ARLA/CLUSTER: A telegrafia na era moderna

jose costa joserafaelcosta gmail.com
Sexta-Feira, 10 de Dezembro de 2010 - 14:25:21 WET


Boa tarde,
Colega Carlos Mourato,

Como radioamador  que usa unicamente o CW, quero agradecer-lhe as suas
sábias palavras.
Que texto tão bem redigido!
Os melhores 73 e desejos de Boas Festas.

José Costa
CT4GN
NRA # 20

2010/12/10 Luis Santos <luisalfahotel  gmail.com>

> Caro Carlos Mourato,
>
> Esta sua homenagem aos radiotelegrafista, é digna de ser publicada nos
> meios de comunicação apropriados, nomeadamente os que estão ligados
> directamente ao serviço de amador e também aos serviços de proteção civil
> nacionais. Julgo não ser viável para as forças militares, visto que optaram
> por "descartar" este poderoso meio de comunicação, que, nas mãos e ouvidos
> de um bom profissional, decerto que poderia servir como um óptimo sistema de
> recurso efectivo em caso de falha dos sistemas "Hi-Tech", vulneráveis, como
> todos nós sabemos, pelos exercícios efectuados e infelizmente também em
> situações reais!
>
> Partilho inteiramente a sua homenagem, e façamos tudo para não deixar
> "morrer" a telegrafia, isto é, manter vivo o código morse, na nossa
> actividade de rádio amador, e também mostrando a todos os outros a beleza
> deste modo de comunicação. Eu estou a fazer a minha parte, ou seja, a
> praticar novamente a telegrafia.
>
> Cumprimentos,
>
> Luis Santos
> CT1CVL
>
>
> 2010/12/9 Carlos Mourato <radiofarol  gmail.com>
>
>> caros colegas
>>
>> Nos tempos que correm, a radiotelegrafia tomou o seu lugar no museu das
>> comunicações, como um meio utilizado no passado, e que embora pese a sua
>> eficácia em termos de fiabilidade de comunicações, foi ultrapassada pelos
>> modos digitais, que permitem movimentar pelo menos a mesma quantidade de
>> informação, mas com sinais mais fracos em termos de SNR. Mesmo em situações
>> de congestionamento, e graças a larguras de banda de apenas alguns Hz por
>> segundo, conseguem-se verdadeiras proezas digitais. O ouvido humano não
>> consegue ser sensivel a larguras de banda tão estreitas como os modernos
>> sistemas digitais o são. No entanto larguras de banda demasiado estreitas
>> implicam velocidades de transmissão muito lentas, e como tal nem sempre
>> apropriadas a determinados fins, tal como comunicações de socorro e
>> emergência.
>> Tal avanço tecnológico , a nivel de electronica e software, levou ao
>> abandono por parte dos serviços oficiais, das comunicações em código de
>> Morse. Ao fazerem isso, abandonaram simultâneamente um dos elementos mais
>> importantes, durante mais de uma centena de anos, do panorama das
>> comunicações. A figura impar e sem paralelo dos telegrafistas.
>> É dos telegrafistas e da telegrafia em relação aos meios modernos de
>> comunicações, que vos venho aqui falar.  Desses homens e mulheres, que
>> anónimamente faziam de interface entre dois pontos que necessitavam de
>> comunicar. Muitas vezes essas comunicações salvaram vidas e bens, sem que
>> nunca ninguem conhecesse o verdadeiro rosto do "elo mais forte" da
>> comunicação entre o "salvador" e o "salvado". Durante quase 200 anos, esses
>> operadores de telegrafia, fosse por radio ou por fios, fizeram o mundo
>> evoluir, levaram boas e más novas aos quatro cantos do mundo. Lançaram
>> pedidos de socorro e gritos de alegria no ar. Tudo em nome dos outros....Em
>> pról dos outros. Eles eram apenas um elo da cadeia. Hoje, apenas os
>> radioamadores lhes prestam homenagem, mantendo em pleno funcionamento
>> emissões radiotelegráficas, com a eficácia de sempre, e sempre prontas a
>> fazer valer os seus insuperáveis valores.
>> Os serviços comerciais, alheios aos aspecto técnicos, e fiabilidade  das
>> comunicações, especialmente as de emergência, sedentos de aliviar despesas
>> com funcionários, acreditando muitas vezes em relatórios de pseudo
>> especialistas que se movimentam num mar de interesses, aconselhando uma
>> mudança para o "digital", embarcando inconscientemente em "modas", colocam
>> cada vez mais de lado o verdadeiro valor do ser humano. Nas comunicações, e
>> em nome da eficácia, os sistemas de radiotelegrafia, mostravam-se demasiado
>> simplistas para sobreviver. Alem disso eram precisos verdadeiros
>> especialistas em telegrafia, para assegurar um serviço eficaz.
>> Os engenheiros mais jovens, homens com uma visão mais modernista, e que
>> nunca conheceram as verdadeiras virtudes da telegrafia, trataram de
>> implementar a todos os niveis sistemas cada vez mais complexos e
>> automáticos, de modo a dispensarem cada vez mais a capacidade interventiva
>> do ser humano, enquanto elemento de decisão.  Construiram autenticas teias,
>> completamente incompreensiveis para uma só pessoa, altamente dependentes de
>> tudo e todos, e cada vez mais complexas técnicamente, o que leva à
>> inevitável perda de controlo sobre todo o sistema. Por outro lado, a
>> probabilidade de cortes na comunicação por avaria, nos sistemas modernos é
>> imensamente mais elevada do que nos simples sistemas radiotelegraficos
