ARLA/CLUSTER: Offtopic: vamos entender afinal de onde vêm os rádios baratos...

Sergio Oliveira covairia gmail.com
Quinta-Feira, 8 de Dezembro de 2011 - 09:32:32 WET


Esta é a mensagem de feriado. Um pouco de cultura faz bem. A China sempre
foi o país de grandes vagas de glória e esta é mais uma. 
        
73 de Sergio Oliveira CT2IFT shack in IM59QP - Long-8.66495W (-8º39'54"W)
Lat 39.62625N (39º37'35"N) 
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Tertúlia no r/c do shack no Ed. Lagoa: café Cervejaria Luís das 11:30 às
12:30h. 

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Os arranha-céus de Xangai levam-nos por vezes a esquecer que poucos anos
atrás a China jazia na mais aviltante miséria, não tendo literalmente do que
se alimentar. Foi esse o resultado do comunismo e, em particular, da
sinistra Revolução Cultural empreendida por Mao Tsé-Tung em meados da década
de 1960.
Se a China conseguiu desenvolver-se e alçar-se à atual condição de potência
emergente foi graças ao concurso das empresas macrocapitalistas ocidentais
que, em detrimento da economia e da mão-de-obra de seus respectivos países,
fizeram investimentos colossais na China e deslocaram para lá quase toda a
sua produção industrial.
Impulsionada por Deng Xiaoping, a China introduziu, de fato, a partir de
1978, elementos de economia de mercado, permitindo a entrada controlada do
capital estrangeiro e criando, na sua faixa litorânea leste, as chamadas
Zonas Econômicas Especiais (ZEE). Nestas se instalaram as empresas de
capital misto, que podem investir, com o apoio de cientistas europeus e
norte-americanos, em ciência e novas tecnologias. Por outra parte, no setor
agrícola, a responsabilidade sobre a produção, a propriedade dos meios de
produção e as decisões foram transferidas das comunas e governos locais para
os próprios agricultores.
Apenas 25 anos mais tarde, em 2003, os investimentos estrangeiros tinham
passado de US$ 5 bilhões a US$ 60 bilhões, o PIB havia se multiplicado
praticamente por sete, o ingresso per capita por cinco, e a produtividade da
mão-de-obra por quatro. A parte da China no PIB mundial tinha passado, no
mesmo período, de 5 a 15% (se calculada segundo a paridade de poder de
compra).
O valor total do comércio exterior chinês elevou-se de 20,6 bilhões de
dólares, em 1978, para 1,1548 trilhão de dólares em 2004, subindo do 38o
lugar para o 3o lugar no ranking mundial. No ano retrasado ela superou a
Alemanha como o maior exportador do mundo.
De 2004 até hoje, a China continuou a crescer a um ritmo anual médio de 9
65% e, em fevereiro deste ano, passou o Japão como segunda maior economia
mundial.
Por causa de seu superávit comercial, a China acumulou imensas reservas de
câmbio (4,21 trilhões de dólares, equivalentes a 30% das reservas mundiais).
Na história moderna, nunca um só país concentrou tal quantidade de recursos
financeiros. Seus fundos soberanos de investimento lhe servem de instrumento
para uma ofensiva neocolonialista em todas as latitudes, particularmente na
África e na América Latina, onde se encontram as matérias primas de que seu
território carece.
Numa palavra, o Império do Meio transformou-se, aparentemente, na maior
successful story da história econômica da humanidade.
O lado obscuro e perigoso da medalha: o “Tigre de Papel”
Porém, como frequentemente acontece, as aparências enganam… 

1. O PIB por habitante
Ainda que o PIB chinês exibido pelas autoridades comunistas (e sujeito à
caução!) chegasse um dia a equiparar-se ao dos Estados Unidos, há um detalhe
geralmente esquecido: é que a China, no ranking mundial do PIB/habitante do
Banco Mundial, situa-se atualmente no 100° lugar, entre Angola e Tunísia!
E no dia em que o tamanho da economia chinesa tiver alcançado a de seu rival
americano (calcula-se que isso poderá dar-se por volta de 2050), seu PIB por
habitante ainda representará uma magra quarta parte do PIB per capita
americano ou canadense…
Isso quer dizer que, caso continue a crescer no ritmo atual por mais 40 anos
 a China ainda será um país em desenvolvimento, no qual uns 50 milhões
gozarão de um nível de vida ocidental, 350 milhões de um nível equivalente
ao da Rússia de hoje, e um bilhão de pessoas ainda viverão na miséria negra
deixada pelo socialismo. 

2. As revoltas populares
É fácil imaginar o grau de descontentamento que emergirá dessa massa imensa,
submersa na mais extrema pobreza, obrigada a emigrar para outras regiões e a
conviver com o luxo ostentador de uma minoria de oportunistas e de membros
da antiga Nomenklatura. Um estudo de acadêmicos da Universidade de Tianjin
contou 90 mil episódios de revolta, incluindo distúrbios de rua e petições,
somente no ano 2009. Segundo o maior especialista vaticano da China, o
missionário Pe. Bernardo Cervellera, o número de revoltas sociais é de 180
mil por ano! Manter unido o conjunto do país implicará no reforço ainda
maior do já implacável aparelho repressivo militar e policial. 

