein podem ser resolvidas de duas maneiras:
considerando-se a massa constante, como fez Friedmann para o modelo
padrão, ou considerando uma função m(t), como Narlikar. Uma grande
diferença entre os dois métodos é não só a interpretação que cada
teoria dá para o desvio para o vermelho, mas também o fato de que,
seguindo a solução de Narlikar não nos deparamos com a necessidade de
um espaço-tempo curvo, como ocorre no modelo padrão. Também temos uma
boa compatibilidade com a Teoria Quântica quanto ao surgimento de
matéria, que ocorre segundo conservação da energia. É viável a idéia
de que uma partícula, com sua variação temporal de massa, tenha o
comprimento de onda da luz emitida devido a trasições alterado.
Com base nisso tudo, a respeito da NGC 7603, Arp argumenta que a
galáxia tem um centro ativo de criação de onde matéria é expelida,
segundo conversão matéria-energia, tendo z próprio à sua idade.
Acredita-se também que quasares sejam protogaláxias: seguindo a
conexão luminosa entre os corpos da figura Fig.(1). e a ordenação dos
desvios dos corpos dessa linha tem-se uma idéia de evolução temporal
de matéria expelida. A lei de Hubble, seria válida localmente, pois a
matéria desta região teria sido criada aproximadamente ao mesmo tempo.
Em seu livro “Seeing Red”(O Universo Vermelho), Halton Arp apresenta
seus casos observacionais que, segundo ele, caminham para o “modelo
preferido”, mais empírico e simples possível. Sujeito a surpresas
observacionais que eventualmente podem surgir devido à expansão do
nosso universo observável (seu limite cresce segundo c) este modelo
basicamente diz que o universo não sofre expansão, podendo ser muito
grande e que em seus domínios ele “desabrocha” via conversão
matéria-energia (teoria de Narlikar). Vemos provavelmente só uma
minúscula parcela do universo e não podemos afirmar com certeza sobre
como opera a conservação de energia em partes do universo com as quais
só nos comunicamos por fótons de luz.
Denominado por alguns como “o novo Galileu”, Halton C. Arp é numa
visão geral um símbolo do cientista correto: apesar de defender uma
teoria própria, que como as outras teorias cosmológicas têm seus
problemas, não teme duvidar com lucidez e bom senso de uma teoria
imposta que simplesmente nega seus sérios defeitos, fecha os olhos e
cria dogmas que devem ser preservados a todo custo contra um conjunto
de observações controversas mas que simplesmente existem, por mais que
se negue admitir.
Video:
http://youtu.be/EckBfKPAGNM
Bibliografia:
ARP, Halton. O universo vermelho: desvios para o vermelho, cosmologia
e ciência acadêmica. São Paulo: Perspectiva, 2001
Sites:
Site oficial de Halton C. Arp : www.haltonarp.com
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