ARLA/CLUSTER: Espanha vai estudar adopção de horário de Portugal
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Sexta-Feira, 27 de Setembro de 2013 - 14:08:06 WEST
O Governo espanhol comprometeu-se a estudar um relatório aprovado na
quinta-feira no Congresso de Deputados que defende uma análise
socioeconómica sobre a possível adopção do horário de Portugal em
Espanha.
Esse 'atraso' de uma hora afectaria horários escolares, horários
comerciais e até alterações no prime-time das televisões, segundo o
relatório inicial que será agora debatido no plenário do Congresso de
Deputados e, posteriormente, estudado pelo Governo.
"Não vai ficar na gaveta", assegurou no Congresso o ministro da
Economia, Luis de Gindos.
Preparado ao longo de nove meses com o contributo de cerca de 60
especialistas, o relatório foi elaborado pela Comissão de Igualdade do
Congresso e abrange várias questões além da mudança de hora.
Entre as medidas, por exemplo, defende jornadas contínuas de trabalho
com uma breve pausa para comer, que as crianças entrem nas escolas
mais tarde, alterações nos horários comerciais e outras mudanças para
favorecer a conciliação da vida pessoal e familiar.
A questão do horário aplicado em Espanha é, pontualmente, tema de
debate, com um setor crescente a defender alterações a um modelo que
é, para muitos, identificado como menos produtivo e com fortes
condicionalismos sobre a vida pessoal.
Os horários de trabalho são, normalmente, caracterizados por jornadas
longas pela manhã e pela tarde, com um período de interrupção para
almoço que normalmente começa às 14:00 e pode prolongar-se até duas
horas.
Muitos comércios abrem apenas às 10:00 fechando nesse período de
almoço, com muitos a comerem em casa e até a aproveitarem a ainda
praticada sesta.
Proposto por iniciativa do PP, PSOE e CiU, o relatório foi aprovado na
comissão por 28 votos a favor e 13 abstenções (do PSOE, IU-ICV-CHA,
Esquerda Plural e Grupo Parlamentar Misto).
Não vinculativo, será elevado à Mesa do Congresso para que seja
debatido no plenário da câmara baixa, com o executivo a prometer
analisar o seu conteúdo, especialmente no que toca às alterações do
fuso horário.
Tratar-se-ia, caso avançasse, de regressar a um fuso em que Espanha
esteve até 1942 e que corresponde ao país pela sua posição geográfica
-- é o do meridiano de Greenwich e dos seus vizinhos, Reino Unido,
Marrocos e Portugal.
A alteração de hora em Espanha foi feita em 1942 quando o país se
alinhou com a Alemanha -- que tinha imposto o seu fuso horário a
França e a outros países. Depois da guerra, países como o Reino Unido
e Portugal voltaram ao chamado fuso europeu ocidental mas a França e a
Espanha mantiveram a hora.
Regressar ao horário de Greenwich, o horário TMG, inspirado no ciclo
solar diurno, considera o relatório, teria um efeito favorável na
conciliação de todas as pessoas, permitindo dispor de mais tempo para
a família, formação, vida pessoal, ou lazer, e evitando tempos mortos
na jornada laboral diária.
A ocorrer afectaria também as Canárias que recuaria também uma hora
mantendo-se, pela sua posição, com uma hora menos que a península.
Viver fora do fuso horário que corresponde a Espanha, assinala o
relatório, "dá lugar a que se madrugue demasiado e se durma quase uma
hora menos do recomendado pela OMS", o que unido a uma organização de
horário de trabalho "também singular" e que em nada se parece ao resto
de Europa, "afecta negativamente a produtividade, o absentismo
laboral, o stress, a sinistralidade e o fracasso escolar".
Mas o relatório é mais amplo que apenas a questão do fuso horário,
admitindo ser necessária uma "transformação dos usos e costumes
diários".
"É necessário adaptar os horários e o calendário escolar às jornadas
de trabalho. É necessário adaptar tanto os horários, como as férias e
o resto do calendário escolar às jornadas de trabalho", refere.
No caso da televisão defende adiantar o prime time (os telejornais da
noite começam normalmente às 21:00) já que 90% dos programas de máxima
audiência terminam depois das 23:30 e 55% terminam depois da
meia-noite.
O espanhol dorme quase uma hora menos que os europeus para ver os seus
programas televisivos favoritos, refere o relatório.
No que toca à jornada de trabalho defendem que a hora máxima de saída
seja as 18:00, com uma hora para almoço e menos pausas, algo que os
especialistas afirmam melhorar a produtividade, reduzir o absentismo,
o stress e até o falhanço escolar.
Também consideram importante "acabar com a cultura do presentismo,
ainda muito implantada em Espanha", ou seja, "a ideia de que até que
não se vá o chefe, não se vai ninguém do escritório".
Fonte:Lusa/SOL
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