3. A falta de criatividade e de iniciativa
A limitação do acesso à informação e à educação de um tal sistema repressivo
acarretará a jugulação do capital intelectual e do espírito de
empreendimento, que para florescer adequadamente requerem um clima de
liberdade individual.
É essa falta de criatividade que obriga os dirigentes comunistas chineses a
desenvolver descaradamente e em larga escala a espionagem industrial, a fim
de copiar as descobertas e os modelos desenvolvidos alhures. E nem sequer
conseguem copiar direito, como ficou comprovado nos recentes acidentes do
trem de alta velocidade e do metrô de Xangai.
Num mundo globalizado e hiper-concorrencial, regido por aquilo que os
economistas chamam de “inovações de ruptura”, que mudam os parâmetros de
determinado setor da economia (é só pensar nos lançamentos da Apple quando
estava sob o comando de Steve Jobs), a China não tem nenhuma possibilidade
de ganhar a corrida; e limitar-se-á ao seu atual papel de gigantesco
empreiteiro das multinacionais à procura de uma mão-de-obra barata. Ou da
maior oficina de contrafação da Terra…
Recentemente tivemos o escândalo das falsas lojas da “Apple” e da “Ikea”
(depósito de 10 mil metros quadrados), funcionando em Kunming, capital da
província de Yunnan, no sudoeste da China. Alguns anos atrás houve o
rumoroso caso da joint-venture entre a Embraer, produtora brasileira de
aviões civis de alcance médio, e a estatal chinesa CAIC, a qual aproveitou a
parceria para roubar a tecnologia brasileira, rompendo logo depois o
contrato para desenvolver seus “próprios” aviões.
Essa falta de criatividade e iniciativa pesará cada vez mais sobre a
economia chinesa.

4. O socialismo de Estado
Tanto mais quanto os setores mais importantes e lucrativos da economia estão
reservados às empresas estatais, que se beneficiam de 80% dos empréstimos
bancários. O resultado é que, enquanto apenas 150 empresas de dimensão
nacional e 120 mil empresas regionais se aproveitam da parte do leão, quatro
milhões de empresas privadas e algumas dezenas de milhões de pequenos
negócios particulares, geralmente informais, devem lutar por migalhas.
Segundo as estatísticas, essas 150 grandes empresas geram mais de 2/3 do PIB
chinês e seus lucros correspondem à metade da riqueza nacional.
Apesar de muitas empresas estarem listadas na bolsa de valores, ou
oficialmente privatizadas, o governo retém na realidade pelo menos a metade
— até 2/3 — das ações e seus dirigentes são escolhidos pela Comissão de
Supervisão e Administração do Patrimônio, após consulta ao Partido Comunista

Não é de surpreender que 2/3 dos membros das diretorias e 3/4 dos executivos
sejam dirigentes ou membros do Partido Comunista chinês, atualmente com 85
milhões de membros e uma lista de espera com 80 a 100 milhões de
oportunistas. O atual primeiro-ministro Wen Jiabao gabou-se, ainda em 2008,
de que “o Partido Comunista Chinês representa o povo e, portanto, a ditadura
do proletariado é o melhor sistema do mundo”…
Como a China continua a funcionar na base de “planos quinquenais”, o
esquálido setor privado é obrigado a agir no quadro estrito fixado por um
partido ditatorial que considera o acesso ao desenvolvimento pela maioria da
população como uma ameaça a seu poder.
Nenhum empresário pode desenvolver suas atividades sem se submeter
inteiramente às ordens do partido único e sem corromper os funcionários do
Estado e os quadros dirigentes do Partido. Além do mais, pelo sistema de
leasing por 70 anos, nada na China pertence verdadeiramente aos particulares
 nem a terra e nem sequer as casas.

5. A fuga de cérebros
O resultado desse clima é que os melhores empresários, aqueles que
conseguiram sobreviver e enriquecer-se, estão investindo de modo maciço no
exterior, para ali instalar suas famílias e conseguir um passaporte
estrangeiro. Estados Unidos, Canadá e Austrália estão sendo seus destinos
preferidos. Segundo um relatório conjunto do China Merchants Bank e da
empresa norte-americana Bain & Co., de 20 mil chineses detentores de uma
riqueza de pelo menos 15 milhões de dólares, 27% já emigraram e 47% estão
pensando em fazê-lo. Somente no ano passado, 68 mil chineses conseguiram a
invejada green card americana. 

