RE: ARLA/CLUSTER: Exposição electromagnética e de RF
Miguel Andrade
ct1etl gmail.com
Terça-Feira, 28 de Setembro de 2010 - 19:11:35 WEST
Prezado Pinto,
Conhecia este documento, mas sinceramente ainda não o tinha lido.
Nele são levantadas muitas questões importantes.
Muito obrigado por esta excelente contribuição.
O documento é no entanto generalista, pouco vocacionado para a actividade no
Serviço de Amador e serve sobretudo para acalmar os receios da população
causados pelo alarmismo criado pela imprensa e certos grupos de pressão a
propósito do uso dos telemóveis. Aliás, penso que já tinha sido divulgado
aqui no fórum.
O meu maior destaque vai no entanto para uma primeira correcção ao meu
tópico. De facto, a intensidade do campo eléctrico é medida em Volt por
metro (V/m) e não o tempo de exposição em Volt por minuto, como erradamente
escrevi por engano.
O conceito Ampere por metro (A/m) está correcto, mas deveria ter sido
definido como relativo ao campo magnético e não em relação à
radiofrequência.
Devo ainda acrescentar ao que escrevi na referência às regulamentações
nacionais, a existência da Comissão Internacional para a Protecção contra as
Radiações Não Ionizantes (ICNIRP) e a Recomendação n.º 1999/519/CE, de 12 de
Julho, relativa à limitação da exposição da população aos campos
electromagnéticos.
Destacaria nomeadamente a afirmação segundo a qual « Os estudos científicos
efectuados para avaliação dos efeitos não térmicos [resultantes da
utilização de radiações de reduzida intensidade ] têm apresentado resultados
controversos », o que vem ao encontro das minhas reservas expressas na
mensagem original.
A frase mais polémica, em meu entender, é a que não é carne nem peixe, ou
seja « face ao exposto, poder-se-á concluir que devem ser aguardados os
resultados dos novos estudos científicos que estão a ser efectuados, sendo
ponto assente que, não estando provada a associação causal entre a exposição
a CEM e o aparecimento de algumas doenças, também não está provado o
contrário ».
Pelo sim pelo não vou continuar a adoptar as medidas de segurança que vos
proponho... « não vá o diabo tecê-las » :D
73's de Miguel Andrade ( CT1ETL )
IM58js - 38º44'57" N/009º11'26" W
CQ Zone 14 ********* ITU Zone 37
endereço em/adress in www.qrz.com
-----Mensagem original-----
De: Pinto [mailto:ct1ano tvtel.pt]
Enviada: terça-feira, 28 de Setembro de 2010 12:11
Para: ct1etl gmail.com; 'Resumo Noticioso Electrónico ARLA'
Assunto: RE: ARLA/CLUSTER: Exposição electromagnética e de RF
Para quem quiser saber o que está feito sobre a matéria, aqui fica um estudo
interessante.
Peco desculpa pelo tamanho mas é como está.
-----Mensagem original-----
De: cluster-bounces radio-amador.net
[mailto:cluster-bounces radio-amador.net] Em nome de Miguel Andrade
Enviada: segunda-feira, 27 de Setembro de 2010 22:14
Para: 'Resumo Noticioso Electrónico ARLA'
Assunto: ARLA/CLUSTER: Exposição electromagnética e de RF
Saudações a todos,
Devido à minha intervenção de ontem, no tópico " boas ", sobre
sintonizadores de antena, recebi uma mensagem de um colega que me levou a
escrever o " testamento " que transcrevo mais abaixo.
Por ser um assunto que se preza a uma boa discussão, resolvi partilhar
convosco aqui no fórum.
Se tiverem paciência para chegarem até ao fim, corrijam-me onde for
necessário, s.f.f. :
Em primeiro lugar deixe-me clarificar que nunca afirmei que a proximidade do
sintonizador, só por si, poderá causar problemas de saúde.
Se o sintonizador estiver simplesmente no final de uma linha de transmissão
e a sintonia não for muito radical, nem a potência de emissão elevada ( o
limite depende da frequência ), não trará mais inconvenientes do que uma
antena dipolo para a faixa dos 20 metros, perfeitamente sintonizada, mas a
trabalhar a cerca de 15 a 20 metros metros perpendicularmente ao operador,
com cerca de 100 watts de potência na emissão.
O problema não é a distância ao equipamento; são as radiações causadas,
nomeadamente por aquelas antenas que ligam directamente ao sintonizador, ou
seja, sem cabo coaxial ou outra linha de transmissão que as afaste do
operador.
Quanto mais baixa for a frequência pior, devido ao cumprimento de onda.
Convém para todos os efeitos operar o mais distante possível dos campos
electromagnéticos principais gerados por qualquer antena.
