ARLA/CLUSTER: Radioamadorismo não é desporto de consumo, nem actividade de elites

João Costa > CT1FBF ct1fbf gmail.com
Domingo, 24 de Agosto de 2008 - 22:21:15 WEST


As sociedades de consumo arrastam consigo, males epidémicos, de cujas
consequências nos viremos a arrepender anos mais tarde, isso é
recorrente, ocorreu em todas as gerações e culturas. É tempo de se
reflectir e arrepiar caminho.



A União Internacional de Telecomunicações – UIT, através da
Recomendação ITU-R M.1544 é bem explícita acerca das qualificações
mínimas, dos conhecimentos mínimos que devem e tem de ser exigidos,
como grau de partida, para qualquer candidato a Operador Amador de
Radiocomunicações do Serviço de Amador e Amador de Satélite, e que em
nada, se podem confundir, porque não possuem nada em comum,
absolutamente nada, terão a ver com Serviço Rádio Pessoal, o acessível
meio de comunicação por rádios, empregue por qualquer leigo de rádio,
para operar com rádios CB e PMR e a que infelizmente até chamam do
radioamador.



As qualificações mínimas para os amadores de rádio, a nível mundial e
em particular na União Europeia estão centradas nos graus de
conhecimento e competências que em baixo se descrevem, e que são a
base de partida para o mundo plural e multidisciplinar do
Radioamadorismo. Apenas nos resta esperar, como portugueses e cidadãos
da União Europeia, que a nova regulamentação faça justiça e esteja em
conformidade com essas recomendações. A excelência e o brio que
outrora se conhecia no Radioamadorismo tem vindo a perder qualidade
(depois dos anos de 1980) e que urge recuperar, mesmo que seja em
detrimento do número de praticantes, só fará Rádio, quem quer saber
estar e praticar as Radiocomunicações que são definições no RR -
Regulamento das Radiocomunicações, tudo o resto será ruído e
distorção.



A UIT e os regulamentos de rádio (RR) definem:



Serviço de Amador - um serviço da radiocomunicação com a finalidade da
auto–aprendizagem e do treino experimental da intercomunicação e das
investigações técnicas realizados por amadores, isto é, pelas pessoas
devidamente autorizadas e interessadas nas técnicas da Rádio,
unicamente, com motivação pessoal, e sem nenhum interesse lucrativo ou
pecuniário;



Serviço de Amador de Satélite – um serviço da radiocomunicação
mediante o emprego de estações orbitais espaciais, em satélites
artificiais da Terra, tripulados e remotos, com as mesmas finalidades
que são permitidas ao Serviço de Amador;



Neste contexto, a UIT determina para as qualificações operacionais e
técnicas desses operadores amadores das radiocomunicações, um mínimo
de competências necessárias para a exploração de meios radioeléctricos
e a operação técnica adequada de uma estação amadora ou amadora de
satélite, e assim, recomenda:



1.    As administrações das autoridades nacionais de comunicações,
deverão tomar as medidas julgadas necessárias para verificar dos graus
de competência e as qualificações operacionais e técnicas de qualquer
candidato a operar uma estação amadora;



2.    Todo o cidadão, que se candidata a titular de uma licença para
operador de uma estação amadora deve demonstrar, previa e
inequivocamente os seguintes conhecimentos teórico e técnicos:



- Regulamentos e preceitos legais sobre radiocomunicações, nacional e
internacional,

- Regulamentos sobre instalação, e segurança dos postos radioeléctricos,

- Métodos técnicos e de exploração das radiocomunicações, em
radiofonia, radiotelegrafia, transmissão de dados e de imagem,

- Noções teóricas e técnicas sobre os sistemas de rádio, transmissores
e receptores, antenas e propagação, medidas eléctricas e
radioeléctricas,

- Compatibilidade electromagnética dos sistemas, conduzida e radiada,

- Prevenção e controlo das interferências por radiofrequência.



É tempo de dizer basta, tudo o que está mal, tem de terminar para ser
renovado e melhorado, é esse o apelo veemente que temos de dirigir
junto da autoridade nacional das comunicações.

Quem quer empregar os meios radioeléctricos hoje disponíveis, no
mercado comercial e que podem ser empregues nas vastíssimas faixas de
frequência consignadas para o serviço emissor dos postos de amador, só
tem que vencer um desafio; estudar, praticar e qualificar para
conseguir alcançar os mínimos que lhe darão acesso infindável a um
vasto conjunto de meios tecnológicos e científicos, capazes de o
poderem colocar na frente das competências técnicas e funcionais dos
melhores operadores das radiocomunicações.



Muitos amadores refugiam-se por detrás da prática da radiotelegrafia
através do código de Morse, justificam-se por ser um sistema de
comunicação com mais de 173 anos, contudo ainda é o mais eficaz. Mas
também não pretendem estudar, não querem aprender, nem treinar e
qualificarem-se para as múltiplas disciplinas e actividades que o
Radioamadorismo hoje lhes oferece, além da radiofonia e das
comunicações nas faixas de 40 ou 20 metros, algumas delas, importadas
e praticadas, com base em critérios, práticas e termos, praticados por
cidadãos, que também gostam das coisas da rádio, mas que exploram de
forma diversa as faixas de frequência do CB e PMR.



O Radioamadorismo aprendesse, não se vende, não se pode comprar, nem
pagar através de quotas e serviços de clubes de elite, é uma conquista
cultural, acessível a todos aqueles que em liberdade desejam aprender
e praticar com saber e fazer as coisas da radioelectricidade.

AMRAD <info  amrad.pt




Mais informações acerca da lista CLUSTER