6. A “fratura geográfica”
A única solução para evitar essa contínua “fuga de cérebros” seria
liberalizar o regime. Porém, isso provocaria outros problemas tanto ou mais
graves, decorrentes dos abissais desequilíbrios regionais, sociais e étnicos
existentes na imensa China. Com efeito, não só o antigo Império do Meio é
vítima dos separatismos tibetano e uigur, como a própria identidade chinesa
passa por uma grave crise, causada pela “fratura geográfica” existente entre
as regiões costeiras desenvolvidas e o interior agrícola atrasado, ou ainda
pelas lutas entre o poder central e os poderes locais, dominados por
pequenos potentados. 

7. A penúria energética e a poluição
Uma das questões que provocam fricções entre as regiões é o acesso aos
recursos energéticos. Na China, não somente faltam a terra cultivável e a
água, mas o próprio desenvolvimento tem acarretado uma dramática “penúria
energética”. Segundo a Agência Internacional de Energia, em menos de uma
década o consumo energético da China duplicou. Ela se tornou assim o maior
consumidor do mundo, ultrapassando inclusive os Estados Unidos.
A China é o primeiro país produtor e consumidor de carvão (67% de sua
energia é termoelétrica), desde que, em 1959, o Grande Salto multiplicou os
pequenos fornos termoelétricos até nos vilarejos do interior. É o que
explica o fato de o céu de quase todas as suas cidades — especialmente
Pequim — serem cinza e não azul, e que 30% das chuvas ácidas que poluem o
Japão venham da China…
Ademais, enquanto as minas de carvão situam-se no norte, 71% das indústrias
consumidoras estão localizadas sobretudo no leste. É por isso que a metade
do frete ferroviário é monopolizada pelo transporte de carvão. Por outro
lado, os poços de petróleo e de gás encontram-se no noroeste, o que obriga à
construção de longíssimos e enormes oleodutos e gasodutos.
Não é de estranhar que o número de acidentes do meio ambiente tenha
aumentado exponencialmente nos últimos anos e que os rios da China sejam os
mais poluídos do mundo.
Uma das soluções mais econômicas é a hidroeletricidade — de onde o interesse
em controlar com mão de ferro o Tibet, do qual parte a maioria dos rios —,
mas todas as barragens chinesas (incluída a gigantesca Três Gargantas)
representam menos de 10% da produção atual. 

8. O envelhecimento da população
Entretanto, o maior “calcanhar de Aquiles” da República Popular da China é o
envelhecimento de sua população, fruto da irracional política do “filho
único”, instituída pelo governo chinês em 1979. A taxa de fertilidade é
estimada entre 1.5 e 1.8 crianças por mulher em idade reprodutiva, abaixo da
taxa de 2.1, necessária para manter estável a população.
Eis as três consequências principais dessa política do “filho único”:
a) o desequilíbrio da proporção dos sexos no nascimento (principalmente
devido ao aborto das meninas por nascer), que é atualmente de 120 meninos
por cada 100 meninas, resultou na carência de 20 a 30 milhões de moças com
as quais os rapazes pudessem se casar;
b) a transformação da pirâmide das idades, que colocará uma carga excessiva
nos ombros da atual geração de jovens, os quais terão de arcar sozinhos com
a manutenção de seus pais idosos. Em 2007, o número de chineses na idade de
aposentar era de 144 milhões. Espera-se que em 2035 esse número será de 391
milhões (mais do dobro), enquanto o número de jovens vai diminuir. Essa
diminuição já se nota nas escolas: em 1995 havia 25,3 milhões de novos
alunos; em 2008, a cifra já tinha caído para 16,7 milhões; em 1990 havia na
China mais de 750 mil escolas primárias; em 2008 elas tinham diminuído para
perto de 300 mil, por causa da queda da natalidade;
c) o declínio da força laboral, que nos últimos dez anos já significou uma
baixa de 14% do número de jovens trabalhadores de 20 a 29 anos de idade (a
queda vai chegar a 20% nos próximos 20 anos). Dessa escassez de mão-de-obra
resultará o aumento das exigências salariais dos novos trabalhadores.
9. A bolha imobiliária e a inflação
A essas gravíssimas fraquezas estruturais soma-se uma alarmante fraqueza
conjuntural: a bolha imobiliária e o aumento da inflação.
Com efeito, a fim de manter um crescimento de dois dígitos apesar da crise
financeira de 2008, o partido ordenava ao Banco Central facilitar o crédito
e incitar os particulares a investir no setor imobiliário, de um lado, e de
outro encorajava os potentados locais a desenvolver uma política de
construção de infra-estruturas (grande parte delas inúteis).
Isso deu lugar à especulação no setor da construção e à formação de uma
imensa bolha imobiliária: a participação do setor da construção no PIB subiu
 nos últimos anos, para mais de 20%, fazendo com que os preços dos imóveis
disparassem muito acima das possibilidades de aquisição de uma família da
classe média (por isso há dezenas de milhões de apartamentos e casas
desocupados). Para se ter um termo de comparação, no auge do boom do tijolo
na Espanha e na Irlanda, a participação da construção no PIB foi,
respectivamente, em torno de 11% e 9,4%; ou seja, a bolha da China é o dobro
da espanhola e da irlandesa. O que acontecerá quando a bolha chinesa
explodir? Basta considerar o que aconteceu na Espanha e na Irlanda…
Segundo os dados disponíveis, o endividamento interior é atualmente
equivalente a 125% do PIB, estimando-se que a metade dessas dívidas são
irrecuperáveis. Por isso, as agências de notação já começaram a rebaixar a
nota dos bancos e das empresas públicas chinesas.
A inflação foi outro resultado dessa mesma abertura do crédito. Como as
taxas de juros oferecidas pelos bancos para os depósitos são claramente
inferiores ao aumento dos preços, os chineses são incitados a gastar o
dinheiro rapidamente em bens que podem manter seu valor. Isso retro-alimenta
a inflação. Nos últimos meses ela se situa acima de 6% ao ano, afetando,
sobretudo, os setores que se referem à vida quotidiana: alimentação,
alojamento, etc. As medidas de contenção têm alcançado resultados
insignificantes e o controle dos preços de certos legumes apenas alimentou o
mercado negro. 

