ARLA/CLUSTER: Fundamentos básicos de como começar a concorrer em concursos
João Gonçalves Costa
joao.a.costa ctt.pt
Quarta-Feira, 27 de Julho de 2011 - 15:26:36 WEST
Fundamentos básicos
A primeira pergunta lógica é " O que é um Concurso "?. Os Concursos iniciaram-se aproximadamente há setenta anos atrás. O conceito foi desenvolvido como uma tentativa de melhorar a habilidade operacional dos Radioamadores.
Para o iniciante, um Concurso não é nada mais do que uma operação programada para encorajar Radioamadores a contactar tantos quantos outros forem possível em um determinado período de tempo e frequências. Concursos variam entre os nacionais, sul-americanos e internacionais como o CQWW.
Habilidade e conhecimento para operar em Concursos são qualidades que vem somente com a experiência. Enquanto muitos operadores tem "habilidade instintiva" (como por exemplo, capacidade de receber CW em velocidades altas ou muito altas, etc..), o meio mais rápido e eficiente para aumentar a sua habilidade é participando de Concursos.
Desafortunadamente, Concursos e operadores de Concursos podem ser também muito intimidatórios. Em CW, aparentemente, centenas de estações estarão transmitindo no mínimo a 200 ppm (palavras por minuto). Observando o SSB, você ouvirá operadores de primeira linha trabalhando médias de 300 QSO´s (contactos) / hora. O iniciante em Concurso observa tudo isto e pensa: "ISTO NÃO É AMBIENTE PARA MIM !"
O segredo de tudo é lembrar que o que cada Radioamador que você ouvir durante um Concurso começou exactamente no mesmo lugar em que você está agora! O Campeão dos anos 90 foi o principiante dos anos 70.
Vamos rever alguns conceitos básicos da operação em Concursos:
1.- Transmita SEMPRE o seu indicativo de chamada por inteiro quando chamando uma outra estação.
2.- Precisão é mais importante do que velocidade. Entretanto, tente transmitir a menor quantidade de informação necessária para validar um QSO (contacto) como definido pelo regulamento do Concurso.
3.- Treinar, treinar e treinar. Muitos participantes operam CW em velocidades baixas e são excelentes para que você possa afiar sua habilidade operacional.
4.- Pratique fora dos Concursos. Não existe substituto para melhorar suas habilidades em CW e/ou desenvolver bons ouvidos no SSB do que treino, muito treino.
5.- Nunca se renda ou fique desanimado. Sucesso em Concursos sempre será um termo relativo. A maioria dos participantes nunca vencerá. Mas você poderá se divertir muito tentando superar um score anterior ou algum objectivo pessoal.
Serão os Concursos somente para poderosas estações?
Embora, como já dissemos anteriormente, os Concursos possam ser intimidatórios, a resposta é absolutamente NÃO! Existem apenas uns poucos vencedores entre os muitos que participam de um determinado Concurso. Como já foi dito milhares de vezes, existem somente uns poucos vencedores entre os milhares que participam de Concursos. Estabeleça um objectivo para si mesmo. Seu objectivo pode variar entre melhor o seu escore do ano anterior até aumentar a sua velocidade de recepção.
Se os Concursos fossem somente para as estações poderosas eles simplesmente não existiriam.
Qual o tipo de rádio que se deve utilizar?
Embora não fazendo propaganda de nenhuma marca, dentre as muitas existentes no mercado, vamos enumerar os elementos básicos que um transceptor deve possuir, especificamente para Concursos:
Nota do tradutor: Esse artigo foi traduzido da CQ e lá nos USA um equipamento com as características abaixo são baratos e comuns, portanto não fique desanimado.
1.- Transmissão transistorizada, não necessitando de sintonia.
2.- Digital Interface para computadores (RS232)
3.- Filtros opcionais
4.- Reputação
5.- RIT/XIT
6.- DSP - Digital Signal Processor
7.- VFO duplo
8.- Selecção de atenuação da recepção
As vantagens e a utilização dos elementos acima citados serão discutidas posteriormente. Ao pensar em adquirir um equipamento, não se esqueça da velha propaganda de boca. Pesquise, pergunte aos mais experientes, procure saber os prós e contras do(s) equipamento(s) que pretende adquirir.
