RE: ARLA/CLUSTER: Ruminações

José Miguel Miranda Barroso da Fonte etjfonte ua.pt
Quinta-Feira, 26 de Março de 2009 - 02:42:48 WET


Viva, 

São pontos interessantes aqueles que apresenta. Permita-me, com a devida
consideração, alguns comentários ou complementos:

 

  _____  

De: cluster-bounces  radio-amador.net
[mailto:cluster-bounces  radio-amador.net] Em nome de Paulo Calvo
Enviada: quarta-feira, 25 de Março de 2009 11:47
Para: cluster  radio-amador.net
Assunto: ARLA/CLUSTER: Ruminações

 

Estimados Colegas,

 

Tenho lido as mensagens sobre a nova legislação e fico surpreendido por
alguns dos comentários e não resisto a tecer algumas considerações:

 

1 - A idade mínima passa para 12 anos. Acho esta medida muito positiva, é um
passo na direcção certa. Não fazia sentido que para ser radioamador e
caçador a idade mínima fosse a mesma. A comparação entre uma espingarda
calibre 12 e um transceptor não é possível. Por muito poucos adolescentes
que façam exame 

 

            Não percebo sequer a existência de um limite de idade. Haja
exames, quem for aprovado pode ser usufruir do serviço. A grande questão, 

causa de muitos dos problemas de hoje, é a examinação em si.

 

2 - Ainda acerca da idade mínima não consigo perceber como é que alguns
colegas desprezam esta medida, em especial colegas com responsabilidades
associativas... Esta novidade abre oportunidades fantásticas.

 

A idade mínima nem devia existir. Não consigo é perceber a nova classe 3,
obrigatória, com limitações na emissão de sinais. Para receber não precisam
sequer de ser amadores. Com a entrada em vigor da nova lei, os novos
amadores terão de ficar dois anos de “molho”. Ora se por um lado para os
mais novos isto não parecer grande problema, para os mais crescidos será um
GRANDE entrave. Acho esta questão GRAVISSÌMA! Talvez um dos maiores erros de
sempre na legislação aplicável ao serviço de amador.

 

3 - Pertencer à classe A significa que foram superadas provas que qualquer
pessoa pode realizar. Exclusão feita aos que conseguiram passagens
administrativas. Isto não quer dizer que um colega com a classe A seja
superior ao colega de classe B ou C. Quer apenas dizer que se deu ao
trabalho de aprender a matéria e fazer o exame. Estes dois factos permitem
que tenha mais privilégios que os outros colegas. Chamo a isto recompensa
pelo trabalho feito.

 

            De facto, e deve ser uma questão mais pessoal do que social.

 

4 - Há colegas que têm orgulho em ser da classe B ou C. Bom para eles. Não
percebo é que tenham orgulho em ficar por aí, demonstra falta de ambição e
muita falta de vontade de aprender.

 

            Ficar na mesma classe não tem nada de mal, ter orgulho não será
muito louvável mas isso diz respeito a cada um, não devem é 

            esconder as limitações ou falta de vontade em desculpas
esfarrapadas.

 

5 - Um colega escreveu que em vários anos de radioamador não aprendeu
nada... Não percebo como...

 

            Em vários anos de rádio-falador-comprador, acredito. Não foi com
certeza radioamador.

 

6 - Pertencer à classe C não é uma fatalidade. Alguns defendem mais
privilégios para a classe C mas ninguém é obrigado a pertencer à classe C, o
exame directo para a classe B era possível. Só não o faz quem não sabe a
matéria e não quer  (ou pode) aprender. Mas as pessoas que não podem
aprender são poucas, seja por falta de tempo, motivação ou outras razões.

 

            …

 

7 - Queixam-se alguns do silêncio nas bandas. Talvez mas cada um opera no
seu estilo. Há quem tenha conversas de horas e quem faça contactos de
segundos. São preferências. Há quem opere todos os dias e quem só o faça nas
férias. Confesso que a última vez que fiz um contacto foi em Maiorca no ano
passado. São opções de vida.

 

            Silêncio nas bandas? Devem ser surdos. Falta é qualidade, não
quantidade.

 

8 - Telegrafia e fonia... Quem não sabe telegrafia parece odiar a
telegrafia... A telegrafia oferece oportunidades de contactos muito
superiores à fonia! Dá trabalho aprender, não é coisa que se compre,
conquista-se aos poucos.