10. As novas exigências salariais
Em vista disso, e da diminuição da entrada de jovens no mercado de trabalho,
os assalariados começaram a exigir das empresas aumentos significativos de
seus salários. Não conseguindo absorver os gastos, as empresas são obrigadas
a repercutir nos preços. Isso leva os assalariados a reclamar novo aumento,
etc., conduzindo a uma “espiral preços-salários” que encarecerá os produtos
chineses no mercado exterior. Ou seja, precisamente na contramão daquilo que
tem sido a base do “milagre chinês”: a mão-de-obra barata e as exportações a
baixo custo.
* * *
Tudo somado, o crescimento desequilibrado da China, por mais espetacular que
tenha sido nas últimas décadas, pode não passar de um espelhismo passageiro.
Nesse caso, voltar-se-ia contra a China o apelativo que Mao Tsé-Tung
atribuiu aos Estados Unidos: um “tigre de papel“.
China: grande responsável pela ruína financeira do Ocidente
Em seu curto período de glória, esse “tigre de papel” teria, entretanto,
conseguido provocar a crise econômica em que hoje se debatem a Europa e os
Estados Unidos.
O mecanismo foi revelado recentemente, nas páginas do jornal francês “Le
Monde”, por Antoine Brunet, co-autor do livro La Visée hégémonique de la
Chine (L’Harmattann, 2011).
Brunet explica que, mercê do controle draconiano das divisas, a China mantém
o yuan a US$ 0,15 e a 0,11 euros, quando o mesmo deveria valer 0,25 dólares
e 0,21 euros, segundo o FMI e a ONU. Ao admitirem a China na Organização
Mundial do Comércio, os países ocidentais renunciaram às represálias
aduaneiras, única arma que poderia ter forçado os dirigentes chineses a
reajustar sua moeda.
Resultou daí uma imensa desindustrialização do Ocidente (as empresas
transferiram suas fábricas para a China), acompanhada de uma intensa
industrialização desta última, a qual se apoderou dos mercados. O comércio
exterior ocidental passou a ser fortemente deficitário, diminuindo ao mesmo
tempo o investimento interno, enquanto suas economias ficavam expostas a
sofrer uma recessão prolongada de natureza estrutural, ocasionada pela
manipulação do yuan.
Em vez de enfrentar a China, a solução encontrada por Alan Greenspan
(ex-presidente do banco central americano) e por seus colegas europeus foi a
de favorecer uma política de juros baixos, para desencorajar a poupança das
famílias e incitá-las à compra a crédito de moradias e outros bens de
consumo. Durante quatro anos, o PIB e o emprego nos países ocidentais foram
puxados para cima por um setor imobiliário eufórico, o qual levou a excessos
e a um terrível efeito boomerang: uma tríplice crise, imobiliária, bancária
e bursátil, a recessão e uma explosão do desemprego. Um fiasco absoluto.
Em fins de 2008, ao invés de forçar a China a revalorizar o yuan — que,
desde o início, teria sido a única solução verdadeira para relançar o
comércio exterior, o PIB e o emprego nos países ocidentais —, os aprendizes
de feiticeiro da economia ocidental optaram por uma política de estímulo
orçamentário, junto à manutenção de baixas taxas de juro a curto e longo
prazo.
Apesar dessa estratégia keynesiana, a retomada do crescimento foi modesta e
de curto prazo; em todo caso, incapaz de absorver os gigantescos déficits
provocados pelos planos de estímulo, fazendo assim explodir a dívida pública
 A subsequente suspeita dos investidores quanto à capacidade dos países mais
frágeis em honrar seus compromissos (Grécia, Portugal, Irlanda, etc.) causou
a disparada dos juros exigidos pelo mercado para os respectivos títulos da
dívida pública, levando esses países à beira da falência. Um novo fiasco
absoluto que ameaça fazer explodir a zona do euro e a própria União Europeia

