ARLA/CLUSTER: Off Topic: Na Universidade de Coimbra foi identificada a partícula subatómica mais leve de sempre

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Sábado, 14 de Abril de 2012 - 12:07:29 WEST


Primeira pergunta que nos vem à cabeça: para que serve a partícula
subatómica mais leve de sempre? A desanimadora resposta é que ainda
não se sabe. Mas sublinhe-se o “ainda”.

O investigador holandês Eef van Beveren, físico teórico da
Universidade de Coimbra, que reclama ter identificado o novo bosão,
avisa que “as implicações desta descoberta são de longo alcance, não
apenas para física hadrónica (física das partículas que estuda as
interacções fortes), mas também para física das altas energias e
cosmologia.

A partícula até poderá ser utilizada como uma fonte de energia nuclear
mais limpa, dado que se desintegra totalmente sem deixar resíduos”.
Porém, o futuro promissor deste avanço no complexo mundo da física
ainda estará longe, porque, admite o investigador, “para já, além da
sua existência, não sabemos quase nada sobre esta partícula”.

“Ninguém estava à espera de uma descoberta destas”, repete Eef van
Beveren sem esconder o entusiasmo. Eef van Beveren descreve esta nova
partícula E(38) como uma “bolha de sabão”, acrescentando que é 25
vezes mais leve do que um protão e três vezes mais leve que um pião (a
mais leve partícula que participa nas interacções nucleares).

O físico reconhece que é necessário ainda realizar estudos para
avaliar as suas propriedades e o seu armazenamento, mas não hesita em
anunciar o potencial do novo bosão. Para se imaginar a capacidade
desta partícula, o físico calcula que “um miligrama desta matéria dará
para um megawatt durante um ano”.

“A descoberta da E(38) constitui uma surpresa completa para a
comunidade científica, porque se trata de uma partícula muito especial
e mais leve do que quaisquer outras partículas com (anti)quarks.
Descobertas destas só há uma vez por século!”, afirma o físico, que
compara este feito ao momento em que o mundo da física percebeu que o
átomo era composto por núcleo e electrões.

Já há vários anos que o físico teórico teimosamente insiste em
explorar o modelo (matemático) que concebeu com o cientista George
Rupp, do Instituto Superior Técnico de Lisboa, e que foi apresentado
pela primeira vez no início da década de 80. Há mais de 20 anos que
suspeitava da existência desta nova partícula subatómica ou, como faz
questão de corrigir em conversa com o PÚBLICO, “talvez seja mais
correcto chamar-lhe subnuclear”.

Desta vez, analisou os resultados obtidos com as experiências nos
aceleradores de partículas em Bona (Alemanha) e no Laboratório Europeu
de Física de Partículas (CERN, na Suíça), entre outras instituições. O
modelo de Van Beveren e Rupp permite descrever pormenorizadamente uma
classe de partículas elementares, os mesões [partículas compostas por
um quark e um antiquark].

Assim, segundo explica o comunicado da UC divulgado ontem, o físico
“‘varreu’ todos os eventos registados nas experiências, mesmo os
considerados irrelevantes, e num determinado espaço, um ínfimo espaço,
registou uma quantidade de 46 mil eventos com 13 sigma de
significância (o que é considerado mais que suficiente para a
existência de uma partícula), ou seja, a evidência clara de um novo
bosão”. Para reivindicar uma descoberta é preciso encontrar, pelo
menos, 5 sigma de significância (um indicador de relevância
estatística). “O que temos é um sinal muito claro, um pico enorme (ver
imagem). Já há muito tempo que pensava nisto, fui o único a procurar e
certo dia encontrei. Aqui está!”, conclui.

Para Brigitte Hiller, outra física da Universidade de Coimbra citada
no comunicado, “a evidência da existência desta nova partícula de
extrema leveza, a confirmar-se, terá implicações extraordinariamente
importantes para a física, porque, na comunidade dos físicos das
partículas, ninguém esperava que existisse uma partícula numa zona de
energia tão baixa”.

Partindo do princípio básico de que um átomo tem em si inúmeras
partículas (subatómicas) – as mais celebres são os electrões, protões
e neutrões –, há muito que se explora este mundo da matéria. Em
Dezembro, anunciava-se a descoberta de outra partícula subatómica – o
bosão “chi b(3P)” – feita com o acelerador de partículas (LHC) do
CERN. É também no Laboratório Europeu de Física de Partículas que se
procura – numa aventura que é seguida atentamente pelos media – o tão
popular bosão de Higgs, a partícula que poderá explicar a origem da
matéria no Universo (e que, por isso, já ficou conhecida por
“partícula de Deus”). Sobre isto Eef van Beveren prefere não fazer
comentários. “São coisas que prefiro guardar no meu laboratório”,
refere apenas, notando que o modelo padrão usado no CERN é diferente
do modelo que desenvolveu, ou seja, métodos de procura diferentes que
podem levar a descobertas diferentes.

Já em 2009 cinco novas partículas subatómicas foram descobertas por
uma equipa de físicos, coordenada pelos físicos Eef Van Beveren, da
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC)
e George Rupp, do Instituto Superior Técnico (IST). Trata-se de uma
descoberta essencial para um melhor conhecimento e compreensão dos
mecanismos básicos da matéria do Universo.

Fontes: Várias na Internet




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