 

            Isso é uma desculpa. Como o Morse era a pedra no sapato de
muitos, todos se viraram contra ele. Se os exames fossem mais exigentes,
provavelmente

iriam queixar-se da ANACOM em vez do Morse. Pessoalmente, acho que o morse
não é a questão essencial para mudar de classe mas tendo em conta a forma
“leviana” com que a ANACOM procedia, acabava por ser talvez a única forma de
recorrer a uma avaliação mais aceitável. 

 

9 - O CB não é uma porta de entrada para o radioamadorismo. Como pai não
quero expor o meu filho à linguagem por vezes utilizada na banda do cidadão.
Admito que muitos utilizadores sejam pessoas educadas, mas existem por lá
javardos suficientes para tornar a banda do cidadão um local a evitar.

 

            Infelizmente, existem javardos em todo o lado. 

 

10 - O acesso ao CB compra-se, o acesso ao radioamadorismo conquista-se.
Conquista-se com trabalho, estudo e prestação de provas. Acho muito bem que
o acesso ao radioamadorismo seja mais difícil, sejamos poucos mas bons.

 

            Não é dificuldade, é filtragem :-). Continuo a achar que se pode
dar oportunidade a todos. Quem não se lembra das CT1Y??. Grande parte delas
eram XYL

            ou YL de muitos amadores, tinham a classe E e normalmente
utilizavam o rádio para falar com o respectivo. Nunca foram problemáticas,
pelo contrário. 

            Posso parecer contraditório mas não é o caso.

 

11 - A lei recentemente aprovada permite à ANACOM alterar a regulamentação
sem recorrer ao poder legislativo. Esta é uma faca de dois gumes... Pode ser
bom ou mau.

 

            Alguma regulamentação. O Decreto é tal e qual como ele é e
ninguém lhe pode tocar até ser revogado. Em relação à regulamentação
adicional,

            tem toda a razão.

 

12 - Muitos colegas se queixam da situação mas parece que não sabem o que
querem.

 

            De facto, seria muito difícil encontrar um consenso no meio de
tantas opiniões diversas. Mas só discutindo, de forma saudável, é que se
pode

            evoluir, caso contrario, andamos a “engonhar”. E de facto
andamos.

 

13 - Um colega chegou a ameaçar que publicaria QSOs que tem gravado. Este
estimado colega devia saber que isso é proibido pela lei que nos rege.

 

            Ignore… Dar importância é dar-lhe valor.

 

14 - Um certo "colega" identifica-se como CT1 quando é CT2! Mas que é isto!
Se isto acontecesse noutro sítio não só esse "colega" ficaria a falar
sozinho mas também seria punido exemplarmente.

 

            Provavelmente, no entanto pode ser resultado de vários erros
efectuados pelas autoridades que regulamentaram, e regulam, o nosso serviço.

 

15 - SSTV não é um modo digital... Lá por hoje em dia se fazer com um
computador, continua a ser analógico...

 

            Isto dá pano para mangas. Aqui será uma questão de
interpretação. De facto todas as transmissões são analógicas, mas a ausência
de computadores

não significa que o modo seja analógico. O CW (OOK, On-Off Keying) pode ser
considerado o primeiro modo digital. È uma sequência de zeros e uns, onde o
morse representa apenas um código, reconhecido pelos intervenientes. Poderia
ser outro código, gerado de forma manual ou mecanicamente. 

 

 

Conclusão:

O radioamadorismo, tal como em tudo na vida, deve ser uma actividade onde o
esforço seja recompensado. Todos devem ter as mesmas oportunidades, embora
nem todos sejam iguais. 

Esta é uma porta de entrada para o mundo da tecnologia, mas só deve ter
acesso ao radioamadorismo quem demonstrar de forma clara que tem os
conhecimentos, as aptidões sociais e a educação suficientes.

A ANACOM infelizmente apenas pode avaliar os conhecimentos técnicos e
legais.

Ser radioamador tem de ser um privilégio que se conquista com trabalho,
esforço e vontade de aprender, isto sem esquecer o respeito pela lei.

 

            Exacto!

 

73 de CT1IDW

 

            73 de ct1enq

 

 

 

-------------- próxima parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: http://radio-amador.net/pipermail/cluster/attachments/20090326/7db7a8c0/attachment.html


Mais informações acerca da lista CLUSTER