Re: ARLA/CLUSTER: EMOTOR - Já em fase de testes no Japão

Radiophilo radiophilo gmail.com
Quarta-Feira, 5 de Maio de 2010 - 19:34:11 WEST


Nem mais.

O caso magnético impressiona particularmente pelos efeitos visíveis
causados por objectos à escala humana que são muito mais evidentes do
que com outras forças fundamentais.

Se pensarmos no caso de um electroiman verificamos que:

1. Ao aplicar tensão aos terminais da mesma que há dispêndio de
energia necessário para o estabelecimento do campo magnético. Durante
essa fase, há uma transferência de energia da fonte para a bobine que
tem duas componentes, uma que será dissipada por efeito de Joule e
outra que será "gasta" a estabelecer o campo magnético.
A partir do momento em que o campo está estabelecido e a corrente
estabiliza, toda a energia entregue pela fonte é dissipada em efeito
de Joule, e nenhuma energia é gasta para manter o campo magnético.

2.  Ao aproximar uma massa ferrosa do electroiman, verifica-se que
quando a força exercida pelo electroiman sobre essa massa através do
campo magnético se sobrepõe à resultante das restantes forças, este é
atraído e colocado em movimento em direcção ao iman. Durante este
movimento o campo magnético é enfraquecido o que resulta num aumento
de corrente da fonte para repor a energia magnética assim convertida
em energia mecânica para mover a massa. Uma vez que a massa tenha
parado o seu movimento, presumivelmente agarrada ao electroiman, o
fornecimento de energia adicional cessa, e o sistema volta ao estado
inicial, isto é, toda a energia dissipada por efeito de Joule.

3. Ao desligar a alimentação ao electroiman, o campo magnético colapsa
e a energia acumulada é libertada sob a forma de FEM gerada na bobine.
Em função do circuito adjacente, a descarga desta energia pode
produzir FEMs muito elevadas, podendo até causar arco eléctrico aos
terminais do contacto, como é sobejamente conhecido.

O que eu creio que acontece num iman permanente é que a energia
magnética é, da mesma forma, transferida para o objecto atraído
elevando a sua energia mecânica e enfraquecendo correspondentemente o
iman, mas é restituída de volta quando objecto é novamente afastado.

Respondendo directamente à questão do Carlos Mourato sobre a levitação
da esfera magnética, a verdade é que esta não requer nenhum dispêndio
permanente de energia, tal como não o requer um livro pousado sobre
uma mesa.
É claro que há trocas energéticas, mais ou menos intensas, quando se
leva a esfera até ao sítio e durante a fase de estabelecimento de
equilíbrio, ou novamente quando se retira a esfera. Mas se a esfera
está em repouso, nada.

Queria só fazer alguns comentários às críticas aos maluquinhos do moto contínuo.
Por ser interessado em coisas invulgares, há já talvez uns 15 anos que
frequentei alguns foruns dessa natureza, estabelecendo contactos,
participando em discussões e realizando experiências.
Posso dizer que sim, que há alguns charlatões a querer fazer negócios
escuros, uns vendendo "equipamentos" que nunca funcionam e outros,
mais refinados, apenas para vender livros. Outros ainda estão só para
se divertirem.
Devo, no entanto, acrescentar que em poucos sítios se encontra tanta
gente a fazer algo que eu aprecio muitíssimo:
1. Discutir sériamente os princípios e fenómenos fundamentais da
mecânica, da electricidade e do magnetismo.
2. Conceber e realizar experiências, no verdadeiro espírito do método
científico.

Mesmo que se diga, e é verdade, que os objectivos de gerar energia
livre nunca são alcançados, o que se cresce e aprende neste processo
poderia servir de exemplo para outros, nomeadamente para nós
radioamadores, porque, contra aquilo que seria de esperar, mesmo sendo
crentes e praticantes da fé científica, não sabemos da missa a metade.

Cumprimentos,
António Vilela
CT1JHQ


2010/5/5 Paulo Calvo <paulo.calvo  brilhomania.pt>:
> Como já foi aqui dito força e energia sõa coisas distintas.
> As forças magnética, electroestática e gravitacional geram atracção ou
> repulsão entre corpos. Mas atingido o ponto de equilibrio o movimento pára.
>
> Para que o movimento continue é necessário o dispendio de energia,
> Geralmente o movimento consegue-se transformando energia potencila em
> cinética como no caso das barragens, ou os pesos de um relógio.
>
> O moto continuo é, à luz do que hoje se sabe, impossível.
>
> Paulo Calvo, CT1IDW




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