ARLA/CLUSTER: Iniciativas adiadas... um ponto de vista a ser considerado também.

[Miguel Andrade]

Caro sócio José António Proença,

Tal como referi nos meus comentários a propósito da tua mensagem de participação
no tópico " E por falar em calendários... ", ( enviada a esta lista no passado
dia 11 de Agosto ), surgiu uma óbvia necessidade de abordar o mesmo assunto numa
perspectiva diferente da do tópico em causa.
As linhas que se seguem contribuirão para tornar claros alguns esclarecimentos
que se impõem, nomeadamente na óptica de quem é responsável pela proposta e
organização de um evento adiado por duas vezes este ano.
Começo por te agradecer o cuidado com os evidentemente indesejáveis adiamentos,
ou melhor, com as alterações de datas, pois isso enche-me de esperança de te
rever no próximo dia 13 ao fim de quase um ano, ( já que tal não acontece desde
a cerimónia de entrega dos prémios e diplomas do Concurso Dia da Marinha
Portuguesa, no ano passado ).
Mais satisfeito fico, por considerar uma tal preocupação como uma prova de que,
finalmente, poderemos voltar a contar contigo como um dos participantes. 
Ao fim de uma longa ausência de vários anos perfeitamente aceitável, isso é
muito compensador. 
Gostaria porém de esclarecer que os nossos prezados sócios não são obrigados a
participarem nos eventos que a colectividade ( também  ) para os mesmos
organiza.
Ainda assim, dada a tua interessante atitude, interpretável sob do ponto de
vista de quem quer ansiosamente participar outra vez este ano, convém esclarecer
os colegas em geral sobre alguns pormenores importantes para quem organiza as
actividades, os quais por certo são pouco tidos em consideração em resultado das
inconvenientes e aborrecidas alterações de datas, ou, se preferirem...
adiamentos.
Era bom que neste particular tivéssemos o bom senso de vestir a pele de quem
trabalha para tornar estas coisas realizáveis e oferecêssemos a nossa preciosa
ajuda também, pois « não se fazem omoletas sem ovos ». 
Dado que se alguma coisa justificou uma tão grave ocorrência é porque talvez
alguém possa estar a precisar da nossa prestação era bom perguntarmos também se
precisam de nós na organização.
Mas observemos agora alguns pontos-chave.

1) A organização de um evento envolve quase sempre a vontade de promover uma
actividade da qual se gosta em particular, seja a nível de uma organização
colectiva, seja a nível de uma iniciativa informal.
Convém por essa razão fazer um esforço para estarmos presentes pelo menos nas
Assembeleias-gerais das colectividades a que pertencemos, onde, nomeadamente num
dos pontos da ordem de trabalhos, se discuta a calendarização anual em que essas
modalidades possam ser enquadradas.
Bom, há sempre a possibilidade de não nos ser possível ( ou de não quereremos )
estar presentes, mas para isso servem as delegações de representatividade.
Em último lugar, em antecipação aos acontecimentos e na impossibilidade de
participarmos no processo de decisão do calendário anual ao nível da nossa
associação, há sempre a hipótese de usarmos o rádio ou o correio electrónico
para levarmos ao conhecimento da respectiva Direcção o interesse em que se
organize esta ou aquela actividade... depois logo se verá. 
O pior que pode acontecer é uma negativa com base na tradicional e já costumeira
falta de organizadores.
Se tivermos alguma prática no assunto e se a esta juntarmos uma considerável
experiência na vida associativa... então até somos a pessoa ideal para poderemos
oferecer a nossa voluntária ajuda, senão mesmo a própria organização de facto...

Pelo menos convinha, nesse caso, que, ao menor sinal de alarme relativo a
suspeitas sobre qualquer coisa poder não estar a correr pelo melhor,
perguntarmos se a nossa ajuda e experiência poderiam ser úteis.
Em último lugar, se gostamos mesmo muito desta ou daquela actividade, nada nos
impede de a organizarmos informalmente e de convidarmos um grupo de colegas a
participarem.
Dessa forma não haverá, certamente, muitos impedimentos para que, na data
combinada, as coisas não aconteçam sem atrasos nem adiamentos.
Aliás, até existe uma lista onde se podem anunciar esses acontecimentos.  

