ARLA/CLUSTER: Proposta para o novo sistema de exames

JOSE PROENÇA gct2hiv gmail.com
Segunda-Feira, 30 de Março de 2009 - 01:58:19 WEST


Obrigado João Costa

Apesar de já não ser propriamente um jovem.
Apesar de ser um jovem em questões de Radioamadorismo.
Se calhar com mais tempo de associativismo do queoutros.

Agradeço as tuas palavras sábias.

Um abraço, 73

JAP
CT2HIV



2009/3/26 João Gonçalves Costa <joao.a.costa  ctt.pt>

> Prezados José António Proença, CT2HIV e António Matias, CT1FFU,
>
> Permitam-me responder-vos em conjunto para não me ter de repetir.
>
> De forma directa e objectiva, tal como vocês certamente defendem, aspiro
> genuinamente para o futuro do Radioamadorismo no nosso país algo credível,
> seguro, justo e idóneo.
>
> Como continuo a acreditar que o Estado tem um fundamental papel de
> regulação e supervisão, sendo algumas das suas responsabilidades
> inalienáveis em determinado momento por motivos de sustentabilidade da vida
> em sociedade, era sem dúvida preferível que o ICP-ANACOM, como autoridade na
> matéria certificasse o processo, assegurando toda a imperativa e
> determinante responsabilidade que lhe é exigida.
>
> Prefiro objectivamente que os exames continuem a ser assegurados por uma
> entidade totalmente independente, autónoma e soberana; o que não significa
> que tenha que ser o próprio ICP-ANACOM a fazê-lo, podendo mesmo vir a ser
> delegado esse encargo noutra entidade publica... mas nunca numa ou várias
> Associações de Radioamadores.
>
> Sejamos justos connosco próprios e lembremo-nos concretamente dos fins e
> objectivos expressos nos Estatutos, ou até do papel real desempenhado até
> este momento pelo associativismo nacional. Reconheçamos em primeiro lugar a
> evidente falta de meios e de preparação adequada, a vários níveis, para essa
> responsabilidade, até por parte das maiores e mais bem conceituadas
> organizações nacionais de amadores de radiocomunicações.
>
> Estar a atribuir responsabilidades parciais, ou seja, delegar nas
> associações apenas as provas de exame até certo nível, poderia de facto ser
> uma solução viável, mas a relação benefícios custo não compensaria os
> resultados... nem acredito que o Estado Português estaria disposto a
> submeter-se a reivindicações de apoios que algumas dessas organizações, sem
> meios, logo reclamariam para que esta opção fosse aplicada no terreno, em
> condições minimamente aceitáveis.
>
> Depois e não menos importante do que isso, há ainda a questão da
> credibilidade.
>
> Devido ao clima de desentendimento crónico entre muitos dirigentes (mais do
> que entre instituições), nunca tivemos condições neste país para se
> constituir uma organização de âmbito nacional que falasse em nome de todos e
> a uma só voz (União, Federação, Confederação, ou o que quer que seja).
>
> Neste particular, destaca-se o mal-estar crónico que ciclicamente causa
> tensões e atropelos às mais elementares regras por parte de alguns, em
> particular nestes momentos de maior debate e agitação, o que seria propício
> ao surgimento de suspeitas de toda a ordem.
>
> O que pretendo sobretudo exprimir é evitar, a todo custo, que, num futuro
> próximo ou distante, nunca esta ou aquela associação visse a cair sobre si o
> ónus da desconfiança ou das acusações de favorecimento, arrastando, mais
> tarde ou mais cedo, todas as outras, directa ou indirectamente para o
> descrédito.
>
> Estamos fartos de ler e ouvir casos de alegada corrupção ou favorecimento
> no país real e não quero objectivamente ver nunca nenhuma associação de
> radioamadores, por muito credível, certificada, competente e bem
> administrada que seja, envolvida nesse lodaçal de suspeições fundadas ou
> infundadas, as quais acabam por destruir tudo à sua passagem.
>
> Mais a mais, temos perfeita consciência que é habitual, seguir-se a uma
> mudança de Direcção numa Associação  uma radical modificação na forma de
> gestão, de relacionamento interinstitucional, de postura perante as questões
> de âmbito nacional ou local, etc, etc. É como se já não fosse a mesma
> organização de todo, e neste aspecto em particular, o que neste mandato é
> verdade e é possível, daqui a dois anos, no próximo, já não é bem assim.
>
> Para os que por optimismo e boas intenções, os quais hipoteticamente
> discordarão desta minha posição e estão seguros das capacidades da
> respectiva instituição para gerir um tal processo, em condições consideradas
> óptimas, seria justo ponderarem em duas questões práticas:
>
> a) Dados as mais recentes tendências sociais em que o associativismo está a
> ser compelido para seguir num determinado rumo, pressionado pela conjuntura,
> no qual o número de sócios inscritos nada tem a ver com o número de sócios
> efectivos, mas sobretudo no qual o número de voluntários que estão dispostos
> a abdicarem do seu tempo livre para colaborarem na causa comum é
> frequentemente insignificante... haverá condições para se assegurarem sempre
> os meios humanos imprescindíveis à logística de uma tal responsabilidade, ou
> seriam sempre os mesmos a acudirem a tudo, umas vezes sim outras vezes não ?
>
> b) Se quase nenhuma associação nacional teve até agora uma capacidade
> equivalente às estrangeiras, onde o modelo foi aplicado, para assumir as
> mesmas responsabilidades na formação dos Radioamadores, nomeadamente
> preparando os candidatos às provas para a obtenção de licença ou para
> progredirem de classe; como é que nos podemos comparar em termos de aptidão
> real para assumirmos esta responsabilidade em relação aos exames?
>
> Para mim o futuro das Associações está na formação e não no exame dos
> próprios formandos.
>
> Nós não temos objectivamente as condições que dispõe a ARRL ou outras, onde
> este tipo de solução foi adoptado ou ensaiado. Penso que aqui estamos todos
> de acordo.
>
> Nem tão pouco temos a convicção e os meios humanos para darmos conta do
> recado. Acho que é mais que consensual.
>
> Ou por outra, temos sim, temos grandes valores neste país, estão é
> dispersos e pulverizados pelas diversas associações e infelizmente muitos
> deles têm um relacionamento entre pares tão hostil que nunca conseguiriam
> trabalhar em conjunto ou admitir e colaborar com os esforços dos demais.
>
> Assim e respondendo às tuas questões, José António Proença:
>
> « Posso concluir que é para ficar tudo na mesma ? ».
> Não necessariamente. Podemos encarar a hipótese do "meio-termo" e
> principalmente começarmos dar atenção e a aprender com as lições do passado
> como melhorarmos o nosso futuro.
>
> « Posso concluir que escreveste e eu não consigo tirar nada de concreto? ».
> Espero que agora consigas tirar algo de concreto. Talvez eu não tenha
> avançado com uma contraproposta porque haverá tempo para pensarmos melhor
> sobre este assunto, nomeadamente sem nos estarmos logo a "combater" uns aos
> outros com a primeira ideia que nos vem à mente antes de ponderarmos sobre
> todos os prós e os contras até em relação à nossa própria proposta.
>
> « Posso dizer que dizes, não haver solução? » Bem, só a morte não tem
> solução.
>
>
>
> João Costa, CT1FBF
> ________________________________
>
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