ARLA/CLUSTER: ...mas o que é isto!? Deixem de maltratar o Morse, por favor.

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Segunda-Feira, 7 de Abril de 2008 - 18:05:17 WEST


Caros Colegas,

Sempre fui, sou, e vou continuar a ser, contra a utilização do Morse ou de outro qualquer modo de comunicação, para outros fins, que não a sua habilitação pura e simples. È uma questão de principio e da qual não abdico.

Não consigo compreender, como se pode continuar sistematicamente a utilizar o código morse, em pleno século XXI, solicitando um exame para outros fins, repito, que não seja a sua habilitação. Em boa verdade, a aprovação no exame, mesmo nesse caso, não serve para muito, pois pelo mínimo exigido, poucos utilizadores experientes terão a "pachorra" de realizar um QSO`s a essa velocidade, entediante, com um recem-aprovado, só por si.

Em boa verdade, se necessário é um exame a um modo de comunicação, então que se realize em primeiro lugar á fonia.

Proponho a todos uma releitura atenta do Decreto-Lei 5/95 e portarias anexas e gostaria de saber se acham que se algum modo deveria ser objecto de exame, não seriam antes, as várias formas de comunicações digitais propostas e autorizadas liminarmente ao invés do código Morse...?

O Morse, é quanto a mim, um dos mais, se não o mais, eficaz modo, que o homem inventou tendo por base as suas faculdades sensoriais, em especial, as auditivas e manuais. Para grande surpresa de muitos, existe um genuíno entusiasmos actualmente, na utilização e aprendizagem do código morse nos países que primeiro aboliram o exame, ao invés do que se poderia pensar. As pessoas querem aprender e utilizar, mas que não tenham de se sujeitar a um exame, que serve e infelizmente continua a servir em Portugal, para tudo, menos para a qualificação do modo em si mesmo.

Já porventura se deram conta da belíssima sonoridade de uma chamada geral feita por um utilizador experiente..!? Alias, como vários utilizadores os descrevem, com o passar do tempo, os QSO´s são mais partituras de peças de musica executadas por artistas, que outra coisa. Tal qual, num pianista ou noutros instrumentistas de uma orquestra, é possível, só pelo encadear dos acordes, saber a escola a que pertencem se não a sua própria maneira inconfundível de executar a obra, isto, no caso dos solistas.

Não consigo compreender, que se considere o radioamadorismo como uma actividade científica e desportiva e nunca recreativa. Pelo menos para mim, é, e espero que continue a ser, sempre uma actividade recreativa, científica e desportiva, nesta ordem, e tendo por objectivo a instrução individual, a intercomunicação e o estudo técnico efectuado por amadores, isto é, por pessoas devidamente autorizadas que se interessam pela técnica radioeléctrica a título unicamente pessoal e sem interesse pecuniário.

Quanto ao actual regulamento espanhol, goste-se ou não se goste, este foi na sua maior parte, quiçá na sua totalidade, realizado por amadores de rádio ou por si supervisionado, pertencentes a uma das mais prestigiadas e importantes organizações mundiais de radioamadores. Que eu saiba, poucas ou nenhumas foram as associações e clubes espanhóis, que rejeitaram tal regulamento e mais importante que isso, objectaram a legitimidade e legalidade que este acordo fosse negociado pela URE com o governo espanhol. Tenho, as máximas duvidas, que tal, alguma vez, seja possível em Portugal.

Geograficamente, só temos fronteira territorial continental com Espanha e independentemente de outros considerandos políticos, económicos e sociais, existe uma interligação cada vez mais elevada e dependente, para alguns, infelizmente, no caso português. Portanto, tapar o Sol com a peneira, pouco adianta e cada vez vai adiantar menos, quando a regulamentação desta, como de outras actividades, é cada vez mais realizada ao nível da União Europeia, CEPT, do que em cada país por si. Quanto ao peso politico especifico e efectivo de cada país na sua realização, não é preciso muitos exemplos, para ver para onde pendem os braços da balança.

Quanto á União Europeia,no caso CEPT, e ao exame de Morse, penso que não existem duvidas, quanto á sua abolição, alias, coisa que muitas administrações já realizaram desde 2003.

Obviamente, que continuo a defender a realização de provas técnicas exigentes e selectivas, pois como todos sabemos, por exemplo, operar com 50W não é o mesmo que operar com 5.000W efectivos, mas que as provas sejam objectivas e qualificativas para o progressão técnica dos interesses dos utilizadores e não para outros fins, que nada tem a haver com isso.

Quanto ao exame do Morse e aos seus fundamentos reais utilizados em Portugal, poupem-me, ou então façam um exame para cada modo que se queira operar, a começar pela fonia.


João Costa
CT1FBF









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