2 ) Por mais impecável que seja a organização... um azar nunca vem só nem na
altura mais esperada. Os acontecimentos que justificam uma alteração de datas
podem ter lugar até no próprio dia e sem aviso.
Mesmo em eventos que não são instituídos por meras organizações amadoras e
pequeníssima dimensão, há imprevistos e adiamentos quanto tal se justifica.
O candidato republicano à Casa Branca, John McCain, suspendeu os trabalhos da
convenção no Minnesota por causa do furacão Gustav.
Note-se que os meteorologistas não previam a passagem da tempestade por Saint
Paul, Minneapolis, onde estava prevista a convenção agora suspensa e que um
acontecimento desta dimensão envolve gastos que estão para além da nossa
imaginação.
Quem está informado sobre política nos Estados Unidos pode avaliar melhor aquilo
que pretendo transmitir.
Não me cabe aqui dar satisfações e enumerar com pormenor as justificações que
estão na base dos indesejáveis adiamentos, as quais são sobejamente conhecidas
porque foram tornadas públicas, ( como é nossa prática habitual ).
Queria porém sublinhar que os motivos podem até estar relacionados com uma
melhoria na qualidade do serviço prestado e não num simples " azar ".
Há no entanto duas ideias que convém sublinhar com veemente destaque.

- Uma alteração de datas é mais penalizadora para quem organiza do que para quem
está interessado em participar.
Para alem dos transtornos comuns causados a ambos, quem organiza vê-se
confrontado com o trabalho extra de reconstituir e reformar tudo de novo, sendo
que a resolução de alguns problemas pode ainda envolver muito tempo livre e por
vezes até custos consideráveis.

- Uma alteração de datas é sempre um assunto irritante para quem trabalha em
prol da preparação de um evento, pois é incomodativo e deprimente; transmitindo
logo uma aparente imagem de desorganização e incompetência aos olhos dos menos
bem intencionados ou de quem não tem a mínima noção da tarefa.


A terminar umas breves palavras sobre a Radiolocalização da A.R.L.A.
O primeiro evento desta natureza aconteceu no dia 5 de Dezembro de 1999, no
âmbito do Projecto Bartolomeu Dias, antecessor da própria A.R.L.A.
Não há por certo entidades ligadas ao Radioamadorismo nacional que possam
reivindicar tal pioneirismo, embora eu não esteja em posição de garantir que
outros não o tivessem organizado já anteriormente a essa data.
De toda a forma, mesmo há quase 10 anos, em que tais acontecimentos tinham lugar
várias vezes por ano, ( só no ano 2000 tiveram lugar radiolocalizações em
Janeiro, Maio, Junho, Julho e Setembro, por exemplo ), já existiam alterações (
adiamentos ) de datas frequentes.
Essa particularidade sempre foi uma constante, como é facilmente dedutível pelo
tipo de modalidade, mas sempre por motivos considerados de força maior.
A título de exemplo apenas, é de ressalvar que as condições atmosféricas
desaconselháveis para a prática de actividades ao ar livre serão a menos séria
dessas hipóteses.
Não convinha porém terminar sem aqui deixar uma nota de louvor à tua
intervenção.
Num época em que, a Sul do Tejo, as últimas Radiolocalizações realizadas, se têm
pautado pelo desastre da total ausência de participantes ou pela presença de uma
única equipa, ( ainda por cima vinda expressamente de Aveiro ), como aconteceu
na edição de  2006... é de louvar alguém estar preocupado com um segundo
adiamento de datas.
Mais me preocupa, sinceramente, haver uma total ausência de inscrições para a
inovadora prova de ARDF a escassos 14 dias do evento, mas de facto não há nada
mais compensador do que um colega se mostrar interessado ao ponto de se sentir
afectado pelos adiamentos justificados. Eu diria mesmo que podermos considerar «
uma lança em África » tal postura nos dias que correm.
Obrigado pelo teu afectuoso interesse nesta modalidade e manifesta preocupação
com futuros possíveis adiamentos, os quais, garanto-te, não voltarão a acontecer
em 2008.


73's de Miguel Andrade ( CT1ETL )
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