Quem é o responsável? — A covardia do Ocidente diante da China. Porque: 1)
foi o pacifismo monetário diante da manipulação da moeda chinesa que
desestabilizou as economias ocidentais em todos os planos (comercial,
econômico, social, tecnológico, etc.); 2) as políticas compensatórias foram
um fracasso e só agravaram ainda mais a desestabilização; 3) a única solução
estrutural teria sido obrigar a China a revalorizar o yuan mediante
represálias aduaneiras coletivas.
Os Estados Unidos e a Europa terão a coragem de fazê-lo, sabendo que os
conflitos comerciais são muitas vezes o prefácio de conflitos diplomáticos e
até militares?
Isso levanta a delicada questão da escalada militarista da China.
A maior ameaça chinesa: seu crescente poderio militar
Favorecidos pelo reconhecimento diplomático de Pequim como único e legítimo
representante de toda a China, com cadeira permanente no Conselho de
Segurança da ONU, os dirigentes comunistas chineses servem-se da tendência
independentista de Taiwan como pretexto para uma escalada armamentista.
Realmente, com governo próprio e independência de fato sobre a ilha desde o
fim da guerra civil chinesa em 1949, Taiwan é reconhecida como Estado
independente por menos de vinte nações secundárias. E Pequim ameaça com o
uso da força se Taiwan declarar formalmente a sua independência, oferecendo
em troca a fórmula “uma nação, dois sistemas” que vigora em Hong-Kong.
A escalada armamentista, porém, vai muito além do necessário para meter medo
 e eventualmente enfrentar Taiwan, levando analistas americanos e europeus a
suspeitar que a China tem interesses geoestratégico e militares mais amplos.


1. Os interesses econômicos e ideológico-estratégicos preponderantes
Tais interesses são, ao mesmo tempo, ideológico-estratégicos e econômicos.
Do ponto de vista econômico, os escassos recursos naturais da China
obrigam-na a assegurar a alimentação de uma população que aumenta cada dia
seu padrão de consumo nas cidades costeiras. Ademais, o modelo de
desenvolvimento chinês, baseado nas exportações, induz seus dirigentes a
assegurar o acesso a fontes seguras das matérias primas necessárias para
suas atividades de manufaturação. Daí, por exemplo, sua crescente
aproximação com o Paquistão, com o qual está construindo uma parceria (11
mil soldados chineses estão estacionados na região de Gilgit-Balistan para
ajudar o Paquistão a combater a rebelião autonomista dos habitantes) com
vistas a construir um corredor viário e ferroviário que lhe dê acesso direto
ao imenso porto de Gwadar, na boca do Golfo Pérsico, recentemente financiado
e construído pela China.
Do ponto de vista ideológico-estratégico, a China procura consolidar uma
coalizão internacional de países emergentes que, com o propósito de defender
seus próprios interesses, no final das contas acabam embarcando volens
nolens numa espécie de luta Sul x Norte, versão atualizada da velha luta de
classes marxista.
Isso explica a aproximação da China com os regimes ditatoriais de Cuba e da
Venezuela chavista, bem como com os seus parceiros populistas do Equador,
Bolívia e, mais recentemente, Peru.
Além de exportações militares — a compra de 40 aviões K-8 (Karakorum) pela
Venezuela e seis pela Bolívia, e o equipamento da força aérea chavista com
um centro de controle e comando empregando radares JYL-1, também adquiridos
pelo Equador —, o Exército de Libertação Popular da China utiliza as
instituições de sua Universidade da Defesa Nacional (em Nanjing e Changping,
perto de Pequim) para estreitar laços com oficiais dos exércitos
latino-americanos, oferecendo a estes últimos cursos em espanhol e inglês.
Com o mesmo objetivo, o ELP participa, desde 2004, na força internacional da
ONU no Haiti e desenvolveu exercícios de assistência humanitária no Peru. 

2. A doutrina hegemônica do Dragão Vermelho
Com vistas a atingir esses objetivos político-estratégicos e econômicos, os
geoestrategistas do Exército de Libertação Popular falam de uma nova
“fronteira de interesses” da República Popular da China, sugerindo que o
exército chinês não deve proteger apenas seu vasto território, mas
igualmente seus interesses econômicos muito além de suas fronteiras (por
exemplo, as companhias petrolíferas e mineiras operando em regiões
vulneráveis da floresta amazônica).
Daí a necessidade, segundo os estrategistas chineses, de preparar as forças
armadas não apenas para uma ação defensiva, mas, sobretudo, como uma “força
de dissuasão” capaz de uma “defesa ativa em profundidade” (ou seja, de uma
intervenção distante). Em 2006, Wu Shengli, comandante-em-chefe da Marinha
de Guerra chinesa, exigiu “uma marinha poderosa para proteger a pesca, a
prospecção de matérias primas e as rotas estratégicas da energia”.
Em 2010, o diretor do Instituto de Pesquisa de Desenvolvimento Militar na
Universidade Chinesa de Defesa Nacional, coronel Liu Mingfu, publicou um
livro intitulado A Chinese Dream: Big-Power Thinking and Strategic
Positioning in a Post-American Era [Um sonho chinês: Grande capacidade de
pensar e posicionamento estratégico numa era pós-americana], no qual
sustenta, parafraseando Clemenceau, que “o mundo é importante demais para
ser deixado nas mãos dos Estados Unidos”. Por isso, diz o coronel, a “China
deve salvar a si própria e ao mundo” e preparar-se para ser a “timoneira do
mundo”, uma vez que “possui o gene cultural superior requerido para
transformar-se em líder mundial”.
Interrogados pelo site do Global Times, jornal oficial do Partido Comunista,
a respeito das conclusões do livro do coronel Mingfu, 80% dos internautas
chineses responderam positivamente à pergunta: “Você pensa que a China deve
procurar transformar-se no primeiro país do mundo e no poder militar
dominante?”.
Essa nova tendência belicista ficou demonstrada em 2001, quando a aviação
chinesa forçou um EP-3 – avião norte-americano de reconhecimento – a
aterrissar na ilha de Hainan, desmembrando depois o aparelho e aprisionando
seus tripulantes por longo tempo. 

