ARLA/CLUSTER: Definido financiamento do projecto «Galileo»
João Gonçalves Costa
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Quinta-Feira, 29 de Novembro de 2007 - 17:43:18 WET
A União Europeia chegou a acordo sobre o financiamento do sistema europeu de rádio-navegação por satélite Galileo, envolvendo uma verba de 2400 milhões de euros, concorrente do Global Positioning System, dos Estados Unidos.
O acordo para o financiamento do projecto Galileo foi resultado de um longo processo negocial entre os 27 Estados-membros e o Parlamento Europeu para a definição do orçamento comunitário para 2008.
O secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Manuel Lobo Antunes, referiu, citado pela Lusa, que «o orçamento para o Galileo vai ser recolhido no actual orçamento da União Europeia, nas chamadas perspectivas financeiras, no orçamento global que está em vigor entre 2007 e2013», portanto, «integralmente financiado dentro do quadro orçamental vigente».
As negociações foram particularmente difíceis, uma vez que obrigaram a encontrar um montante adicional de 2.700 milhões de euros, destinando a financiar 308.7 milhões de euros para o arranque do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, e os 2.400 milhões de euros necessários para o Galileo. Manuel Lobo Antunes adiantou ainda esperar que «em 2012 o Galileo esteja já a funcionar», adiantando que, apesar do atraso em relação ao sistema norte-americano, se ganha em «modernidade».
O projecto tem como objectivo lançar satélites que possam fornecer serviços similares ao GPS, que é gerido pelos, serviços militares norte-americanos. Assim que estiver operacional, o Galileu, um investimento estimado em 3,25 mil milhões de euros, torna-se no "grito de independência" europeu relativamente aos existentes sistemas de navegação por satélite norte-americano (GPS) e russo (Glonass), de uso militar.
O porquê do Galileu
Os sistemas de navegação por satélite, o GPS e o Glonass, foram originalmente desenhados para fins militares. Com a queda do Muro de Berlim e o fim da Guerra Fria, os respectivos governos permitiram que serviços de localização por satélite fossem utilizados para fins civis. No entanto, no caso do GPS, as informações fonecidas pelos satélites norte-americanos tinham deliberadamente uma margem de erro da ordem dos 100 metros.
Isto significa que os dados não forneciam com exactidão as posições correctas que permitissem total segurança em aplicações terrestres e marítimas. Entretanto, os Estados Unidos têm vindo a permitir aos receptores europeus uma leitura mais correcta do GPS. Ainda assim, a margem de erro é de 10 a 20 metros.
Mas a leitura dos dados de localização GPS pode, sempre que assim o entendam, ser novamente codificada pelos Estados Unidos (o que aconteceu no decorrer da Guerra do Golfo), negando o acesso aos europeus. O mesmo é dizer que a Europa está dependente da "boa vontade" norte-americana nesta matéria.
Com o Galileu operacional, a Europa torna-se independente do sistema americano, o que deverá acontecer em 2008. Mas para já, e para validar este sistema europeu, está a ser ultimado o EGNOS (European Geostationary Navigation Overlay Services), que permite receber os dados do GPS e corrigir a informação, ou seja, diminuir a margem de erro de 20 metros para menos de sete. O objectivo será, num futuro próximo, fornecer dados de localização pela rede de satélites Galileu com margens inferiores a um metro.
Nessa altura será possível levantar e aterrar um avião sem auxílio do piloto.
(Fonte: Semanário Sol On-Line)
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