Concursos e Computadores
Uma segunda e importante aquisição em equipamentos, que tem crescido muito ultimamente é o COMPUTADOR.
A mesma linha de raciocínio utilizada para a aquisição do rádio deve ser seguida para qualquer periférico da sua estação.
Uma estação de Concursos sem um computador é quase como uma estação sem antenas!
Finalmente, existe uma enorme gama de acessórios (principalmente de fabricação caseira) que ajudam a definir uma estação de Concurso.
Atente para questões como chave de antenas, acopladores, auscultadores de ouvido, ligações à Terra, protecção, filtros de linha, pré-amplificadores, etc...
Antenas, o que utilizar?
Antenas sempre serão uma boa adição para a sua estação, qualquer que seja a finalidade dela. A sua selecção depende de vários factores como dinheiro, tempo e espaço. Mantenha a mesma filosofia que utilizou para escolher os outros componentes da sua estação. Esteja você interessado em Concursos, Diplomas ou Rodadas, o objectivo será sempre o mesmo: Obter o melhor sinal possível.
Há muitos anos os Operadores de Concursos tem liderado o campo das inovações e melhoramento de antenas. Embora a grande maioria dos Radioamadores disponha de recursos limitados, uma combinação de antenas dipolos bem ajustados e correctamente utilizados contam muitos pontos nos Concursos Nacionais e Sul-Americanos ou mesmo mundiais. No campo internacional, uma direccional tri-banda para 10/15/20 metros e dipolos para 40/80 metros em mãos experientes podem realizar feitos
impressionantes. Uma outra alternativa é escolher uma única banda e concentrar todos os esforços nela.
Uma leitura em bons livros sobre antenas como o ARRL Antenna Handbook não somente é educativo como também fornece alternativas de baixo custo para o iniciante.
Em que categoria eu devo entrar?
A escolha de uma categoria para operação começa com a leitura e compreensão dos regulamentos dos Concursos. Eu, particularmente, sou um entusiasta pela participação de iniciantes em operações de estações da categoria Multi-operadores. Se você tiver a sorte de conseguir a orientação de um operador mais experiente, melhor ainda.
Como conseguir uma boa pontuação com uma modesta estação?
A maior parte das boas estratégias na operação em Concursos fundamentalmente deve ser baseada no bom senso. Infelizmente, nem todos terão a oportunidade de operar de uma " Superestação".
A grande maioria dos competidores usa antenas direccionais tri-bandas e dipolos.
A pergunta é: Como se divertir operando uma modesta estação e como tirar o máximo proveito dela?
Para a maioria das pessoas, Concursos é uma ocasião que nos permite operar rádio e ver o que podemos fazer. A questão da maximização da nossa pontuação começa com uma análise honesta da condição da nossa estação e das suas fraquezas.
Se você utiliza um dipolo em 40 metros, é muito difícil competir com as grandes antenas direccionais do início inferior da banda. Porém, percorrendo a banda de cima a baixo e contestando as outras estações que efectuam uma chamada geral (CQ) pode ser muito produtivo.
Segundo, a escolha da hora de operação é um ponto chave. Se você tem limite (s) de tempo para operação, tente escolher uma programação que combine esse seu período de operação com os períodos de boas aberturas de propagação na(s) banda(s) escolhida(s) para operação.
A utilização dos microcomputadores tem ajudado tremendamente no processo de verificação do nosso progresso durante um Concurso. Pode parecer óbvio, mas nunca esqueça de trabalhar aquela coisa que parece óbvia e fácil. Eu mesmo já me esqueci de trabalhar o multiplicador PP2 em um Concurso!
Operar de uma estação modesta, força você a ser um melhor operador.
Obriga-te a ser mais inteligente quando em um pile-up (força bruta nem sempre é tudo). Uma colocação inteligente do seu indicativo de chamada no momento certo, naquela calmaria de um pile-up, sempre rende bons dividendos. O mais importante é que uma estação modesta pode ainda ser muito eficiente durante os picos de actividade.
Aonde posso conseguir mais informações sobre Concursos?
Dependendo da sua localização geográfica, existem uns números muito grandes de clubes de Concursos em todo o mundo interessados em ganhar novos membros. As revistas QTC Magazine, CQ Contest, CQ Amateur Radio e o Jornal National Contest assim como a Internet são excelentes fontes de informações.