3. O poderio convencional e atômico do Exército Nacional de Libertação
A China já possui, de fato, o maior contingente de tropas do mundo, e ainda
assim dobrou seu orçamento militar, numa corrida para dotar suas forças de
armamentos sempre mais sofisticados, corrida esta não limitada às armas
convencionais.
Na última década, o Estado comunista chinês aumentou o número e a quantidade
das ogivas de seu arsenal atômico e dos mísseis capazes de atingir alvos
distantes.
Um recente relatório do Pentágono reconheceu que o Exército Nacional de
Libertação “está fechando rapidamente a distância tecnológica com as forças
armadas modernas”. Por exemplo, Chen Hu, principal colunista militar da
agência estatal Xinhua e editor da revista “World Military Affairs”,
sustenta que os caças J-10 e J-11 já são superiores à última versão do F16
americano e que é esta a razão pela qual o governo Obama se recusou a
fornecer a referida versão aos seus aliados chineses nacionalistas de Taiwan

O mesmo relatório revela a existência, na China central, de instalações
subterrâneas profundas, conectadas por três mil milhas de túneis, usadas
para armazenar e esconder ogivas e mísseis, bem como para abrigar centros de
comando resistentes a ataques nucleares.
No seu recente livro A Contest for Supremacy [Uma disputa pela supremacia],
o Prof. Aaron L. Friedberg, da Universidade de Princeton, explica como a
China representa uma séria ameaça para o futuro da paz: “A faixa de alcance,
precisão e quantidade de mísseis cruzeiros e de mísseis balísticos de
meio-alcance no arsenal da China dar-lhe-ão daqui a pouco a opção de atacar
todas as bases americanas e aliadas na região [do Pacífico Ocidental] com
ogivas que podem abrir crateras em pistas de pouso, esmagar abrigos para
aviões e acabar com portos, plantas elétricas e redes de comunicação”,
informa o autor.
Baseados na teoria dos “conflitos assimétricos” da guerrilha maoísta
(segundo a qual uma ameaça mortal não provém necessariamente de um poder
militar equivalente; por exemplo, o ataque às torres gêmeas…), o Exército de
Libertação Popular tem empregado grande parte de seus recursos em domínios
que lhe dão uma vantagem assimétrica, como a guerra eletrônica e a
espionagem.
Outro fator de superioridade das tropas chinesas é seu fanatismo, resultado
de um doutrinamento político contínuo feito pelos Comissários do Povo. Estes
exploram o orgulho nacional apresentando a China como um país do
Terceiro-Mundo, vítima do caráter predatório do imperialismo e do
colonialismo ocidentais.
Donald Rumsfeld, secretário de Defesa dos EUA no governo de George Bush,
confessou candidamente, numa recente conferência no Canadá: “A única coisa
que realmente me preocupa, a respeito da China, é que eu não entendo as
relações entre a liderança política — os dirigentes do Partido Comunista — e
o Exército de Libertação Popular. Eu não sei qual é a influência do ELP ou
quem é que é realmente o responsável. É uma espécie de mistério para mim”.
Igual ingenuidade parece prevalecer entre os líderes ocidentais a respeito
da notória aproximação entre Moscou e Pequim. 

