ARLA/CLUSTER: A necessidade aguça o engenho.

[ARLA - Associação de Radioamadores do Litoral Alentej]

Imaginem uma pequena associação de Radioamadores que nasce da
necessidade premente da união entre uns quantos, nomeadamente para se
conseguirem determinados fins que, sem a ajuda e contribuição de
todos, nunca poderiam ser atingidos.

Imaginem-na a crescer; tanto em maturidade como em número de sócios,
mas sobretudo nos respectivos ideais e projectos.

Fantasiem as coisas a correm muito bem... pelo menos de início.
Imaginem mesmo uma linha de evolução rápida, inúmeros projectos...
muita participação e entusiasmo.

Visualizem um crescimento saudável e promissor. Mais sócios, mais
ambição... o salto territorial definitivo de um grupo de Concelhos que
ocupavam, territorialmente, metade de um Distrito... para o assumir
desse território por inteiro.

Idealizem os núcleos regionais a formarem-se e a implodirem por si próprios.

Imagine-se agora uma quantidade de desafios e novas realidades a
fazerem evoluir a conjuntura no sentido desse modelo de organização
vir a enfrentar cada vez mais obstáculos... novos e intransponíveis
obstáculos... muita resistência à mudança.

Concebam, com a vossa criatividade imaginativa, a linha que separa
esta organização entre a sua razão de ser e as probabilidades de
extinção... a tornar-se mais fina até quase deixar de ser perceptível.

Fantasiem os sócios a aderirem, cada vez em maior número, mas também
uns quantos que abandonam a viagem a meio.

Projectem no vosso cenário umas nuvens escuras carregadas de
tempestade que vão descarregar em breve um dilúvio de desafios... e
mais alguns sócios a desmotivarem outros a abandonarem o esforço
comum.

Façam de conta que esta organização, outrora pródiga em novidades,
originalidades, inovações e singularidades está seca de pioneirismo...
e quiçá de novas ideias...

Aos olhos de muitos é vista como uma vaca esquelética que já deu muito
leite, mas que agora apenas aguarda o dilúvio que se ameaça no
horizonte sem ter pasto que a alimente.

Eis senão quando, por algum milagre imprevisto, fortuito e
inesperado... algo acontece para voltar a colocar a organização na
rota da antecipação, do movimento precursor nalguma coisa, mesmo que
insignificante.

É então que se dá a prolepse.

Como « a necessidade aguça o engenho », a Direcção dá um passo ousado
para resolver um problema antigo e provar que " a vaca está magra mas
viva e ainda tem muito leite para dar ".

O enigma foi complexo.

A pergunta que se punha era a de como evitar a deslocação, por mais de
100 quilómetros em cada direcção, a uma boa parte dos associados que
vivem no extremo oposto do Distrito, nomeadamente quando era
necessário reuni-los em Assembleia-geral na sede ?

A resposta encontrada provou que " a vaca vive de facto e que o seu
leite ainda é bom ".

Graças à disponibilidade de um dos sócios, o qual contribui para a
parte mais edificante e importante da solução, foi encontrado um local
alternativo de reunião.

Posto isto, chegou-se facilmente à formula que nos colocaria todos a
viver o mesmo evento em simultâneo, mas separados por mais de uma
centena de quilómetros - a videoconferência !

E mais uma vez, quem quis, aprendeu duas lições de vida importantes :

. Juntos podemos aquilo que individualmente nos é impraticável.
. A necessidade aguça o engenho.

Os exemplos abundam.

Sem a colaboração entre dois dos sócios... não havia videoconferência.
Sem a cooperação e boa vontade de outra organização semelhante,
através de um outro sócio... não haveria local alternativo.

Sem isto e sem aquilo, sem este e sem aquele... nada disto teria sido
concretizável.

A criatividade humana, tantas vezes desperdiçada, é sem dúvida o motor
da evolução. Numa modesta organização Distrital de Radioamadores fez
algo inédito para resolver um problema antigo, provando aquele
provérbio Japonês que poderá ser outra grande lição para todos nós - «
Nunca digas é impossível. Diz: ainda não fiz ».

Um tal momento e a celebração do feito alcançado só não foram
perfeitos, porque muitos não quiseram aproveitar esta oportunidade
única de deixarem os respectivos nomes e indicativos gravados na
história da sua organização... e quem sabe até do Radioamadorismo
nacional.

A próxima ambição é repetir a proeza para o ano que vem, mas
porventura utilizar, como canal de ligação, frequências do Serviço de
Amador e tecnologias inerentes ao mesmo para transmissão de som e
imagem.

Reflictam nisto !

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