Para melhor me fazer entender, permita-me que aborde um pouco as radiações
electromagnéticas, embora este seja um campo envolto em grande polémica,
pois não há estudos científicos suficientes para avaliar o perigo real à sua
exposição ( e muito menos numa estação de amador a operar com apenas 100
watts de potência abaixo dos 30 MHz ).
O que lhe posso transmitir, em primeiro lugar, é que a radiofrequência deve
ser usada com cautela, pelo menos enquanto não tivermos em posse de estudos
científicos credíveis que estabeleçam valores e parâmetros de segurança ou
que permitam compreender os efeitos da exposição às radiações
electromagnéticas.
Independentemente dos casos já estudados, como os efeitos da radiofrequência
nos " pacemakers ", por exemplo, não se podem negar os seguintes factos :
a) Existem regulamentos que estabelecem valores para a exposição máxima
permissível, logo, « onde há fumo há fogo ».
b) Nos Estados Unidos, a entidade reguladora ( F.C.C. ) impõe uma vistoria
sempre que uma estação de amador se disponha a operar com uma potência
superior a 500 watts dos 160 aos 40 metros, 225 watts nos 20 metros, 100
watts nos 15 metros, 50 watts em 10 metros, 50 watts em VHF... só para
referir alguns exemplos.
c) São estabelecidos, em quase todos os países, valores máximos ou
intervalos de segurança em relação a exposições medidos em mW/cm2, V/minuto
( tempo de exposição ) ou A/metro ( distância da fonte de radiofrequência ).
d) Há inúmeros casos clínicos que se podem relacionar com a exposição a
radiofrequência ( assim como à exposição aos campos magnéticos gerados pela
corrente alterna usada em ambiente doméstico ). Nem todos são consequências
evidentes ou comprovadas de uma tal exposição e a complexidade começa pela
quantidade de factores envolvidos ( frequência, tempo de exposição,
intensidade do campo ou radiação, herança genética do indivíduo,
predisposição para certo tipo de doenças, condição geral de saúde, idade,
género, etc, etc, etc ).
e) Em termos gerais ( nem sempre é assim ), quanto mais elevada for a
frequência mais perigosa se torna a exposição.
A terminar aqui vão alguns exemplos retirados do livro " ARRL Antenna Book "
em relação ao campo eléctrico :
1. antena dipolo no sótão a emitir na frequência de 14,150 MHz, com 100
watts de potência - 7 a 100 V/m na habitação.
2. antena dipolo entre 2.10 m e 4.20 m de altura a emitir na frequência de
7,140 MHz, com 120 watts de potência - 8 a 150 V/m a 1 a 2 m da base ( terra
).
3. antena vertical a emitir em 3,800 MHz, com 800 watts de potência - 180
V/m a 50 cm da base.
Estes são apenas alguns exemplos. Determinar a densidade de um campo de RF é
difícil, senão impossível para o Radioamador mediano, nomeadamente porque a
esmagadora maioria não possui equipamentos adequados para testar a
respectiva estação.
Então o que fazer ?
Para além da regra de ouro « escutar em 95% do tempo e emitir nos restantes
5% », devemos moderar a potência de emissão. É igualmente uma regra de ouro
emitir apenas com a potência suficiente para se proporcionar uma escuta
confortável da nossa emissão.
É equitativamente importante manter qualquer emissor de 100 Watts afastado
de nós cerca de 30 cm, quando em emissão, ou um amplificador de 1 kW ao
dobro dessa distância... « não vá o diabo tecê-las ».
Sempre que possível, as antenas devem estar montadas a mais de 1/4 de onda
do operador mas se a potência de emissão for superior a 100 Watts aconselho
todos os colegas a operarem a pelo menos meia onda de distância dos lóbulos
de radiação mais evidentes e pelo menos uma onda completa acima dos 250
Watts ( medidas empíricas sem base científica ).
Isto torna difícil de concretizar nas faixas de frequência mais baixas,
sobretudo na viatura ou num apartamento de cidade, mas há formas de se
evitar a " excessiva " exposição a forças ainda pouco conhecidas em termos
de efeitos reais sobre o organismo.
Para além da operação em QRP, uma forma inteligente de aumentar as condições
de segurança é colocarmos uma antena que esteja demasiado próxima do nosso
corpo numa posição tal que estejamos expostos a um dos pontos de menor
intensidade do campo electromagnético. No dipolo, por exemplo, a avaliar
pelos lóbulos que uma destas antenas previsivelmente apresenta, é boa ideia
colocarmo-nos numa das extremidades e nunca numa posição perpendicular, ou
seja nunca num ângulo de 90º em relação à antena, ( pois nessa posição a
intensidade será expectavelmente maior ).
Espero que tenha sido útil e não me tenha tornado demasiado complicado.
73's de Miguel Andrade ( CT1ETL )
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