4. A convergência estratégica entre a China e a Rússia
De fato os interesses da China e da Rússia não são divergentes, mas
convergentes, pelo menos a curto e médio prazo, apesar do que dizem a
maioria dos líderes ocidentais baseados em alguns analistas otimistas.
Num estudo publicado em 2006 pelo Norsk Utenrikspolitisk Institutt, de Oslo,
de autoria de Kyrre Brækhus e Indra Øverland, tal convergência é posta em
realce sob o expressivo título: A Match made in Heaven? [Um casal de sonho?]
 Para os autores, essa convergência geoestratégica resulta tanto de
interesses materiais comuns quanto da consonância de valores e de ideologia.
Do ponto de vista material, a Rússia é o fiel da balança no jogo de poder
entre o Japão e a China pela preeminência na Ásia. E isso porque as duas
potências amarelas carecem de matérias primas, especialmente as energéticas,
que devem ser trazidas de longe através de rotas estratégicas de alto risco,
enquanto podem pegá-las de modo mais seguro e com custos de transporte mais
baratos no território russo, que as possui com fartura.
É sintomático o caso do oleoduto para levar o petróleo da Sibéria ocidental
para o Extremo Oriente, cujo traçado era asperamente disputado entre o Japão
e a China.
Até 2004, parecia que o Japão estava levando a melhor e que o terminal
oriental do oleoduto seria situado na baía de Nakhodka, na Sibéria, de onde
seguiria depois para o Japão. Em vez disso, em 2005, o governo russo
preferiu um traçado alternativo que levará o petróleo primeiramente até
Skovorodino, nas proximidades da cidade chinesa de Daqing. Com um empréstimo
de 25 bilhões de dólares para a sua construção, o oleoduto começou a operar
em 1° de janeiro de 2011 e proverá a China com 300 mil barris-dia durante 20
anos, existindo já um plano para desenvolver um gasoduto paralelo.
A Rússia também pode prover as empresas chinesas com minérios estratégicos
dos quais as empresas russas são os primeiros produtores mundiais, como
alumínio, níquel, titânio e paládio. Tais empresas também estão entre os
vanguardistas na produção de outros minérios, como platino (2° produtor),
magnésio (3°), vanadio (4°), cobalto e ouro (5°), cobre (6°); sem contar
suas reservas de carvão, sobrepujadas apenas pelas dos Estados Unidos.
A crescente competitividade da China não representa uma ameaça para a Rússia
porque a indústria de manufaturados desta é muito pequena e, pelo contrário,
seus consumidores podem aproveitar-se de produtos chineses baratos sem que
tais importações desequilibrem sua largamente excedente balança comercial
(decorrente da venda de petróleo). Aliás, ambas nações se reconheceram
mutuamente como “economias de mercado” (sic!) e já tinham concluído, em
outubro de 2004, negociações sob a égide da Organização Mundial do Comércio.
Outro domínio de convergência entre os dois países é o militar. A Rússia tem
sido o principal provedor de armamento da China desde o fim da Guerra Fria
(90% das compras de armas entre 1991 e 2004, segundo um relatório do
Pentágono), incluindo submarinos, destróieres, caça-bombardeiros, mísseis e
aviões estratégicos de reconhecimento. Igualmente, a Rússia tem fornecido
assistência técnica ao programa espacial chinês.
Por estarem dotadas de grandes exércitos e grandes arsenais convencionais e
atômicos, as chances de uma invadir a outra são muito baixas. De outro lado,
ambas carecem de aliados de peso e por isso têm expandido a cooperação
militar, principalmente no campo da inteligência militar.
Do ponto de vista ideológico, ambos regimes reprimem de modo inclemente suas
minorias étnicas rebeldes, em particular as islâmicas (Chechênia, na Rússia,
e Uigur, na China), e reprimem a oposição interna com idêntica
desconsideração dos direitos humanos, apoiando-se mutuamente diante dos
organismos internacionais e da opinião pública mundial.
As suas diplomacias convergem em muitos cenários de conflito, como o do fim
das sanções ao Irã (o qual é parceiro da Rússia e da China), ou no Oriente
Médio e na África. Sobretudo, têm interesses convergentes na rivalidade
comum com os Estados Unidos, lembrando o velho ditado segundo o qual “dois
inimigos de um terceiro são amigos entre si”.
Por todas essas razões, a convergência estratégica entre a Rússia e a China
é uma tendência que ainda ganhará força em curto e médio prazo, e somente
poderá passar por fricções de longo prazo no tocante à Sibéria, onde há uma
clara pressão demográfica chinesa.
Prevalecerá por enquanto o dito por Dimitri Medvedev em 2008, durante uma
visita a Pequim, de que o objetivo de sua viagem era confirmar “a convicção
da Rússia de que a China é um aliado geopolítico sério no desafio ao
Ocidente”.
Desafio ao Ocidente…
A declaração do presidente-títere Medvedev nos remete ao início deste artigo
 Pelo fato de o Ocidente ter desenvolvido a mais alta expressão histórica da
civilização cristã; por abrigar em seu seio Roma, a capital da Cristandade;
por ainda guardar os mais admiráveis e valiosos tesouros do seu passado
cristão; pelo fato de a fé ainda estar viva em países como a Polônia, a
Irlanda e Malta, ou nas nações emergentes da América Latina; por tudo isso,
