ARLA/CLUSTER: ALMA: Acompanhe a inauguração do maior radiotelescópio do mundo entre as 14h30 e as 16h (hora de Portugal continental).

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 13 de Março de 2013 - 07:21:27 WET


Terra abre os olhos para procurar a origem do Universo com ALMA

É o maior radiotelescópio do planeta. É inaugurado nesta quarta-feira,
no deserto de Atacama, no Chile, e vai permitir observações inéditas
de galáxias, estrelas, poeira e da origem da vida. Vem aí uma
revolução.

É um supertelescópio, na verdade são 66 telescópios (antenas) a
funcionar em conjunto e apontados para o céu, num deserto do Chile. O
Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) é literalmente uma
infra-estrutura astronómica internacional que resulta de uma parceria
entre a Europa, através do Observatório Europeu do SUL (ESO), a
América do Norte e o Leste Asiático, em cooperação com a República do
Chile, e que envolve um investimento de mil milhões de euros. Muito
dinheiro para ver melhor e mais longe o nosso Universo. Como nunca se
viu antes.

“É o telescópio das origens”, resume José Afonso, director do Centro
de Astronomia e Astrofísica da Faculdade de Ciências da Universidade
de Lisboa (CAAUL) e que acompanhou o processo de crescimento do ALMA
como membro do Comité Europeu de Aconselhamento Científico.

No vídeo divulgado no site do CAAUL, o investigador explica por que
estamos perante o instrumento que nos dará respostas sobre as origens:
“Vai permitir observar em detalhe a origem das galáxias, das estrelas
e a origem da própria vida.” Entre outras proezas que se adivinham, o
ALMA promete, pela primeira vez, um conhecimento pormenorizado da
química das nuvens interestelares, onde se acredita que se formem
muitos dos compostos essenciais à vida.

O instrumento é especial porque possibilita observações que nunca foi
possível fazer até agora em comprimento de onda do chamado milímetro e
submilímetro. Nesta quarta-feira, data da inauguração oficial, estarão
a funcionar 57 do total das 66 antenas que estão previstas (e que
serão instaladas até ao final deste ano).

A localização do ALMA também é especial. Esta estranha e astronómica
plantação de gigantescas antenas está idealmente situada a cinco mil
metros de altitude no deserto de Atacama, no Chile, uma das regiões
mais secas do planeta. Mas mais do que existe hoje é o que está para
vir. “Espera-se que o ALMA revolucione o conhecimento da astronomia.
Para muitas da perguntas que existem hoje, o ALMA será o primeiro a
dar respostas”, defende José Afonso, que arrisca afirmar que estamos
prestes a entrar numa nova era “pós-ALMA” marcada por um conhecimento
mais aprofundado e completo do Universo.

“É um projecto de observação astronómica sem par até agora”, anuncia
João Fernandes, astrónomo na Universidade de Coimbra, lançando as
expectativas: “Espera-se com este sistema de radiotelescópios ficar a
conhecer muito mais; por exemplo, como se formam as estrelas e os
sistemas planetários. E, quem sabe, por comparação conhecer melhor
como se formou o nosso Sistema Solar.”

“O ALMA é um projecto de 66 radiotelescópios que, como a palavra diz,
faz observações da radiação entre o infravermelho e as ondas de rádio.
É destinado por isso à observação de objectos frios no Universo. Os
objectos que podem ser estudados com o ALMA são variados, tal como
estrelas, sistemas planetários, galáxias e a até a radiação cósmica de
fundo; ou seja, o eco do Big-Bang. Como termo de comparação, posso
adiantar que a sensibilidade das observações do ALMA é várias vezes
superior à do telescópio espacial Hubble”, explica João Fernandes ao
PÚBLICO.

Mercedes Filho, investigadora do Centro de Astrofísica da Universidade
do Porto, lembra ainda que “a motivação para a construção do
telescópio ALMA foi estudar alguns fenómenos astronómicos que até
então tinham sido pouco estudados devido à limitação da
instrumentação”. A partir de agora, “o ALMA vai permitir estudar os
chamados fenómenos frios ou menos energéticos do Universo, com um
detalhe sem precedentes”, avisa.

A inauguração do maior radiotelescópio do mundo - em que estará
presente o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato - pode ser
seguida no site http://www.almaobservatory.org/ em directo, a partir
das instalações do Centro de Apoio às Operações do observatório,
situado a uma altitude de 2900 metros nos Andes chilenos. A
transmissão acontece entre as 14h30 e as 16h (hora de Portugal
continental).

Fonte:Andrea Cunha Freitas in Jornal Publico




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