ARLA/CLUSTER: 2012 terá mais 1 segundo no dia 30 de junho

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Quinta-Feira, 2 de Fevereiro de 2012 - 19:17:10 WET


Especialistas do tempo debatem a continuação da manutenção da sincronização dos relógios com a rotação da Terra.
 
Especialistas da União Internacional de Telecomunicações estão reunidos na Suíça para decidir se aprovam a abolição do segundo de salto. Este é um segundo que é adicionado ou removido periodicamente para manter o tempo medido pelos relógios atómicos em sincronia com o tempo da rotação da Terra.

A proposta para eliminar o segundo de salto foi discutida na Assembleia das Telecomunicações em Genebra. Os Estados Unidos, França e Alemanha pretendem eliminar o segundo de salto mas o Reino Unido, China e Canadá querem que ele se mantenha. Se não for alcançado um acordo entre os 200 membros, esta mudança irá a votação.

Ron Beard, presidente da União Internacional de Telecomunicações refere que este "não é um assunto técnico, mas sim diplomático."

A escala do tempo no mundo, Tempo Universal Coordenado (UTC) é baseado na medida do tempo através de relógios atómicos que usam as vibrações regulares nos átomos para contar os segundos. Mas estes relógios são mais precisos que o movimento de rotação do nosso planeta. A Terra acelera e desacelera à medida que gira, o que significa que uma rotação correspondente a um dia, pode ter alguns milissegundos a mais ou a menos.

Por este motivo, foi estabelecido em 1972 os segundos de salto para manter o tempo dos relógios atómicos e o tempo da Terra em sintonia. São adicionados ou removidos pela Serviço Internacional de Sistemas de Referência e Rotação da Terra, quando verifica que os dois tempos estão afastados cerca de 0.9 segundos.

Os países que pretendem abolir os segundos de salto referem que estes se tornaram muito problemáticos para os sistemas de navegação e telecomunicação que requerem uma referência do tempo contínua. Estão incluídos os satélites, serviços financeiros, a internet, o controlo de tráfego aéreo e sistemas energéticos. 

Felicita Arias, diretora do departamento do tempo no Comité Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) em Paris explicou que "o segundo de salto foi definido a pedido da navegação marítima mas hoje, a navegação marítima pode usar outras formas de aceder ao tempo rotacional. Assim, não há mais nenhuma necessidade real da sincronização com os segundos de salto."

Os países que querem manter este esquema de sincronização referem que as dificuldades que causam não são suficiente para justificar a sua abolição.

Para Peter Whibberley, cientista  no Laboratório de Física Nacional no Reino Unido, "a decisão de deixar de utilizar os segundos de salto para manter a UTC alinhada com o tempo solar será talvez a mudança mais fundamental da escala do tempo de há centenas de anos. Pela primeira vez, o tempo civil será baseado apenas em relógios feitos pelo Homem e não na rotação da Terra."

Esta situação pode causar problemas no futuro. Ao longo das décadas a diferença entre o tempo baseado na rotação da Terra e o tempo dos relógios atómicos poderá corresponder a alguns minutos. Ao fim de 500 anos poderá tornar-se numa hora.

Não é a primeira vez que esta questão é levantada. Em 2005, os Estados Unidos propuseram que o segundo de salto fosse abolido e substituído pela hora de salto mas, esta proposta não foi aprovada pelos membros da União Internacional de Telecomunicações.

Agora os segundos de salto vão novamente a votação. Se for aprovada a eliminação dos segundos de salto, estes deixarão de ser utilizados a partir de 1 de Janeiro de 2018.
 
O segundo extra em 2012 será adicionado no final do dia 30 de junho, ao Tempo Universal Coordenado (UTC), ou seja, o dia 1 de julho não começará após as 23 horas, 59 minutos e 59 segundos do dia 30 - mas começará após as 23 horas, 59 minutos e 60 segundos.


Fonte: BBC





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