Por exemplo: www.contesting.com (acho que o nome dispensa explicações)
NOTA: Este site também é uma excelente fonte de informações
Termos confusos dos Concursos
O operador de Concurso usa um vocabulário um pouco diferente dos outros Radioamadores. Procuraremos analisar alguns termos existentes em inglês e que você vai encontrar nas publicações do género internacionais e que são normalmente utilizados pelos operadores de Concursos internacionais.
BROKEN CALLS QSO´s
que foram considerados ilegítimos após o término da verificação do Log (relatório). Este tipo de QSO ocorre quando um indicativo de chamada ou uma parte da reportagem é copiado e registado incorrectamente. É raro encontra-se esse tipo de ocorrência na maior parte dos relatórios, seja de operadores novos ou de experientes.
CHECK SHEET
Quase fora de uso por causa dos softwares específicos para Concursos como o CT (K1EA) e o NA (N6TR). Você pode usar uma folha de verificação, caso não possua computador, como auxílio e evitar perda de tempo trabalhando estações e/ou multiplicadores que já foram trabalhados.
CLUB COMPETITION
Clubes de Concursos não só são um modo para conduzir e encorajar operadores novos a competir, mas resultam também em mini competições entre eles. Você verá frequentemente as pontuações cumulativas de sócios de clubes aparecendo em resultados de competições como o CQ WW, WPX, ARRL DX ou nos ARRL Sweepstakes.
No Brasil ou mais conhecidos são o Araucária DX Group, o Tupy e o Guará DX Group.
DISQUALIFICATION
A maioria dos relatórios enviados pelos participantes são verificados cuidadosamente e sujeitos a desclassificação como em qualquer outro desporto competitivo. Corredores dos 100m, por exemplo, podem ser desclassificados depois da segunda partida em falso. Os novos operadores podem operar sem nenhum temor. A maioria dos critérios de desqualificação são projectados para identificar abuso flagrante das regras e / ou operação desleal. Cada competição normalmente define seu próprio critério de desclassificação o qual deveria ser lido e compreendido antes do início da competição.
DUPES
Regras de competição e regulamentos geralmente são muito específicos em relação à precisão dos relatórios submetidos. Por exemplo, um QSO de Concurso não é considerado válido a menos que a informação mínima (por exemplo, troca de reportagens) seja efetuada entre as estações. Quando uma estação é trabalhada mais que uma vez em uma única faixa (ou em qualquer outra faixa em algumas competições como o ARRL 10 metros), é considerado um QSO duplicado e deve ser removido do relatório a submissão final (LOG).
NOTA: em alguns Concursos a não indicação de modo claro que o QSO registado é duplicado, implica em penalidades.
EXCHANGE
A REPORTAGEM é uma informação pré-determinada requerida pelo Regulamento do Concurso para ser trocada entre as estações participantes da competição, podendo apresentar diferenças significativas dependendo do Concurso. Alguns exemplos comuns incluem: RS(T) + Número do QSO (por exemplo, 599001); RS(T) + Zona CQ; RS(T) + QTH (País de DXCC, Estado, Município, Seção de ARRL), etc. Esta informação, em adição ao indicativo de chamada é a informação básica exigida para reivindicar-se um QSO como válido.
HIGH-CLAIMED SCORES
Muitos organizadores de Concursos publicam uma lista com as mais altas pontuações das estações participantes, em cada categoria, logo de seguida ao termo da competição. Isto não reflete os resultados finais da competição. São pontuações projetadas, com o único intuito, de fornecer uma indicação dos maiores scores antes da conferencia final dos relatórios recebidos.
MULTI-OPERATOR
Esta é um das categorias operacionais em Concurso. Estações de Multi operadores podem usar um único transmissor (por exemplo, categoria multi-single) ou múltiplos transmissores (por exemplo, categoria multi-multi ").
MULTIPLIER
O multiplicador num Concurso é um dos mecanismos utilizados para definir a pontuação final dos competidores. A definição atual de um multiplicador varia dependendo do Concurso. No CQ WW, são utilizados como multiplicadores os países da lista do DXCC + Zonas CQ. Outras competições usam Estados norte-americanos ou Municípios, zonas ITU, seções da ARRL, etc. A pontuação final em um Concursos é normalmente fornecida pela multiplicação do total de pontos de QSOs pela soma
total dos multiplicador (ver pontos de QSO).