>> utilizados no passado, porque as ligações já não são feitas ponto a ponto, e
>> o elemento principal já não é o ser humano. Hoje uma cadeia de comunicação,
>> entre dois pontos, mesmo que seja a curta distância, implica um manancial
>> enorme de meios técnicos, entre equipamentos e software,  e não é raro, que
>> para se comunicar a um ou dois quilometros, através dos sistemas modernos,
>>  a informação tenha que percorrer centenas de quilometros, porque a gestão
>> da comunicação é feita num qualquer servidor instalado ninguem sabe bem
>> onde, e muitas vezes num lugar distante, e onde se chega através de varios
>> meios como cobre, feixes hertezianos, fibra óptica etc. Ora todos esses
>> meios técnicos intermédios, entre dois terminais de comunicação, acabam por
>> serem pontos onde potencialmente pode vir a acontecer uma avaria, e como
>> cada um é um "elo" da cadeia de comunicação, basta uma falha num para que a
>> comunicação se quebre. Não é de desprezar também, que a operação de tais
>> meios, implica operadores com alguma especialização e conhecimentos na área,
>> pois um mau operador, pode comprometer seriamente a eficácia das
>> comunicações nestes meios modernos. Se a tudo isto juntar-mos uma calamidade
>> natural que comprometa o funcionamento de alguns pontos da cadeia de
>> comunicação, veremos que é um risco elevado, estar dependente dos modernos
>> sistemas de comunicações. Certo é que os meios modernos de comunicação,
>> proporcionam um elevado débito de informação, e são capazes de veicular
>> dezenas, senão centenas de Mbps. Todavia este aspecto é apenas interessante,
>> no ponto de vista comercial, em que o que conta é o comércio de largura de
>> banda versus quantidade de informação. Tambem só é viável em situações pré
>> determinadas, onde os eventos sejam todos previstos e esperados. Na outra
>> face, existem as situações, em que a grande quantidade de informação não tem
>> interesse e nem sequer é desejável. Falo nos casos das comunicações de
>> emergência, de socorro, de perigo de sinalisação etc. Neste tipo de
>> comunicação, pretende-se trocar ou receber informação através de meios
>> simples e altamente fiáveis. Essa informação deve ser apenas a essencial
>> para permitir a tomada de decisão rápida e inequivoca, com vista a responder
>> prontamente à gravidade do evento. Deve ser uma informação clara, precisa,
>> sem demoras de interligações e latências, e suportadas por sistemas unicos e
>> simples que comuniquem entre si, de uma forma autónoma, sem recursos a
>> sistemas intermédios, e de preferência completamente controláveis pela
>> capacidade interventiva  do ser humano. É aqui que a radiotelegrafia com os
>> seus transmissores na forma mais simples, e os radiotelegrafistas
>> experientes, como muitos que temos entre nós radioamadores, continuam a
>> mostrar ao mundo e aos "senhores da era digital", que a telegrafia é um meio
>> de comunicação, tão simples como importante, tão fiável como eficaz, que por
>> muito que se tentem justificar os milhões gastos em alta tecnologia, nunca
>> desaparecerá, e fará sempre parte do mundo das comunicações, como a mais
>> simples, rápida, económica, fiável e eficaz maneira de comunicar, mesmo nas
>> condições mais adversas. Todavia as eternas virtudes da radiotelegrafia, não
>> existiam senão fosse a enorme capacidade do cérbero humano de se adaptar aos
>> mais diversos ambientes de escuta, muitas vezes  povoados de todo o tipo de
>> ruido, onde apenas o telegrafista experiente e atento, consegue discriminar
>> aquele sinal importante, transmitido de um lugar longinquo,  onde alguem tem
>> necessidade de ser escutado.
>> A todos os radiotelegrafistas, que o são ou que o foram, pela vossa
>> capacidade de comunicar de uma forma tão simples quanto eficaz, por serem
>> capazes de transformar o vosso sentido auditivo, em mensagens entre os
>> homens, por transformarem a ponta dos vossos dedos em sinais de informação
>>  claros simples e precisos, pelo lugar impar que ocupam no mundo das
>> comunicações, e por todas as vidas que salvaram, pelas alegrias e tristezas
>> que fizeram chegar ao destino, pelo vosso desinteressado e anónimo trabalho
>>  ao longo de quase 200 anos, aqui deixo a minha homenagem como simples
>> cidadão do mundo.
>>
>> 73 de CT4RK
>> Carlos Mourato
>> Sines
>>
>>
>>
>> --
>> *Best 73 from: regards from: CT4RK Carlos Mourato - Sines - Portugal*
>>
>>  *Warning*
>> *Save the Radio Spectrum! Eliminate Broadband over Power Line. *
>> *
>> *
>> *Salve o espectro electromagnético!. Não use a rede electrica para
>> transmitir dados. Os "homeplugs power line" e a tecnologia "power line"
>> causa fortes interferencias noutro serviços sem voce se aperceber. Diga não
>> à tecnologia power line. Proteja o ambiente electromagnético. Utilize
>> tecnologia de redes sem fio, denominadas wireless.*
>> -----------------------------------------------------------
>>
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>> CLUSTER  radio-amador.net
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