ARLA/CLUSTER: Off Topic:Estrela que não deveria existir pode ser a mais antiga conhecida
João Costa > CT1FBF
ct1fbf gmail.com
Quarta-Feira, 31 de Agosto de 2011 - 21:07:34 WEST
Uma estrela bem menor que o Sol e de brilho muito tênue descoberta na
borda do centro da Via Láctea, na direção da constelação de Leão, é a
mais antiga conhecida e está forçando os cientistas a reverem suas
teorias sobre a formação deste tipo de astro. Batizada SDSS
J102915+172927, a estrela tem a menor quantidade de elementos mais
pesados que o hélio (classificados pelos astrônomos como "metais") de
todas já estudadas, indicando ser a mais antiga conhecida, com mais de
13 bilhões de anos de idade.
- As teorias mais aceitas preveem que estrelas como esta, com baixa
massa e quantidades extremamente pequenas de metais, não deveriam
existir, pois as nuvens de matéria em que se formam não poderiam ter
se condensado - diz Elisabetta Caffau, do Centro de Astronomia da
Universidade de Heidelberg, na Alemanha, do Observatório de Paris e
principal autora de artigo sobre a descoberta, publicado na edição
desta semana da revista "Nature". - Foi surpreendente encontrar, pela
primeira vez, uma estrela nesta "zona proibida", e isso significa que
temos que revisitar nossos modelos sobre a formação de estrelas.
Caffau e sua equipe analisaram as propriedades da estrela usando
instrumentos do VLT, telescópio do Observatório Europeu do Sul (ESO)
instalado no Chile. Os cientistas mediram a abundância de vários
elementos químicos no astro e revelaram que a proporção de metais nele
é 20 mil vezes menor que no Sol.
- A estrela é tão tênue e com tão poucos metais que só pudemos
detectar a assinatura de um elemento mais pesado que o hélio, o
cálcio, nas nossas primeiras observações - relata Piercarlo Bonifacio,
do Observatório de Paris e supervisor do projeto de pesquisa. -
Tivemos que solicitar ao diretor-geral do ESO mais tempo de uso do
telescópio para estudar a luz da estrela com mais detalhes e, com o
tempo maior de exposição, tentar encontrar outros metais.
De acordo com a teoria do surgimento do Universo mais aceita
atualmente, os elementos químicos mais leves - hidrogênio e hélio -
foram criados pouco depois do Big Bang junto com uma pequena
quantidade de lítio, enquanto quase todos os outros elementos
apareceram apenas mais tarde, forjados no interior de estrelas que
explodiram em supernovas. Estas explosões espalharam os elementos mais
pesados no meio interestelar, tornando-os mais ricos em metais. Assim,
as estrelas formadas neste meio mais rico apresentam proporções
maiores de metais em sua composição. Dessa forma, essas proporções
seriam indicativos da idade da estrela.
- A estrela que estudamos é extremamente pobre em metais, o que
significa que é muito primitiva - explica Lorenzo Monaco, astrônomo do
ESO no Chile e integrante da equipe que fez a descoberta. - Ela deve
ser uma das mais velhas estrelas já encontradas.
Também surpreendeu os cientistas a falta de lítio na estrela. Um astro
tão antigo deveria ter uma composição similar à do Universo pouco
depois do Big Bang, com mais um pouco de metais na sua "receita". Mas
os pesquisadores constataram que a proporção de lítio na estrela era
pelo menos 50 vezes menor que a esperada no material produzido pelo
Big Bang.
- É um mistério saber como o lítio formado logo depois do início do
Universo foi destruído nesta estrela - acrescenta Bonifacio.
Os cientistas também destacaram que a estranha estrela provavelmente
não é única.
- Identificamos várias outras estrelas candidatas que têm níveis de
metais similares, ou até menores, que a SDSS J102915+172927. Agora
planejamos observá-las com o VLT para saber se isso é verdade -
conclui Caffau.
Leia mais sobre esse assunto em
http://oglobo.globo.com/ciencia/mat/2011/08/31/estrela-que-nao-deveria-existir-pode-ser-mais-antiga-conhecida-925256316.asp#ixzz1WdeE7Mgk
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