ARLA/CLUSTER: Dois provérbios

[Miguel Andrade]

Caros colegas,

« Há três coisas na vida que nunca voltam atrás : a flecha lançada, a palavra
pronunciada e a oportunidade perdida » - provérbio Chinês.

Reconheço que foi com alguma tristeza que há pouco vos enviava uma mensagem a
cancelar a Acção de Sensibilização sobre Comunicação aplicada às
Radiocomunicações.
Depois das legítimas observações expostas nesta mesma lista sobre a alteração de
datas relativas a uma outra iniciativa da minha responsabilidade organizativa,
fico convencido que o esforço que dispenso a estes projectos é cada vez mais
inútil, supérfluo e improfícuo.
Apesar de agradecido pelo acolhimento entusiasta das Direcções da A.R.L.A., as
quais sempre me têm apoiado nas minhas propostas, este é, sem dúvida, um momento
para reflexão.
Em termos de actividades do tipo formativo, fui confrontado com a modesta
presença de ( apenas ) dois colegas durante a última actividade que se realizou
e o cancelamento das duas mais recentes.
Já para evitar erros do passado, antes de solicitar o anfiteatro de uma
biblioteca municipal ao fim-de-semana, obrigando assim funcionários a horas
extraordinárias para assistirem estupefactos a 3 pessoas reunidas numa sala com
70 lugares, desta vez foi imposta uma inscrição gratuita e um número mínimo de
participações. 
A minha primeira tentação era desistir de vez desta insanidade que é continuar a
« remar contra a corrente », pois, em média, para preparar estas comunicações e
os respectivos exercícios práticos, despendo ao todo cerca de 240 preciosas
horas do meu tempo livre.
Com certeza que certamente o erro está na escolha do tema. 
Em todos estes casos, nem sequer posso dizer que tive o proveito de aprender
algo de novo, já que me limitei a transmitir-vos conhecimentos há muito
adquiridos sem necessidade de mais investigar e progredir do que actualizar-me.
Certamente alguns de vós dirão que o problema não estava no tema mas sim na data
escolhida ou no local proposto.
Para comprovar essa teoria, se decidir não dar por totalmente perdidas tantas
horas que poderia ter dedicado à família, ao rádio ou a outra actividade lúdica
que me ajudasse a descomprimir das tensões e das angustias do dia-a-dia, talvez
proponha de novo este projecto na próxima Assembleia-geral de Janeiro, mas agora
numa nova data e local no calendário do próximo ano.
A ver vamos.
Para já só me arrependo de não ter usado a minha estação em vez do tempo que
estive em frente do computador, ( como de resto o estou a fazer de novo agora ).
É obvio que esta mensagem não é uma lamúria nem tão pouco pretende ser uma forma
de descarregar a frustração, a qual evidentemente não posso negar.
Vejam-na antes como um ponto de partida um momento de meditação comum, sobretudo
para aqueles que trabalham em prol da comunidade de forma voluntária e
altruísta.
Da próxima vez que eu propuser um tema relacionado com as comunicações de
resposta à emergência ou a formas de potenciar a comunicação nas transmissões
via rádio... por favor... lembrem-me que, de facto, não são boas opções.
Como não ando propriamente num estado noctâmbulo, estou perfeitamente consciente
dos " truques " mais do que comprovados para atrair mais colegas às nossas
iniciativas, porém, por uma questão de princípios e não de luta contra a
realidade ou contra o dito " progresso "; deixem-me continuar a acreditar que os
projectos devem valer só por si e não pelos anexos.
Já que comecei por vos transcrever um provérbio secular Oriental, permitam-me
que termine da mesma forma...

« Pouco se aprende com a vitória, mas muito com a derrota » - provérbio Japonês.



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