ARLA/CLUSTER: Sistema de comunicação não resiste a sismo grave em Lisboa e concelhos limítrofes.

João Gonçalves Costa joao.a.costa ctt.pt
Quinta-Feira, 29 de Novembro de 2007 - 18:16:14 WET


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João Costa (CT1FBF)



Se a terra tremer com intensidade na região de Lisboa, o sistema de comunicações - e consequente articulação do socorro - só funcionará se forem entretanto introduzidas várias medidas técnicas e sistemas complementares. Este é um dos alertas que consta do Plano Especial de Emergência para o Risco Sísmico na área de Lisboa e concelhos limítrofes, concluído dez anos após o despacho ministerial que definiu esse objectivo, mas ainda dependente da realização de dois simulacros antes da aprovação final em Conselho de Ministros, só possível no final de 2008.

Depois de sucessivos estudos académicos e de terem sido apontadas várias datas para a sua conclusão, o documento foi finalmente submetido à Comissão Nacional de Protecção Civil na semana passada. Longe de significar o fim de um percurso, representa o início de uma caminhada que será demorada e complexa exige-se a actualização dos planos de emergência dos três distritos e 26 concelhos abrangidos (além de distritos adjacentes com grande protagonismo no socorro) e variados estudos de levantamento de meios e planeamento em meia centena de entidades.

Para se definirem as cadeias de comando, infra-estruturas logísticas e missões de cada parceiro - além da Autoridade Nacional e oito principais agentes de Protecção Civil, contam-se 47 entidades envolvidas - foi definido um cenário de sismo com epicentro no vale inferior do Tejo, com magnitude 6.6/6.7 e intensidades variáveis entre V e IX, na escala de Mercalli Modificada. A projecção de danos (ver números) faz antever que o próprio sistema de Protecção Civil fosse atingido "de forma decisiva", sendo necessária ajuda internacional, que demoraria no mínimo seis horas a chegar.

Sabendo-se que além de vítimas mortais, feridos graves e edifícios colapsados, haverá danos evidentes em infra-estruturas como estradas, sistemas de energia e telecomunicações, o plano prevê que toda a montagem inicial dos postos de comando e socorro fique a cargo de distritos externos à área afectada. Aliás, a previsão da resposta implica o conjunto do território, nomeadamente através da constituição de cinco colunas nacionais de intervenção em sismos, com 95 elementos cada, asseguradas por grupos de distritos.

Concelhos "duplos"

Para cada distrito afectado, o plano de emergência a que o JN teve acesso aponta um "duplo" que se encarrega do socorro inicial. O mesmo acontece ao nível municipal (ver tabelas na infografia). E todas as infra-estruturas são colocadas em pontos estratégicos fora da coroa de maior risco a capital é claramente o pior local para se estar num cenário de sismo. Os danos tendem a diminuir para quem se afasta do Tejo.

Sete concelhos concentrariam 9256 do total de 9907 vítimas apuradas por simulação Lisboa (5250), Almada (2006) e, já com menor gravidade, Seixal, Loures, Barreiro, Moita e Vila Franca de Xira. Na rede eléctrica, seriam particularmente afectadas as unidades de produção do Carregado e de Setúbal. Entrariam em colapso, devido à susceptibilidade de liquefacção dos solos, troços da rede de gás do Seixal, Almada, Barreiro e Moita. Quanto às telecomunicações, 10% a 20% das centrais seriam afectadas.

Nesse cenário, as comunicações operacionais assentariam na componente rádio, reconhecendo-se desde já "a necessidade de implementar uma rede complementar, autónoma, a operar em HF". Além disso, as actuais redes são sustentadas pela rede eléctrica e a reserva de energia só permite aguentar 4 a 6 horas, prazo no qual teria de ser restabelecido o abastecimento. Para isso, prevê-se a constituição de 10 equipas técnicas para reabilitar as infra-estruturas cruciais.

No topo da cadeia de comando prevê-se o uso de telefones satélite portáteis, assim como "equipamentos com possibilidade de encriptação de áudio para mensagens de teor confidencial".

Aponta-se igualmente a necessidade de um estudo com a Autoridade Nacional de Comunicações, já que por enquanto "não existe nenhum plano de frequências", para efeitos de radiocomunicações de emergência, entre as faixas do serviço de amador.

Inês Cardoso

(Fonte: Jornal de Noticias)




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