Fw: ARLA/CLUSTER: Portugal não está representado!

Domingo, 13 de Abril de 2008 - 19:00:33 WEST

Colega Mariano.

São pequenas histórias como esta que relatou que, multiplicadas por milhares que existem, davam um bom livro com o tema radioamadorismo.

Obrigado.

73 de José Luis - CT2GZB.

----- Original Message ----- 
From: Mariano Gonçalves 
To: José Luis Proença (CT2GZB) 
Cc: João Costa Figueiredo - CT1CPS 
Sent: Sunday, April 13, 2008 8:15 AM
Subject: Re: ARLA/CLUSTER: Portugal não está representado!

Caro José Luís, CT2GZB

Já existiu uma Maritime Net em português, que funcionou ininterruptamente, todos os dias durante a viagem de circum-navegação do primeiro português a dar a volta ao mundo num veleiro, em solitário.

Fui eu, o Barros Teixeira CT3BD e o João Costa ZS1XP/CT1CPS que apoiámos este colega, um amigo meu, que tal como eu, fizemos os cursos de Patrão de Alto Mar juntos e ambos temos veleiros de oceano, o dele é o CASVIC com 10 metros e o meu o MELIA com 12 metros.

Entre 1989 e 1981 eu e estes amigos, todos, os dias, às 06:30 horas da manhã e da tarde, estabelecíamos contacto via rádio, com o CASVIC, durante os 2 anos que durou a viagem dele de circum-navegação.

E no dia da chegada dele a Lisboa, fomos para o mar, a navegar na direcção dele, e encontrámo-nos ao largo da costa pelas 02:00 h da manhã. Regressámos a Cascais, onde fundeámos, para que no dia seguinte, ele seguisse rumo a Lisboa, e o presidente da república o fosse esperar na entrada da barra, em Carcavelos, por volta das 15:00 horas.

Assim ele chegou a Lisboa de novo.

O CASVIC fez depois mais 2 viagens, o percurso do Vasco da Gama para a Índia, e o de Álvares Cabral para o Brasil.
Estas viagens foram apoiadas pelo nosso colega CT1CPS, João Costa que nasceu no Dafundo, esteve em África (tal como eu) muitos anos, e sempre fomos velejadores, do tempo da Mocidade Portuguesa em Algés, nos anos de 1960.

A Portuguese Martitime Net era conhecida naquela época, e operava nos 14. 307 kHz, entre duas outras net's a alemã em 14.313 kHz e a inglesa em 14.300 kHz.

Presentemente existem diversas redes, apenas um colega dos Açores trabalha numa dirigida para a América latina. 
Mas ninguém mais em Portugal, que seja velejador de oceano, se interessou por esse assunto.

Tivemos agora um contacto de um colega amigo francês, o Livier, que fundou a AMARAD - Associação dos Marítmos da Rádio, é uma associação francesa que alberga, marinha de guerra, marinha mercante, marinha de pesca e marinha de recreio, onde sejam todos amadores de rádio.

Veja a notícia em www.amrad.pt

Acerca da telegrafia:

No meu caso pessoal, aprendi Morse em 1968, numa escola da Mocidade Portuguesa para telegrafistas jovens, situada em S. Bento, Lisboa, as aulas eram dadas por um mestre telegrafista da Legião Portuguesa (nunca fui fascista por isso hi-hi). Tinha então 17 anos.

Os mais importantes QSO em telegrafia, fi-los via OSCAR -6 em 1972, com inúmeras estações de telegrafia dos EUA e até da Guiana Francesa, um colega que já faleceu, FY7AS, via OSCAR-6. Penso que o registo sonora desse QSO está historicamente; no website da AMRAD em AMSAT-CT: http://www.amrad.pt/amsatct_historia.php.

Se visitar a página, vê nas imagens sobre as quais estão os links para os registos de áudio, do QSO via OSCAR-6 com FY7AS (Guiana Francesa) e W2BXA em fonia SSB, vimos as fotos da antiga estação CT1XI de AM e CW, auto-construção de 1968 e 1972.

Em Angola, eu de CR6XI muito com o CR3ON na Guiné (ex. CT1ON e CT1WW) que também tinha equipamento para satélite, auto-construído, ali não tínhamos correspondentes.  Quando fomos desmobilizados em 1975, eu continuava a falar via OSCAR com ele em CT1XI e CT1ON, entre os Olivais e a Estrela, em Lisboa, onde viviamos. Fazíamos um link de uns 4.000 km, para ligar duas estações fisicamente separadas de 12 km.

Depois tem outra estação CR6XI de SSB e CW para 145 MHz de 1973 a 1975, feita a partir de um transceptor de SSB a válvulas, o FT200 da YAESU que comprei em Angola em 1973, em 2ª mão, a um fazendeiro de café, do Uíge, custou 7.000$00 (35 Euros). Essa composição é a integração do FT200 mais um transverter que construí em Angola, com material que levei de Portugal e algumas peças que lá encontrei (no exército, pois eu fui do STM Serviço de Telecomunicações Militares, área onde ainda estou ligado, com inúmeras missões na ONU, NATO e EUFOR).

A telegrafia, é um modo de operação que ainda hoje me fascina. Levei mais de 1 ano, para aprender a receber, pois a emitir foi mais fácil, a recepção é que requer treino. Mas como em tudo na vida, vai lá.

Do meu entendimento, acerca do Radioamadorismo (com toda a sua diversidade, social, civilizacional, económica, cultural, multidisciplinar, etc.) deverão existir pelo menos dois critérios, o da auto-aprendizagem, através da investigação técnica e científica (qualquer um pode estudar estes temas), baseado na radioelectricidade, ou, em alternativa, ou complementarmente, o da exploração radioeléctrica, onde se inserem, o lazer, o desporto, a competição pelo DX, QSL e medalhas, taças e diplomas, mas para tudo isto, tem de existir no mínimo um factor comum, competência de quem ao menos sabe, na excelência da aprendizagem e das práticas, operar uma estação de radiocomunicações.

O mundo da radioelectricidade, não necessita de Internet, é um meio distinto, de transmissão, autónomo, e onde está ainda, tudo por explorar e saber. Que se enganem aqueles que dizem, que o radioamadorismo, não é mais estudar e construir, hoje constrói-se de forma e maneira diferente, integram-se sistemas e partes modulares, é o que se faz na indústria também.

Um abraço,

Mariano, CT1XI

  ----- Original Message ----- 
  From: José Luis Proença (CT2GZB) 
  To: cluster  radio-amador.net 
  Sent: Sunday, April 13, 2008 6:17 AM
  Subject: ARLA/CLUSTER: Portugal não está representado!

  Um país virado para o mar e...Portugal infelizmente não está representado :-(

  http://www.radiomaritimeday.org/

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