ARLA/CLUSTER: PULSARES, O GPS DO COSMOS

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Terça-Feira, 20 de Agosto de 2013 - 13:26:31 WEST


*Curiosidade
O primeiro pulsar foi observado em 1967, por Jocelyn Bell e Antony Hewish.
As emissões pareciam demasiado precisas (a cada 1,3373 segundos) para serem
naturais, por isso a fonte foi por algum tempo apelidada de LGM-1 (de
Little Green Men). Só quando uma segunda fonte pulsante foi descoberta,
noutra parte do céu, é que a hipótese LGM foi abandonada.



Cientistas da agência científica australiana CSIRO (Commonwealth Scientific
and Industrial Research Organisation) escreveram um software que pode guiar
naves espaciais até Alpha Centauro, mostrar que o planeta Nibiru não
existe... e provar que a Terra gira em torno do Sol.

O Dr. George Hobbs e colegas estudam pulsares - pequenas estrelas em
rotação com "blips" ou "pulsos" regulares de ondas de rádio e, às vezes,
raios-X. Normalmente, os astrónomos estão interessados em medir, com muita
precisão, quando os pulsos chegam ao Sistema Solar. Ligeiros desvios nos
tempos de chegada esperados podem dar pistas sobre o comportamento do
próprio pulsar, ou se orbita outra estrela, por exemplo.

"Mas também podemos trabalhar para trás," afirma Hobbs. "Nós podemos usar
as informações dos pulsares para determinar com grande precisão a posição
dos nossos telescópios. Se os telescópios estivessem a bordo de uma nave
espacial, podíamos obter a posição da nave."

<http://www.csiro.au/~/media/CSIROau/Portals/Media%20Releases/2013/PulsarsGPS/VoyagerDeparture/High_Resolution.jpg>
A
navegação por pulsares é ideal para naves que viajem para lá do nosso
Sistema Solar. A Voyager 1, na imagem, está agora a mais de 18 mil milhões
de quilómetros do Sol e entrando no espaço interestelar.
Crédito: NASA/Astro0
(clique na imagem para ver versão maior)

Seriam necessárias observações de pelo menos quatro pulsares a cada sete
dias. "Cada pulsar teria que ser observado durante cerca de uma hora,"
afirma o Dr. Hobbs. "Conseguir fazer as observações todas ao mesmo tempo ou
separadamente depende das suas posições e do tipo de detector usado. "

Um artigo que descreve em detalhe como o sistema funciona foi aceite para
publicação pela revista Advances in Space Research.

As sondas e naves espaciais dentro do Sistema Solar são geralmente
acompanhadas e guiadas a partir do solo: este é o papel do Complexo de
Comunicações "Deep Space" do CSIRO em Canberra, por exemplo. Mas quanto
mais longe está a nave, menos precisamente podemos medir a sua localização.

Para viagens para lá do Sistema Solar, as naves espaciais precisariam de
ter um sistema de bordo autónomo para navegação. Os giroscópios e
acelerómetros são ferramentas úteis, mas as informações de posição que dão
tornam-se menos precisas ao longo do tempo.

"A navegação com o auxílio de pulsares evita esses problemas," afirma Deng
Xinping, estudante de doutoramento do Centro Nacional de Ciência Espacial
em Pequim, China, que é o primeiro autor do artigo que descreve o sistema.

Os cientistas propuseram a navegação por pulsares em 1974. Só recentemente
é que a aplicação prática do método surgiu, com o desenvolvimento de
detectores de raios-X relativamente pequenos, que podem receber os pulsos
em raios-X que alguns pulsares emitem. A NASA está também a explorar esta
técnica.

"Para a navegação no espaço profundo, podíamos usar os pulsares já
observados durante muitos anos com radiotelescópios, cujos pulsos já sejam
muito bem medidos," realça o Dr. Dick Manchester, também do CSIRO e membro
da equipa de pesquisa. "A bordo da nave, usaríamos um telescópio de
raios-X, que é muito mais pequeno e leve."

Hobbs e colegas fizeram uma simulação muito detalhada de uma nave espacial
com navegação autónoma até Marte usando esta combinação de tecnologias e o
seu software TEMPO2. "A nave pode determinar a sua posição até 20 km, e a
sua velocidade até 10 cm por segundo," afirma o Dr. Hobbs. "Que tenhamos
conhecimento, esta é a melhor precisão alguma vez demonstrada. Ao contrário
dos trabalhos anteriores, tivemos em conta que os pulsares reais não são
completamente perfeitos, que têm falhas nos tempos e assim por diante."

O mesmo software que usa pulsares pode ser usado para determinar a massa de
objectos no Sistema Solar. Em 2010, o Dr. Hobbs e colegas usaram uma versão
anterior para "pesar" os planetas até Saturno - até seis casas decimais.

A Terra viaja em redor do Sol, e este movimento afecta o timing exacto da
chegada dos sinais dos pulsares. Para remover este efeito, os astrónomos
calculam quando os pulsos chegam ao centro de massa do Sistema Solar, em
torno do qual todos os planetas orbitam. "Se os sinais de pulsares parecem
chegar à hora errada, sabemos que as massas dos planetas que usamos nas
equações devem estar erradas, e podemos corrigir isso," afirma Hobbs.

A nova versão do software permite com que os astrónomos descartem massas
ocultas, incluindo quaisquer planetas supostamente não descobertos, como o
notório Nibiru. "Mesmo que um planeta seja difícil de ver, não há nenhuma
maneira de disfarçar a sua atracção gravitacional," afirma o Dr. Hobbs. "Se
não detectarmos o puxo gravitacional, então não há nenhum planeta."

E o que dizer acerca da demonstração que a Terra gira em torno do Sol? Sim,
o software também consegue fazer isso. "Esta dúvida foi esclarecida há um
par de centenas de anos," conclui Hobbs. "Mas se ainda precisa de provas,
nós temo-las."

*Links:*

*Notícias relacionadas:*
CSIRO (comunicado de
imprensa)<http://www.csiro.au/en/Portals/Media/Pulsars-make-a-GPS-for-the-cosmos.aspx>
Artigo científico (formato PDF) <http://arxiv.org/pdf/1307.5375v1.pdf>
PHYSORG <http://phys.org/news/2013-08-pulsars-gps-cosmos.html>
Universe Today<http://www.universetoday.com/103035/navigating-the-solar-system-using-pulsars-as-gps/>
NASA <http://www.nasa.gov/topics/universe/features/zombie-stars.html>

*Pulsares:*
Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Pulsar>
Catálogo ATNF de Pulsares <http://www.atnf.csiro.au/research/pulsar/psrcat/>

*CSIRO:*
Página oficial <http://www.csiro.au/>
Wikipedia<http://en.wikipedia.org/wiki/Commonwealth_Scientific_and_Industrial_Research_Organisation>

Fonte: Núcleo de Astronomia do Centro de Ciencia Viva do Algarve
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