OPERATING PERIOD
Todas as competições especificam um determinado de tempo de operação. As principais competições de DX duram normalmente 48 horas. Algumas limitam o total de tempo operacional para um subconjunto deste período. Além disso, quando você dá um intervalo, você é solicitado frequentemente pelas regras dos Concursos para cumprir um mínimo de tempo de repouso. Confira a regras de cada competição para maiores detalhes.
NOTA: os períodos de descanso devem ser claramente indicados no LOG que é o relatório dos qso's efetuados que deve enviado ao organizador da competição.
OPERATING FREQUENCIES
Para reduzir o QRM nas faixas, muitos organizadores de Concursos sugerem determinadas frequências de operação para serem utilizadas durante a competição. Isto é especialmente verdadeiro para eventos especiais como os QSO Party americanos e Concursos de pequeno porte. Esta prática normalmente não funciona para grandes eventos como o CQ WW devido ao grande numero de participantes.
QSO POINTS
Muitas regras de competição tentam aplicar um "peso" diferente para QSOs nas pontuações finais. Por exemplo, um QSO válido dentro do seu continente pode valer um (01) ponto, enquanto contatos com outros continentes valem 3 pontos. Geralmente, a pontuação final em Concursos é determinada pela soma de todo os pontos de QSO vezes o total de multiplicadores (veja definição de multiplicador). Na prática cada Concurso tem uma pontuação diferente do outro.
RATE
A medição da média dos QSO's trabalhados é um método de avaliar a velocidade com que você está trabalhando os QSO's durante a competição. É frequentemente usado como uma medida do seu desempenho e ajuda muito o processo de tomada de decisão para a selecção de faixa / modo em qualquer tempo. As médias normalmente são medidas numa base de hora em hora (por exemplo, 60 QSOs/hora).
RUN
Esta é uma técnica operacional caracterizada por uma estação de Concurso permanecendo em uma única frequência por um período contínuo de tempo trabalhando as estações que respondem à chamada "CQ Contest". Pode variar de alguns minutos a várias horas nas quais o operador pode registar 300 estações por hora em casos extremos. Embora poderosas estações de Concursos tenham maiores probabilidades em experimentar este ambiente operacional, estações mais modestas podem
experimentar frequentemente deste estilo de operação em pequenos períodos de tempo.
"SEARCH and POUND"
Este método de operar é o oposto do RUN. É caracterizado pela sintonia da faixa para cima e para baixo na procura de novas estações para trabalhar. Este é um modo comum de operação quando a competição tem poucos participantes ou condições de propagação não são boas. Estações menores usam este método operacional mais frequentemente, pois a elas muitas vezes falta FORÇA BRUTA para sustentar longos RUNS durante a competição.
NOTA: O termo força bruta refere-se ao uso de amplificadores lineares de potência que podem chegar a 1500W de saída e/ou a utilização de antenas directivas de alto ganho.
SINGLE OPERATOR
Este é a categoria operacional na qual você opera individualmente (é o oposto do multi-operador). Nos últimos anos, ocorreram mudanças nesta classe, como QRP e ASSISTED (por exemplo, utilização do Packet Rádio em 2 metros como um modo ajuda para descobrir os multiplicadores necessários).
SPOTTING
Com o advento do Packet Rádio dos Dx Cluster´s, etc, muitos operadores estão cada vez mais utilizando esta tecnologia para identificar/ informar estações raras para outros competidores. SPOTTING é comum entre membros de Clubes de Concurso entre outros utilizadores do packet.
Texto original CQ Amateur Radio April/97
K1AR, John Door k1ar contesting.com
Editor de Concursos da CQ Amateur Radio
Versão em português (do Brasil) autorizada
PP2BT, Júlio Maronhas pp2bt yahoo.com.br
1st Class Radiotelegraphist
1st Class Amateur Radio
CWGO Member
PRC Master Member
GADX Member
Guara DX Group Member
Adaptado para português de Portugal por CT1FBF, João Costa.
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