as forças do mal trabalham para o seu declínio, em favor do Oriente pagão.
Isso deve nos levar, a nós católicos, a olhar com muita vigilância a
escalada geopolítica da China, e a eventual constituição, em torno desta, de
um grande bloco anti-ocidental.
A mão estendida do Ocidente aos chineses autênticos
Isso de nenhuma maneira significa que o povo chinês seja nosso inimigo.
Muito pelo contrário.
No começo destas linhas, afirmávamos que Nosso Senhor Jesus Cristo e a
Igreja são o centro da História, a qual continua a ser atravessada apenas
por dois campos: o dos povos cuja cultura se pode dizer ainda cristã, e o
dos povos que ainda não aceitaram Jesus Cristo. Embora clara, simples,
lógica e conforme evidentemente aos fatos, esta divisão precisa ser vista
com certa ductilidade de espírito. Porque existe, em ambos os lados, uma
profunda divisão.
Em nosso Ocidente – cheio de tanta luz e de tanta glória, decorrentes de seu
esplendoroso passado cristão – entretanto quanta miséria! Apostasia da fé,
indiferentismo religioso, relativismo, imoralidade, às vezes mais odiosos do
que o paganismo asiático ou africano.
Enquanto isso, nos países da antiga gentilidade, vicejam núcleos crescentes
de católicos, que constituem no seu conjunto uma verdadeira primavera da fé.
Por isso, atrás da cortina policialesca de bambu que ainda cerca a China, há
riquezas de alma que não se deixaram absorver nem pelo comunismo nem pela
atual hiper-produtividade induzida, e que marcham em sentido oposto ao das
falsas elites do país. O melhor da China é representado pelos 4% de cristãos
e, em particular, pelo 1% de católicos (14 milhões). Mas estes últimos estão
às voltas com a sinistra estratégia de divisão promovida pelo Partido
Comunista através da cismática Igreja Patriótica sob as ordens de Pequim.
Perseguidos implacavelmente pelo regime por causa de sua fidelidade
inquebrantável a Roma e à jurisdição universal do Sucessor de Pedro, esses
milhões de verdadeiros católicos da Igreja subterrânea constituem a grande
promessa do imenso povo chinês.
Se eles permanecerem fiéis e o “dragão de papel” – pelo peso de seu próprio
crescimento desequilibrado e de suas pretensões hegemônicas – acabar ruindo
como um colosso de barro, abrir-se-á uma auto-estrada para a evangelização e
a conversão de centenas de milhões de chineses desiludidos.
Como um lírio nascido na noite das catacumbas, no lodo de um regime que
acumulou os males do miserabilismo comunista e do consumismo ocidental, sob
a tempestade de um conflito apocalíptico pela disputa da hegemonia do mundo,
uma nova China católica poderá vir à luz. E essa nova China católica não
será uma imitação, de pele amarela e olhos puxados, da civilização ocidental
 Pelo contrário, ela será o reflexo do plano que Deus teve em vista quando
criou o poético, delicado e industrioso povo chinês.
A razão disso é explicada em luminoso artigo escrito por Plinio Corrêa de
Oliveira para a revista Catolicismo, em janeiro de 1956, do qual
reproduzimos alguns extratos, adaptando-os ao caso da China:
“A doutrina do Evangelho é imutável. Mas, ao ser posta em prática, ela deve
atuar sobre inúmeras circunstâncias concretas das mais variáveis,
ordenando-as, corrigindo-as, elevando-as. E como uma civilização católica,
considerada no plano histórico, é sempre a realização dos princípios
doutrinários imutáveis do Evangelho, em circunstâncias históricas mutáveis,
como de outro lado a Igreja não está vinculada senão à Revelação, daí
decorre que Ela não Se identifica com qualquer cultura, ou qualquer
civilização, por mais que lhes tenha servido de fonte de inspiração. [...]
“De onde decorre que, embora [a cultura ocidental] tenha sido uma cultura
católica, outras culturas católicas são possíveis, igualmente fiéis ao
espírito da Igreja, mas alimentadas de seivas diferentes. [...]
“Pode haver [na China] ou na Pérsia, desde que se convertam, uma cultura
católica que assuma, purifique, eleve e ordene todos os valores tradicionais
daqueles países. Claro está que, neste sentido histórico da palavra
‘cultura’, terá nascido uma autêntica cultura católica nova, profundamente
afim com a do Ocidente enquanto católica, profundamente diversa enquanto
persa ou [chinesa]. [...]
“Os povos gentios, a Igreja não deseja de modo nenhum desnacionalizá-los,
nem ocidentalizá-los. Católica, a Igreja entretanto não é cosmopolita. [...]
“Cabem, portanto, em seu seio todas as culturas, em tudo aquilo que tenham
de naturalmente bom e aceitável pela Igreja, sob a condição de que se deixem
guiar por sua doutrina e embeber inteiramente de sua vida sobrenatural”.
Rezemos a Nossa Senhora de Dong-Lu, Imperatriz da China, para que os
católicos chineses, resistindo à perseguição e convertendo seus irmãos de
sangue, façam nascer no antigo Império do Meio a maior nação católica da
História.
Nesse dia, a China não será mais uma ameaça, mas a grande aliada do Ocidente
para levar o Evangelho de Jesus Cristo até os últimos confins da Terra.

Eviado por > Cláudio de Carvalho Rocha


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 




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