Re: ARLA/CLUSTER: História do Português perdido em alto mar.
Mariano Gonçalves
ct1xi sapo.pt
Sábado, 22 de Setembro de 2007 - 17:11:38 WEST
Já enviei isto para o João Costa (ZS1XP e ex. CR6OR que é hoje o CT1CPS.
Vou esperar resposta.
73, Mariano
----- Original Message -----
From: Fabiano Moser - PY5RX
To: Resumo Noticioso Electrónico ARLA
Sent: Saturday, September 22, 2007 12:36 PM
Subject: ARLA/CLUSTER: História do Português perdido em alto mar.
História enviada dia 17/12/03
História do Português perdido em alto mar.
Retirado do QTC falado Labre Ceará.
No fim de cada ano sempre me vem à memória um acontecimento marcante na minha vida de radioamador, e de outros colegas, que também vivenciaram a aventura de um radioamador português e sua família. Ao fugir da guerra de Angola em 1978, equipou o seu barco com água potável, alguns alimentos e, principalmente, um equipamento de rádio que possuía, no intuito de atingir as costas brasileiras, ao atravessar o atlântico nessa tão ousada viagem.
No momento eu não me lembro do nome, nem do prefixo do colega português, mas após o final deste relato, ou mesmo alguns dias depois, é bem possível, que algum colega mande-me algum comunicado detalhando a data e o prefixo do colega.
Tal acontecimento foi também muito badalado na imprensa carioca, àquela época, e muita coisa deve estar registrada nos jornais do Rio de Janeiro.
O acontecimento inusitado aconteceu propriamente no final do mês de novembro de 1978, quando todos os radioamadores do Brasil tomaram conhecimento, através da faixa de 20 metros, da fuga da guerra da Angola do nosso colega português e sua família, que após deixar o continente africano e já ter navegado quase meio caminho em direção ao Brasil, pois sua meta era vir para o Brasil, teve o azar de se perder no grande oceano Atlântico, sem mesmo poder se situar onde estava, mesmo com a ajuda de outros radioamadores, que tentavam dar uma dica de como ele se situar novamente na rota certa para o nosso país.
Eu também acompanhei, por alguns dias, pelo rádio, as incursões do colega português, após pôr em prática o meu velho hábito de ficar fuçando as freqüências. Realmente, no inicio, eu pensava em dar alguma ajuda ao colega português, mas o interesse de muitos colegas em fazer o mesmo era tão grande, que, em dado momento, a minha contribuição só iria atrapalhar, sendo mais um QRM para ele do uma ajuda propriamente dita, pois, repito, muitos colegas queriam falar com ele ao mesmo tempo, sem também entender que o colega navegador precisava muito também economizar bateria!
Três ou quatro dias depois, ao passar pelo QTH do PT7ASR, Reginaldo, fui logo interpelado por ele: você soube? Há um colega português fugido da guerra da Angola perdido no mar, em direção ao Brasil.
Eu disse que já sabia e que esperava que tudo corresse muito bem. No momento o Reginaldo estava com o "Hammarlund" ligado direto na oficina e enquanto trabalhava acompanhava todas as tentativas de localização do colega português.
Voltei lá na semana seguinte e a busca continuava na mesma, agora com a presença do "SALVA AÉREO" do Rio de Janeiro e Recife, que tinham ativado seus jatos da FAB para procurar o português e toda sua família.
Por mais uma semana continuava eu a “corujar” a busca inútil ao barco do colega português, no meu QTH, notando agora, que os sinais do radio dele aumentavam de intensidade, o que justificava uma aproximação da costa brasileira e, por conseguinte, uma maior facilidade de encontrar o barco perdido!
Mais uma vez tive que passar pelo QTH do Reginaldo, que também continuava com o rádio ligado na mesma freqüência estabelecida pelo português e os aviões da FAB. Foi aí quando o Reginaldo também me disse que os sinais do português estavam cada vez mais fortes do que há duas semanas atrás. Então eu disse para o Reginaldo: pegue o microfone e mande esses burros ir para 40 metros, que, com certeza eles irão encontrar o português. Foi dito e feito. Os pilotos da FAB se comunicaram com ele e combinaram a nova freqüência em 40 metros. Não demorou nem vinte minutos, quando os pilotos da FAB descobriram o barco do português, àquela altura, sem alimentos e água potável (já colhida das chuvas). O português disse para os pilotos que apenas ouvia o ruído dos aviões, mas não os via. Após alguns segundos a exclamação típica: “agora eu vos vejo... estou vendo vocês à minha esquerda... vocês parecem o Menino Jesus” (estava próximo ao NATAL).
Em seguida os pilotos jogaram água potável para ele e alguns pacotes de alimentos. Uma aeronave voltou ficou rodeando o barco do português, enquanto as outras já tinham se comunicado com os helicópteros e voltavam para a base aérea.
Esse relato vem dar também uma contribuição aos noviços, mostrando que a propagação orienta muito bem nas buscas em alto mar. Provavelmente, os pilotos nunca iriam encontrar o português e sua família, não fosse a mudança de faixa.
Alguém conhecia esta história?
73 Fabiano PY5RX
Fonte:
http://www.qtcbrasil.com.br/historias/view.asp?id=7
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